terça-feira, 8 de abril de 2025

Uso pessoal 23

 


As grossas correntes, presas aos coletes, foram substituídas por ligações mais leves e chaves mais pequenas, consentâneas, como estas 3 da imagem acima.
Agrupam-se habitualmente por pares: chaves da rua e chaves de casa, mas podem ser mais variados os porta chaves pessoais, podendo conter ainda outros acessórios úteis anexos.
Diversos são os patrocínios para fazer propaganda a: marcas de automóveis, cafés, festas de província...

domingo, 6 de abril de 2025

Mercearias Finas 208

 

É um daqueles vinhos que, ciclicamente, naqueles truques foleiros e parôlos, algumas grandes superfícies reduzem, em promoção (sublinhando o facto...), para menos de metade do preço a garrafa*. (Só quem é distraído, não repara nesta estranjeirinha moderna comercial.) É por essas alturas que eu costumo comprar o Vinha da Coutada Velha, do Monte da Ravasqueira, de Arroiolos. Porque é lotado por três, das quatro grandes castas brancas autóctones portuguesas: Alvarinho, Arinto e Antão Vaz. E é bom.
A colheita de 2023, vinho branco (13º), combinou lindamente, com um caril de chôcos, que HMJ fez de forma original, na perfeição e de sabor, deliciosos.


* Que isto, e como diz o ditado: "Quando a esmola é grande, o pobre desconfia."

sábado, 5 de abril de 2025

Humor negro (23)

 

Realmente, à quadrilha já só falta esta especialização de actividade profissional...

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Talvez valha a pena...



...comprar este JL, saído ontem, para ler melhor Herberto Helder (1930-2015), falecido há dez anos atrás.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Suplementos literários

 
Lembro-me bem que, nos anos 50/70 do século passado, cada jornal que se prezasse tinha um suplemento literário semanal. À quinta-feira o "Diário de Notícias", o "Popular" e o "Lisboa", à quarta "A Capital" e por aí fora... A página literária do Diário de Notícias, orientada por Natércia Freire, era uma instituição, e contribuía, através das recensões isentas de João Gaspar Simões, para criar um critério de qualidade na leitura do país. A norte, n'O Comércio do Porto, Óscar Lopes desempenhou o mesmo papel crítico e pedagógico. Actividades que permitiam a grande parte do que se editava que tivesse um mínimo de qualidade literária. Também o jornal Público, que foi lançado em 1990, publicava, ao sábado, um bom suplemento cultural (Mil Folhas), que veio vindo a definhar tal como a qualidade geral do diário. Hoje em dia, à sexta-feira, o jornal insere apenas uma ou duas recensões a obras incaracterísticas no suplemento ípsilon.



Entretanto, a ocupar este vazio, começaram a aparecer uns blogues foleiros e manhosos, orientados por umas mulherzinhas cerzideiras e mercenárias que passam o tempo entre livros e tachos e que, pagas muito provavelmente por editoras pouco preocupadas com a qualidade dos produtos que editam, lhes fornecem títulos a metro e as fazem publicitar a mediocridade dos seus livros e obras para vender aos incautos leitores.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Citações DX

 

A verdade, tal como a luz, cega. A mentira, pelo contrário, é um belo crepúsculo que põe cada um dos objectos em destaque.

Albert Camus (1913-1960), in La Chute.

Megalomanias ianques


Não bastava o Canal do Panamá e a Gronelândia, agora a cobiça paranóica dos americanos estendeu-se até ao aeroporto das Lajes e, por acréscimo à ilha da Terceira (Açores), de que os trumpes consideram necessário tomar posse, por uma questão de "espaço vital"...
Só nos faltava mais esta! 

