Confesso que, em poesia, só há três autores (afora os amigos) vivos de que compro, sem hesitar, qualquer livro que saia: Gastão Cruz, Fernandes Jorge e António Osório. Dos outros, mais novos, abro o livro, na livraria, leio 2 ou 3 poemas, e faço o meu juízo: compro ou não. Destaco dos mais recentes, apenas um nome: Tolentino Mendonça. De que aprecio alguns títulos, mas não todos.
Mas, ontem, ou porque estivesse mais benevolente e heterodoxo, à noite, na FNAC, comprei 4 livros. E quero destacar um nome e um título de cuja autora nunca tinha lido nada: Renata Correia Botelho (pelo apelido, bem pode ser açoreana) e o seu livro "Um Circo no Nevoeiro" (Ed. Averno, 2009). É uma poesia despojada de artifícios, mas intensa, na sua concisão e brevidade. Deixo um poema ( mas há vários, no livro, merecedores do meu destaque), para que se fique com uma ideia da qualidade da poesia de Renata Correia Botelho.
"falhamos tudo: entregámos
os livros ao sepulcro
das estantes, ao amor
demos o colo de horas
certas, deixamos de abrir
janelas para cheirar a noite.
já nada nos lembra
que o poema só se forma
no fio da navalha."
Gostei! Obrigado.
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ResponderEliminarTambém gostei. E embora nunca tenha escrito um verso na vida (graças aos deuses, senão ainda poderia vir a fazer parte dessa praga de que falava Antero), sempre me pareceu «que o poema se forma / no fio da navalha.»
ResponderEliminarHei-de procurar este livro.
Fico contente, meus Amigos, que também tenham gostado.
ResponderEliminar«Googlei» o nome e encontrei esta menção:
ResponderEliminarRENATA CORREIA BOTELHO- Nasceu em 1977, na ilha de São Miguel, Açores, onde reside actualmente. Publicou, em 2001, fora de mercado, «Avulsos, por causa» (edição de autor).
Obrigado, APS. Vou procurar também.
Obrigado,c.a.,pelas achegas; e, pelos vistos,acertei-lhe na "nacionalidade"...:-)
ResponderEliminarTambém já vi um vídeo com ela: falar cerrado açoriano, despreocupada no vestir e pentear, simples no dizer. Gostei da "miúda" tanto como gostei da poesia que faz.
E eu também gostei e vou procurar. Ainda lhe esgotamos a edição.
ResponderEliminarE a Renata bem merece!...
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