Diz quem sabe que as uvas da Touriga Franca, este ano no Douro, se portaram mal, mas a casta Baga, fundamental na Bairrada, não lhe ficou muito atrás. E, no Alentejo, de uma forma geral as uvas terão sido tardias no amadurecer. As vindimas atrasaram-se muito, por isso. No primeiro caso será a produção do Vinho do Porto a ressentir-se em qualidade, pois utiliza a casta Touriga Franca como uma das principais nos lotes.
Era do Douro que as Garrafeiras da CRF (Carvalho, Ribeiro & Ferreira, Lda.) traziam as uvas, nos anos em que as vindimas no Ribatejo corriam pior - ao que diz a tradição... Infelizmente, essas garrafeiras de renome e qualidade verdadeira deixaram de se produzir ultimamente. Ainda tenho algumas garrafas na adega e, há dias, abri uma delas da colheita (12,5º) de 1985, por questões de precaução temporal. Em conclusão, este ano vinícola nem foi famoso, nem para recordar.
Ora, o néctar estava austero ainda, mas de taninos domados, ligeiramente frutado no sabor - lindo na cor acastanhada, suave. Honrando as linhagens nobres, nos seus 36 anos de maturidade. Acompanhou ao almoço, sedoso, dois queijos da Serra (de diferentes maturações) e outro do Fratel, macios e complexos todos eles de interior... E, mais tarde, ainda se chegou com ele às castanhas outoniças, cozidas, com um cheirinho a erva-doce, inebriante.