quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Boas Entradas



Não queria acabar 2oo9 sem citar o meu poeta português preferido: Sá de Miranda. Dele, o começo de um soneto dedicado a Diogo Bernardes:


"Neste começo de ano em tão bom dia,

tão claro, porque não faleça nada,..."


para desejar a Todos umas boas Entradas!

Memória 7 : Henri Matisse



Matisse (1869-1954), pintor francês, nasceu, faz hoje precisamente 140 anos, a 31 de dezembro.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Adagiário II : S. Silvestre



1. Quem vai a S. Silvestre, vai num ano, vem no outro e não se despe.


2. Dia de S. Silvestre, quem tem carne que lhe preste.

Bibliofilia 3 : Eugénio de Andrade



Dos três livros iniciais de Eugénio de Andrade (1923-2005), "Narciso"(1940), "Adolescente"(1942) e "Pureza"(1945), o primeiro é o mais raro e foi editado sob o seu nome verdadeiro - José Fontinhas. Foram todos, mais tarde, "renegados" pelo Autor.

O segundo livro, "Adolescente" com desenhos de Manuel Ribeiro de Pavia, que também não é muito frequente, foi adquirido por nós um exemplar num leilão da Livraria Antiquária do Calhariz (de José Manuel Rodrigues), no Outono de 1999, por Esc.22.000$00 (cca. Euros 110,00).

Do terceiro, "Pureza", também com ilustrações de Manuel Ribeiro de Pavia, o nosso exemplar tem assinatura manuscrita de Eugénio de Andrade e a data: "Coimbra/ Junho 45". Em 22 de Novembro de 2009 estava anunciado na Net, Blog "D'outro tempo", um exemplar em bom estado, por Euros 280,00.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Citações VI : D. João II



"Há um tempo de coruja e há um tempo de milhafre."


D. João II (1455-1495)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Favoritos III : Rainer Maria Rilke



Poeta do espaço invisível, onde Deus e a Morte quase sempre têm lugar cativo, Rainer Maria Rilke (4/12/1875-29/12/1926) teve uma vida errática entre a Áustria, França, Alemanha e Suiça. Foi secretário de Rodin e, a propósito do escultor francês, disse que "a vida dos grandes homens é como se fosse uma estrada abandonada, invadida pelas silvas, porque eles entregam tudo à sua arte".

Sendo um dos maiores poetas da língua alemã, segundo Stefan Zweig, a sua poesia não podia ser traduzida. Felizmente que há e houve tradutores à altura desta dificílima tarefa. Um deles foi Paulo Quintela. Aqui deixamos a sua versão do "Epitáfio" de Rilke, um dos poemas mais emblemáticos do autor, e que se encontra inscrito no seu túmulo, em Raron, na Suiça.


"Rosa, ó contradição pura, volúpia de ser

o sono de ninguém sob tantas pálpebras."


sábado, 26 de dezembro de 2009

Restos de Verão


Vou preferir a convivência
discreta das avencas
na frescura da casa
onde tu andas.
2001

Cheira a pêssego, leve,
na manhã de Julho,
à pele que descreve
o teu sabor nocturno.
2002

Memória 6 : Maurice Utrillo





Maurice Utrillo, pintor francês, filho natural de Suzanne Valadon (também ela pintora), nasceu em 26 de Dezembro de 1883. Boémio, alcoólico, internado em casas de saúde, por várias vezes, ilustra bem a figura de artista maldito da época em que viveu.

Pintor realista, quase "naïf", as suas telas de paisagens citadinas enchem-se de ruas, normalmente desertas, com uma perspectiva de solidão e mistério.


sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Bom Ano de 2010 a Todos os que...


