segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Bibliofilia 27 : Sá de Miranda



"As Obras do Doctor Francisco de Saa de Miranda...", de 1614, editadas por Vicente Alvarez, em Lisboa, constituem a segunda impressão da obra do Poeta do Neiva, mas diferem, grandemente, da primeira, de 1595, coligida por Manuel de Lyra. É nesta 2ª impressão que aparece, pela primeira vez, a "Vida do Doutor Francisco de Sá de Miranda". E apresenta, em muitos dos poemas, variantes substantivas em relação à edição de 1595. A edição de 1614, em apreço, é considerada muito rara.
O meu exemplar foi comprado, em Abril de 1993, no leilão "Silva's/Pedro de Azevedo" (lote 437), por Esc. 61.380$00 (cca. 307,00 euros). O livro está fortemente afectado pela traça nas primeiras e últimas folhas, embora muito bem restaurado. É um exemplar de trabalho, com algumas anotações manuscritas, nas margens. E tem uma encadernação a imitar pergaminho, com ferros a ouro.
Anteriormente, em 1988, um exemplar em melhor estado fora vendido, também pelos "Silva's" por Esc. 320.000$00. E, no mesmo leilão em que comprei o meu exemplar (1993), um outro, em muito bom estado, atingiu o preço de Esc. 330.000$00 (euros 1.650,00). Nos últimos 15 anos, não me dei conta de mais nenhum exemplar da edição de 1614, que fosse posto à venda.

6 comentários:

  1. Julgo que esse seu exemplar pertenceu a J. V. de Pina Martins. Muitos dos exemplares desse leilão era da sua Biblioteca.
    Julgo que teve sorte em comprar o primeiro que foi a leilão; as pessoas pensavam que o segundo exemplar ficaria mais barato... mas enganaram-se.

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  2. Às vezes interrogo-me se as bibliotecas públicas também possuirão um exemplar (pelo menos um) de todos estes livros cujo conteúdo é património nacional. É que se um livro destes desaparece de circulação ( e podem ser tantas as razões para isso acontecer ) corremos o risco de perder, para sempre, o registo fiel de uma obra com a relevância desta. [E ao registar esta observação não estou, sequer, a pensar neste livro em concreto, nem sequer nos livros que integram a sua biblioteca, porque estou convicto que não podiam estar em melhores mãos. Falo em termos gerais]

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  3. Grato, JAD, pela informação, que desconhecia. E que aumenta o valor estimativo que já tinha a este livro.Na altura,também achei que o preço que pagara não tinha sido excessivo, tendo em conta a obra, em si.

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  4. Há ainda, c. a.,muitas obras (únicas)em mãos de particulares. De umas sabe-se, de outras, não. Há também legislação (arrolamento...), mas que nem sempre é cumprida - como quase tudo, em Portugal ( as leis são sempre para os "outros"... O mais dramático é que os gostos, raramente, se transmitem geneticamente. Já vi muita coisa (não só livros)vendida ao desbarato e mal, por ignorância.

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  5. Provavelmente não será novidade para si, mas foi para mim. Hoje, por puro acaso, encontrei um exemplar da primeira impressão que acima refere, de Manuel da Lyra, integralmente digitalizado, aqui:

    http://bdigital.sib.uc.pt/bduc/Biblioteca_Digital_UCFL/digicult/UCFL-CF-B-2-1/UCFL-CF-B-2-1_item2/UCFL-CF-B-2-1_PDF/UCFL-CF-B-2-1_PDF_24-C-R0120/UCFL-CF-B-2-1_0000_Obra%20Completa_t24-C-R0120.pdf

    É um dos exemplares da Biblioteca Digital da Facultade de Letras da Universidade de Coimbra, que se encontra on-line. O link para aceder à Biblioteca é este:

    http://almamater.uc.pt/index.asp?f=FLUCD

    Fantástico, não é?

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  6. Obrigado,c.a.. Felizmente, estão a fazer-se, muitas coisas, neste particular.
    Impossibilitado ($$$!) de poder adquirir a edição de 1595, adquiri a fac-similada,editada pela Universidade do Minho (1995?), sob a supervisão, e com prefácio de Aguiar e Silva. A única coisa desagradável é ele, no prefácio, fazer um ajuste de contas com Jorge de Sena - já falecido - e em nome do seu "antigo patrão": Costa Pimpão, catedrático em Coimbra. Não podia com o Sena que começou também a apascentar o Camões. Pimpão até tentou prejudicar Sena, no Brasil, quando o Poeta para lá foi...Isto sempre foi um pequeno ninho de lacraus...

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