Adagiário XXXLXXVIII



 Ovelha cornuda e vaca barriguda não a troques por nenhuma.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Dias da semana

 
O provérbio está aí para lembrá-lo: "Não há sábado sem sol..."
Mas eu creio que, de todos, a segunda-feira, ao menos durante a vida activa, é o dia mais mal amado, e percebe-se a razão. A sexta-feira será talvez ambígua, pelo seu lado aziago, mas também pela aproximação agradável ao contíguo fim-de-semana seguinte.
Mas volto ao primeiro dia útil da semana que, presentemente e por circunstâncias ocasionais mas concretas, me obriga a levantar-me sempre mais cedo do que nos outros, para proceder a determinadas acções obrigatórias. Reforçando assim o carácter desagradável desse amanhecer marcante e inóspito, para mim.

sábado, 29 de março de 2025

Menos uma hora de sono...

 

...esta madrugada, por mudança de hora: os relógios devem ser adiantados da 1 para as 2 horas da manhã.

quinta-feira, 27 de março de 2025

Citações DIX

 

Todos aqueles que me roubaram são, pelo menos, comendadores da Legião de honra. Antigamente, suspendiam os ladrões numa cruz. Hoje, penduram cruzes no peito de ladrões.

Louis-Ferdinand Céline (1894-1961), in Cahiers Céline, nº 2.

quarta-feira, 26 de março de 2025

Uma louvável iniciativa 66

 

Se a pequena tiragem original de 200 exemplares de O Livro de Cesário Verde, editado pelo seu amigo Silva Pinto, em 1887, justifica a rareza e preço da obra em leilões e nos alfarrarrabistas, alguns autores e obras, no século passado, ganharam o favor bibliófilo insólito de raridades, e ainda hoje são caros, sem razão aparente. Estão neste caso, alguns dos livros de Herberto Helder e de Luiz Pacheco.
O jornal Público deu a notícia agradável, ontem: um coleccionador entusiasta, embora discreto e anónimo, promoveu com o patrocínio da Livraria Buchholz, uma exposição que abrange toda a obra editada de Herberto Helder (1930-2015)., totalizando 60 títulos. A mostra pode ser visitada até 21 de Maio de 2025.

terça-feira, 25 de março de 2025

Últimas aquisições (59)

 

Saída recentemente, esta edição dos poemas completos da inglesa Wendy Cope (1945) não é bem uma aquisisição, antes uma estimada oferta que muito apreciei e irei ler, com atenção.

( E aqui fica um poema que traduzi:

Leaving

for Dick and Afkham  


Já no próximo verão? No verão seguinte?
Teremos sorte se houver mais alguns anos
De sol, bebida e gargalhadas,
Aeroportos e adeuses, lágrimas.

[pg. 171] )

Johann Peter Salomon (1745-1815)

segunda-feira, 24 de março de 2025

Regionalismos madeirenses (3)

 

Com palavras começadas pela letra B aqui se acolhem mais 5 regionalismos seleccionados da obra já referida, anteriormente, desta temática. Seguem-se:

1. Babado - que não toma iniciativas; que tem atitudes típicas de quem é pouco inteligente ou estúpido.
2. Bábeda - pequena elevação na pele, de aspecto avermelhado e consistência dura, acompanhada, às vezes, por prurido.
3. Banano - pessoa ou coisa notoriamente grande.
4. Bicuda - estado de embriaguez, por ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
5. Buginha - cão pequeno, cachorro.

domingo, 23 de março de 2025

Falar por falar

As mosquinhas da fruta já chegaram à cozinha, com o solstício* de Primavera, mas nunca consegui descobri donde vem. Sobrevoam agora o Liminiano, na sua palidez sepulcral do pequeno-almoço, e a quem o produtor parece ter apartado manteiga, queijo, requeijão e até almece, deixando-lhe aquela lividez permanente com apenas 50% de gordura e sem cor notória. Com o mata-moscas consegui despachar um dos impertinentes insectos, sem remorsos por roubar o cibo aos passarinhos, que, respeitosamente, nunca entram na cozinha.

* Deveria ter escrito: equinócio. Agradeço a quem me corrigiu.

sexta-feira, 21 de março de 2025

Dia Mundial da Poesia



Oportuna lembrança esta que a casa Vicente Leilões promoveu, hoje, para o Dia da Poesia, levando a leilão mais de uma centena de livros de poemas, alguns de grande raridade. Resolvi escolher quatro deles, bem como a sua estimativa de preço, para destacar, neste poste.
Acima, este primeiro livro de Raul Leal (lote 99) que tinha uma base inicial de 120 euros.