Azevinho, ou azevim, é um arbusto de folha persistente, com pequenas bagas vermelhas, e que tem boa longevidade: pode durar cerca de cem anos. Existe no Norte de Portugal, mas também se pode encontrar nas serras de Sintra e de Monchique. Sendo muito procurado no Natal, corre o risco de extinção, sendo proibido, por lei, colhê-lo.
Como a Cimeira de Copenhague foi um "flop" disfarçado por lindas palavras e já que os Governos deste nosso Mundo se não entendem, será bom que cada um de nós, contribua, ecológica e responsavelmente, para, pelo menos, não piorar as coisas. À nossa medida e por pequenas acções.
Podemos começar pelo Azevinho...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Favoritos II: George Steiner


"Sabemos já por Pascal e Montaigne que o fim de toda a educação consiste em tornar-nos capazes de estarmos sentados num quarto em silêncio. Ora, noventa por cento dos jovens segundo as estatísticas já não são capazes de ler sem ouvir música ou espreitar de relance a televisão."

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"Mallarmé e Valéry foram preservados até hoje, mas vão ser precisos séculos para comprender Char e Celan. Se eles se defendem tão bem, é porque aqueles que vão querer entrar na morada do seu dizer serão apenas uma ínfima minoria."

George Steiner (1929- )

Salão de Recusados V: Gula/Fome





1.

A D.António, senhor de Cascais que tendo-lhe prometido seis galinhas...


Cinco galinhas e meia
Deve o senhor de Cascais;
E a meia vinha cheia
De apetite para mais.


Luis de Camões (1524?-1580)


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2.

...Em tocando as duas horas,
Sabei que esta cara minha
Tem longos, ávidos olhos,
Fitos na vossa cozinha:...


Nicolau Tolentino (1740-1811)


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3.

...Há colos, ombros, bocas, um semblante
Nas posições de certos frutos. E entre
As hortaliças, túmido, fragrante
como de alguém que tudo aquilo jante
Surge um melão, que me lembrou um ventre...


Cesário Verde (1855-1886)


domingo, 20 de dezembro de 2009

Adagiário I : Natal



1. No dia de Natal, têm os dias mais um salto de pardal.

2. Pelo Natal semeia o teu alhal; e, se o quiseres cabeçudo, semeia-o pelo Entrudo.

3. Pelo Natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro semeia outeiros e tudo.

4. Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Memória 5 : Alexandre O'Neill



No proximo dia 19 de Dezembro, Alexandre O'Neill (1924-1986) faria 85 anos. O seu espírito era demasiado jovem para vir a ter esta idade, embora, por vezes, "topeçasse de ternura"...

O'Neill pertence à linhagem dos trovadores das "Cantigas de Escarnho e Mal Dizer", era parente próximo de Tolentino e Jazente, e ascendente próximo de F. Assis Pacheco. Dele recordemos:


E tinh' razão


Anda, meu Silva, estuda-m'aleção
Vêsse-te instruz, rapaj, qu'ainstrução
É dosprito upão!
Ou querch ficar pra sempre inguenorantão?


Poin os olhos no Silva teu irmão.
Pensas talvês que não le custou, não?
Mas com'e qu'êl foi pdir aumentação
Au patrão?

E tinh'rrazão...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Boas-Festas a Todos os que...

Samuel Barber (1910-1981), compositor, e Max Ehrmann (1872-1945), filósofo e poeta, são artistas, não propriamente inovadores para a época em que viveram, mas integraram, de uma forma própria, sensível e humana, a tradição que os precedeu. Esta é também uma altura do ano de algum respeito pelas tradições, de paz "aos homens de boa vontade", de reencontro e afecto. Assim, este "post", em que o "Adagio for strings" de Barber se une ao poema "Desiderata" de Ehrmann, para desejar Boas-Festas aos próximos, e aos visitantes do "Arpose".

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Citações V



E. M. Cioran (1911-1995), "filósofo de rua" - como lhe chamaram - nasceu na Roménia, mas viveu a maior parte da sua vida em França, onde morreu. As suas obras foram escritas em francês, na sua grande parte. Ensaísta provocatório, niilista visceral, mas brilhante no seu pensamento singular, aqui deixamos dois pequenos fragmentos da sua obra:


1. "Ser compreendido é uma humilhação maior do que não ser entendido. A vala comum é preferível aos funerais nacionais."

