Publicado já postumamente, "A cidade e as serras" de Eça de Queiroz, é porventura um dos romances do Autor em que mais se fala de comida e vinhos - rústicos e refinados. Reli-o recentemente e re-gostei. Retive alguns episódios saborosos, nomeadamente, Eça falar de Camilo pela voz de uma personagem (pg. 295, da 9ª edição, da Lello, 1924), referir um provérbio ("Em Janeiro mete obreiro, mês meante que não ante.", pg. 271) que eu desconhecia, mas sobretudo a inúmera gastronomia que perpassa pelo romance. Vou referir as viandas, a benefício de inventário, começando pelo princípio, ou seja, as:
Entradas - Salada Chambord, Ortolanas geladas e Ostras de Marennes (estas 2 últimas muito apreciadas por François Mitterrand).
Sopas - Canja de Galinha, consomé frio com trufas e Caldo de Galinha, com fígados e moelas.
Pratos principais - Peixe assado da Dalmácia (que dá origem ao rocambolesco episódio do ascensor avariado, no nº 202 dos Campos Elísios), o célebre Arroz de Favas, aquando da chegada nocturna a Tormes de Jacintho e Zé Fernandes; e ainda o Frango com Túbaras, Filetes de Veado macerados em Xerez, Cabrito Assado em espeto de cerejeira, Lagosta, Pato com pimentões, Cordeiro Barão de Pauillac, bem como os lusos Bifes de cebolada e os Ovos com chouriço.
Sobremesas - Morangos gelados em Champanhe e "avivados com um fio de éter" (pg. 128), Arroz doce, Laranjas geladas em éter, queijos: manchego, Camembert e Rabaçal.
Vinhos - Madeira, um Porto (particular) de 1834, Chablis, Bordéus, Borgonha, Barsac, Château-Yquem (ainda hoje célebre, muito apreciado e caro), Médoc, Château Lagrange, Champanhe St. Marceau; dos espanhóis: Amontillado e Rioja. E, para rematar, Aguardente Chinchon.
Devo dizer que não fui absolutamente exaustivo...
para MR, cordialmente.
O éter na comida parece-me dispensável. :)
ResponderEliminarObrigada!
Devia ser uma moda da época, mas também achei esquesito..:-)
ResponderEliminar