A segunda, é a única primeira emissão que eu não tenho e que foi editada em Paris, em 1892, numa tiragem de apenas 250 exemplares, por António Nobre. Mas possuo a edição facsimilada que José Augusto Seabra (1937-2004) mandou fazer pelo centenário da obra, em 1982. A edição original tem uma estimativa de 1.000 euros (lote 112), neste leilão.


Há muito na minha posse, está a edição primeira  de Clepsydra (1920), de Camilo Pessanha. Que, neste leilão (lote 123), tem uma estimativa de 500 euros. Em Outubro de 1994, um exemplar semelhante, muito bem encadernado, custou-me Esc. 20.000$00,  num alfarrabista da rua do Alecrim.



Finalmente o lote 139, de António Diniz da Cruz e Silva, O Hyssope (1802), com local de impressão em Londres mas, na realidade, impresso em Paris, na sua edição original, tem uma estimativa de venda de 50 euros iniciais.






quinta-feira, 20 de março de 2025

Idiotismos 52

 

É minha convicção que o léxico vernáculo português cada vez será mais reduzido, em benefício do inglês ou do vocabulário espúrio norte-americano. Creio que isto terá começado de forma mais acentuada, pelos anos 60 do século passado, no Algarve, sobretudo a nivel comercial, alastrando depois para outras áreas.
A proximidade temporal da Páscoa, levou-me, entretanto, a consultar um pequeno opúsculo, de Américo Cortez Pinto (1886-1979), que aborda, de forma competente palavras relacionadas com esta época religiosa: 
1. Pascácio* que, inicialmente, significava "o que nasceu na Páscoa"; ou cara de Páscoa.
2. Pasconso*, composto de Páscoa e Sonso.
3. Sonso, finalmente, talvez proveniente do espanhol "zonzo", mas também com o significado de sem sal. Do latim insulsu. Ou ainda: artificial, disfarçado e mentiroso.
Aqui ficam, assim, alguns esclarecimentos complementares sobre estes vocábulos relacionados com a Páscoa.

* estas duas palavras, na minha juventude, eram também aplicadas a pessoas limitadas ou palermas.



quarta-feira, 19 de março de 2025

Jane Kenyon (EUA, 1947-1995) : um poema traduzido

 


A  PÊRA

Há um momento na meia-idade
em que ficamos aborrecidos, irritados
com a mediania do nosso espírito,
assustados.

Nesse dia, o sol
arde intensamente,
acentuando a nossa desolação.

Acontece de forma subtil, como uma pêra
que se estraga de dentro para fora,
e é possível que só nos apercebamos
quando já não há nada a fazer.


Jane Kenyon, in Uma só carne com a noite (Vasco Gato, trad.)


Uma fotografia, de vez em quando... (194)

 

Querendo vir a ser escritor, inicialmente, o norte-americano Walker Evans (1903-1975) acabou por se dedicar ao fotojornalismo, vindo, mais tarde a integrar um departamento estadual no consulado de Franklin D. Roosevelt.



As grandes proporções que tomou a Depressão de 1929 motivaram que uma boa parte dos profissionais se ocupassem a testemunhar as repercussões do flagelo. No caso de Walker Evans, focando a sua actividade, sobretudo, no território de Alabama e das suas populações, com grande pormenor.




segunda-feira, 17 de março de 2025

Pinacoteca Pessoal 211

 

Apelidada pelos seus próximos como Reds, pelos seus cabelos ruivos, Helen Torr (1886-1967) foi uma pintora modernista norte-americana, bem como uma desenhadora com obra original, amiga de Georgia O'Keeffe (1887-1986) que, provavelmente, influenciou também a sua carreira.