2. "O rancor é da mesma essência que o arrependimento, uma vez que, tanto um como o outro, são imunes ao esquecimento."

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Salão de Recusados IV: Narizes Literários



1. A un hombre de gran nariz


Era um homem a um nariz colado,

era um nariz superlativo,

era um alambique meio vivo,

era um peixe espada bem barbudo;


era um relógio de sol mal encarado,

era um elefante da boca para cima,

era um nariz saído e pontiagudo,

...

Francisco de Quevedo (1580-1645)

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2. Política Literária


O poeta municipal

discute com o poeta estadual

qual deles é capaz de bater o poeta federal.


Enquanto isso o poeta federal

tira ouro do nariz.


Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

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3. O País Relativo


País onde qualquer palerma diz,

a afastar do busílis o nariz:

- Não, não é para mim este país!

Mas quem é que bàquestica sem lavar

o sovaco que lhe dá o ar?

...

Entreicheiram-se hostis, os mil narizes

que há neste país.


Alexandre O'Neill (1924-1986)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Favoritos I : Franz Liszt

Franz Liszt (1811-1886), compositor e grande intérprete, sendo exímio a executar obras de Beethoven - nas palavras de Viana da Mota, que foi seu aluno - teve vida intensa e nómada. Disso são de algum modo testemunho as composições que integram os "Anos de Peregrinação". Também esteve em Portugal, em Janeiro/Fevereiro de 1845, tendo dado 5 concertos no S. Carlos, e recebeu de D.Maria II uma cigarreira de ouro cravejada de brilhantes. Nestes concertos, o final era preenchido, habitualmente, pelo "Grande Galope Cromático", obra vibrante de sua autoria, e que exige grande virtuosismo de execução.

Agradeço a MR ter-me dado a conhecer a pianista Valentina Lisitsa.

Natal e Fraternidade



"... They're quite touchy about anything like that, especially my father. They're nice and all - I'm not saying that - but they're also touchy as hell. Besides, I'm not going to tell you my whole goddam autobiography or anything. I'll just tell you about this madman stuff that happened to me around last Christmas just before I got pretty run down and had to come out here and take it easy. I mean that's all I told D.B. about, and he's my brother and all. He is in Hollywood. That isn't too far from this crumby place,and he comes and visits me..."


"The Catcher in the Rye"

J. D. Salinger


P.S.: em especial para M.S. e J.S..

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Citações IV



O Aillaud explora-me e eu sou o carneiro que lhe dou a lã.

Aquilino Ribeiro


Post de H.N. a quem agradeço.

Bibliofilia 2: "O Hyssope"










Escrito por António Diniz da Cruz e Silva (1731-1799), o poema herói-cómico "O Hyssope" teve fortuna atribulada e só foi publicado, postumamente, em 1802. O argumento do poema reside no litígio protocolar de hierarquia religiosa, entre o Deão de Elvas e o Bispo da mesma cidade.



Da obra existem várias versões manuscritas do sec. XVIII. A primeira edição (1802) traz referência de Londres, como local de impressão mas, na verdade, foi impressa em Paris. Pouco depois de estar à venda em Portugal, foi proibida a sua venda por Pina Manique. Escaparam poucos exemplares.



A segunda edição foi impressa em 1808, pelo livreiro Rolland, durante a regência de Junot. Mas após a retirada deste de Lisboa, o livro voltou, de novo, a ser proibido. É, também por isso, pouco frequente. Seguiram-se as edições de 1817 e 1821, ambas impressas em Paris e, depois, muitas outras. Foi livro de sucesso durante todo o sec.XIX.



