Não sendo uma Pintora que me atraia, especialmente, praticou uma pintura que espelha uma alegria recatada e de luz e, nisso, estou com ela perante a Vida. Maluda (1934-1999) morreu cedo (e mal) e penso que não o teria merecido. Vergílio Ferreira fala dela, discretamente e com ternura, em "Escrever", sem lhe referir o nome - isso basta, como prova de respeito e estima. Diz ele, assim, na página 111:
" 170 . Está sentada numa cadeira de rodas. Tem as pernas cortadas pelos joelhos. E entretanto a morte vai-a trabalhando no que lhe resta ainda vivo. Havia uma operação a retalhar essa morte, mas os médicos hesitam no receio de lhe ajudar o trabalho. E enquanto o fim não vem, ela pinta. E ri com os amigos. E inventa festins para celebrar com eles a alegria que perdura. Breve talvez tudo acabará. Mas como o apóstolo, ela poderá perguntar ó morte, onde está a sua vitória? E a morte levá-la-á, enfim, mas acabrunhada de vergonha e de silêncio."
Que horror! Já não me lembrava...
ResponderEliminarPara este tipo de coisas, felizmente, a memória costuma ser caridosa para connosco, Miss Tolstoi.
ResponderEliminarNão conhecia. E era uma pena não conhecer este texto.
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