Poderia começar a semana a falar da Justiça à portuguesa, ou dos seus promíscuos e sinuosos caminhos, por onde alguma dela se meteu; das artes perdidas de que Manuel Mendes (1906-1969), tão bem e sugestivamente, fala no seu Os Ofícios (oleiros, rendeiras, santeiros...); da falsa erudição e de quem a alardeia, da vaidade e da superficialidade; poderia falar dum Espadeiro saboroso, minhoto e vimaranense, que tenho no frigorífico a refrescar e que, provavelmente, vai acompanhar uma alheira de Mirandela, hoje, ao almoço.
Poderia, mas talvez não o faça. Preferindo, como aqueles lagartos e sardaniscas, depois de dias e dias de chuva, ficar por entre as pedras, e assomar com preguiça e langor, para gozar esta luz amena e o azul puríssimo destes pequenos dias de Novembro, que S. Martinho, caridosamente, trouxe consigo.
E assim ficar calado e morno, ao Sol.