O nosso exemplar, adquirido no Outono de 1993, no leilão "Silva's/Pedro Azevedo" (lote 1525) por Esc. 3.351$00 (ca.16,75 euros) encontra-se completo e em bom estado de conservação.



terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Memória 4: Marguerite Yourcenar



No próximo dia 17 de Dezembro completam-se 22 anos sobre a morte de Marguerite Yourcenar, nascida na Bélgica, em 8 de Junho de 1893. Da sua bibliografia destaco "Memórias de Adriano"(1951). Deste livro transcrevo um pequeno excerto:


"E confesso que a razão fica confundida perante o prodígio do amor, da estranha obsessão que faz com que esta mesma carne, que tão pouco nos preocupa quando compõe o nosso próprio corpo, limitando-nos a lavá--la, a alimentá-la e, se possível, a impedi-la de sofrer, possa inspirar-nos uma tal paixão de carícias simplesmente porque é animada por uma individualidade diferente da nossa e porque representa certos lineamentos da beleza sobre os quais, aliás, os melhores juízes não estão de acordo. Aqui a lógica humana fica aquém, como na revelação dos Mistérios. A tradição popular não se enganou ao ver sempre no amor uma forma de iniciação, um dos pontos em que o secreto e o sagrado se encontram."

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Citações III



"Um dia de solidão, apenas, dá-me mais prazer do que todos os triunfos que tive."


Carlos V (1500-1558)

Salão de Recusados III: Água


Passo e amo e ardo.

Água? Brisa? Luz?

Não sei. E tenho pressa:

levo comigo uma criança

que nunca viu o mar.

Eugénio de Andrade


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Existes? não existes? imagino

como a alma se faz água

e o coração maravilha

quando na sombra da tarde

me atravessas pela vida.


Alberto Soares




sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Memória 3: Festas Nicolinas





Em Guimarães estão a decorrer (29/11-6/12) as chamadas Festas Nicolinas. Iniciam-se, todos os anos, a 29 de Novembro com o "Pinheiro" e terminam a 6 de Dezembro com o cortejo das "Maçãzinhas". As festas são promovidas pelos estudantes. No decurso dessa semana há também: a declamação do "Pregão", "As Posses" e a noite da "Roubalheira".


No próximo domingo, 6/12/2009, terão lugar as "Maçãzinhas", em que carros alegóricos desfilam pela cidade e estudantes, dentro deles, oferecem às jovens (nas varandas) pequenas maçãs espetadas em lanças. E, em troca, recebem prendas.


Reproduz-se a fotografia de um carro desses, que assinalava o lançamento do "Sputnik", e que integrava o cortejo de 1958. Assim como uma monografia sobre a festa dos estudantes.

Kalendarium



O Kalendarium marca o ano litúrgico e existem, de acordo com os diferentes espaços culturais, práticas de celebração diferentes.

O que se reproduz acima é um "calendário de Advento", indicando os números 1 a 24 os dias que separam, nomeadamente as crianças, do dia de Natal, i.e., da festa, das luzes, enfim, das prendas.

Esta fase pré-natalícia faz recordar as manhãs em que as crianças corriam para abrir a "portinha" seguinte que os aproximava do dia esperado, 24 de Dezembro.

Agradecemos, a amigos distantes, o envio de um "calendário de Advento", em forma de carta, lembrança singela de universos infantis.

HMJ

Pré-Natal



Thomas Stearns Eliot, americano naturalizado inglês, convertido ao catolicismo, poeta maior da literatura britânica do sec. XX gostava, com toda a certeza de gatos:


"...For some are sane and some are mad

And some are good and some are bad

And some are better, some are worse -

But all may be described in verse..."


T.S.Eliot escreveu, com humor "non-sense" e ternura q.b., o livro "Old Possum's Book of Practical Cats". É uma boa sugestão, como presente de Natal, para crianças que saibam inglês e para adultos que gostem de gatos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

René Char



Sobre criação poética disse: " Como me chegam as palavras? Como uma pena de pássaro que se cola à janela, no inverno. Logo, na lareira uma batalha de faúlhas se levanta e nunca mais tem fim."

......

"O espinheiro em flor foi o meu primeiro alfabeto."

......

"Em poesia, não há progresso, não há senão nascimentos sucessivos, o ardor do desejo, e o consentimento das palavras em constante troca com o seu passado."

Memória 2: Auguste Renoir



Auguste Renoir morreu há 90 anos. Reproduz-se o quadro "Guarda-chuvas".