A ausência de figuras humanas nos seus trabalhos caracteriza o lado abstrato como predominante e singular. Em vida, fez apenas duas exposições, pelo que a maior parte da sua obra se manteve inédita até à sua morte.



domingo, 16 de março de 2025

Pelo bicentenário camiliano

 




Não quis deixar passar a data do bicentenário do nascimento de Camilo Castelo Branco (1825-1890), sem registar a efeméride através da reprodução de duas das capas maneirinhas da edição* que mais aprecio, que é a da Travessa da Queimada, 35, Lisboa (ainda do séc. XIX).
E por aqui venho relembrar o originalíssimo e insólito início de Scenas Contemporâneas (1855), assim:
"Os meus amigos de certo não sabem o que é caçar coelhos na neve?
Não admira.
Imaginem-se em qualquer aldeia, nas vizinhanças do Marão. Olhem em redor de si, e contemplem o quadro que os viajantes na Suissa lhes descrevem todos os dias, supposto que nunca sahissem da sua terra.
A primeira impressão que recebem é a do assombro. Leguas em roda, nem na terra nem no céo, se descobre uma crista de rochedo, a frança de uma arvore, a dobra de uma nuvem, que não seja brança, alvissima, desde um horisonte a outro horisonte." (...)


* Esta edição, promovida pelo editor Pedro Corrêa (s. d. - 1889-1893?) é constituída por 37 títulos camilianos em 43 volumes.

Sobre Dumas, pai, e a negritude



Filho de um jovem general de Napoleão Bonaparte e de uma escrava negra, ao escritor Alexandre Dumas (1802-1870), pai, nunca o preocupou demasiado o tom de pele escuro.Veio referido numa ípsilon (jornal Público, de 30/11/2002) que o escritor, questionado, uma vez, sobre a sua cor, por um jovem jocoso e brincalhão, irónico, ter-lhe-á respondido: "O meu pai era mulato, o meu avô um negro e o meu bisavô era um macaco. Como vêem a minha família começa onde a vossa acaba."

sexta-feira, 14 de março de 2025

Bibliofilia 221

 

Com algumas pouco consentâneas inscrições a tinta, nomeadamente a marca de posse de Manuel Bernardes Branco (1832-1900), esta segunda edição (1786) de Affonso Africano, de Vasco Mousinho de Quebedo (1560?-1620?), não deixa de ser rara. O seu anterior proprietário, professor de línguas e de liceu no Porto, foi autor da importante obra Portugal e os Estrangeiros (1879/1895), em 5 volumes.
A edição original daquele poema heróico foi editada em 1611 e é muito rara, embora esta epopeia em doze cantos, hoje em dia, não concite, provavelmente, grande interesse senão dos estudiosos e investigadores de literatura portuguesa.



Este meu exemplar tem o miolo interior em muito boas condições e custou-me Esc. 4.500$00, nos anos 80 do século passado. Em Março de 1999, a leiloeira Silva's tinha à venda um exemplar semelhante (lote 679) com uma estimativa de venda entre 12 e 18.000$00.
A terceira edição deste poema heróico, rolandiana, veio a sair em 1844. Creio que a obra não mais foi reeditada.

quinta-feira, 13 de março de 2025

Virginia Woolf

 


Coincidindo  com a recente saída, em tiragem especial, do volume da Pléiade de Mrs. Dalloway et autres écrits, o Lire Magazine dedica no seu último  número (538), de Março de 2025, o dossiê principal à escritora inglesa Virginia Woolf (1882-1941).

quarta-feira, 12 de março de 2025

Curiosidades 110

 

Cruzei-me, inesperadamente, com a palavra muleta, não no sentido usual do termo, mas como embarcação antiga e regional do Tejo, que tinha esse nome. Datando muito provavelmente dos séculos XVI-XVII era uma embarcação muito curiosa de pesca de arrasto à vela. Destinava-se à captura, principalmente, de azevias, linguados e solhas, no Tejo e no Sado.



Sob o patrocínio da C. do Barreiro, foi construída uma muleta nos moldes tradicionais, nomeada Álvaro Velho, e que proporciona passeios fluviais, desde o ano de 2022, entre 13/7 e 28/9.