Partir



Senhora, partem tão tristes

meus olhos por vós, meu bem,

que nunca tão tristes vistes

olhos nenhuns por ninguém.


Tão tristes, tão saudosos,

tão doentes da partida,

tão cansados, tão chorosos,

da morte mais desejosos

cem mil vezes que da vida.

Partem tão tristes os tristes,

tão fora d'esperar bem,

que nunca tão tristes vistes

outros nenhuns por ninguém.


João Roiz de Castel-Branco

Citações II: G.Tomasi di Lampedusa


"É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma."

Tomasi di Lampedusa

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Salão de Recusados II: Neve


"Os meus amigos de certo não sabem o que é caçar coelhos na neve?

Não admira.

Imaginem-se em qualquer aldeia, nas vizinhanças do Marão. Olhem em redor de si, e contemplem o quadro que os viajantes na Suissa lhes descrevem todos os dias, supposto que nunca sahissem da sua terra..."

Camilo C. Branco in Cenas Contemporâneas (3ª edição)


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Altas paredes brancas me contornam

E eu invento longas madrugadas

Doiro colinas calmas espaçadas

e a dor de te matar cobre-as de neve

......................


Assim te queria ao longe de um olhar

despida em neve grácil ao alcance

do braço que se estende pra afagar-te

sem que sequer tocasse a tua pele


António de Almeida Mattos

Memória 1








Marion Dönhoff (2.12.1909 - 11.3.2002), condessa, oriunda da Prússia Oriental, uma região geográfica que se confunde com a História do centro e leste da Europa, faria, amanhã, 100 anos.

Sem pretender alimentar outra noção da História do que aquela que permite aos vindouros compreender a sua condição de viajante num mundo que nos é dado para enobrecer, confrontamo-nos, como no caso presente, com uma sensação de perda de testemunhos vitais. O desaparecimento lento, mas inexorável, de figuras e vozes audíveis, moldando com força física e mental o esqueleto dos factos históricos, encaminha-nos para a memória.

O que ficará, em grande medida, fora da História do Século XX será, sem dúvida, toda a riqueza e experiência pessoais, criadas através de um espaço preenchido de imagens, sons e letras, que permanece, de forma esbatida, naqueles que, ainda, foram os últimos ouvintes de relatos de viva voz.

Serve a figura de Marion Dönhoff para invocar todos os que, de forma singela e anónima, contribuíram para o enriquecimento da História viva, base essencial da memória colectiva.
Na literatura, em que a memória se prolonga através do verbo, recordamos, a propósito, os contos de Siegfried Lenz So zärtlich war Suleyken [Tão delicada era Suleyken] ou a obra do escritor Johannes Bobrowski [a consultar através da página electrónica da Johannes-Bobrowski-Gesellschaft].


HMJ






Bibliofilia 1: "Ramalhete..."





Este Opúsculo, impresso em 1642, na "Officina de Domingos Lopes Rosa. A custa d'Autora.", é da autoria de Mariana de Luna de que se sabe ter sido filha de um lente da Universidade de Coimbra, cidade onde terá nascido, e "ser inclinada à poesia".
O opúsculo é considerado "raríssimo" por Inocêncio (vol. VI, pág. 146). No leilão Nepomuceno havia 1 exemplar; outro pertencia à biblioteca do Conde de Sabugosa. A Livraria Coelho (Lisboa), em Outubro de 1932, vendia  um (lote 164) por Esc. 300$00. No catálogo da biblioteca de F. Palha é descrito um exemplar que está hoje em Harvard. A Biblioteca de Vila Viçosa tem também este opúsculo. Em 1992, a Livraria D. Pedro V, vendeu um exemplar completo (lote 545) por Esc. 16.000$00 (ca. 80 euros) e referia, na descrição, que Mariana de Luna (...) foi segunda mulher de Diogo Soares, ministro do governo espanhol, tendo vivido em Madrid...".
Ao nosso exemplar, incompleto, falta a última página (em branco).