Cláudio Manuel da Costa nasceu no Brasil, a 5 de Junho de 1729, e veio a morrer, em circunstâncias não totalmente esclarecidas ( suicídio?, assassinato?), na prisão, em 4 de Julho de 1789, também no Brasil. Estudou em Coimbra onde se formou em Direito e criou com Alvarenga Peixoto, Tomás António Gonzaga, entre outros, a chamada Arcádia Ultramarina. Como árcade adoptou o nome de Glauceste Satúrnio. O seu livro de poesias publicado em Coimbra, em 1768, é objecto de uma rara curiosidade: tem uma das maiores e indesculpáveis gralhas no título da portada. Em vez de Obras Poéticas, tem impresso "Orbas (sic) Poéticas". Teve uma vida profissional de sucesso, como advogado, e era muito considerado como poeta. Até que foi acusado de ser um dos cabecilhas da "Inconfidência Mineira" cujo chefe seria "Tiradentes", e encarcerado veio a morrer. A sua obra é vasta, e os seus poemas são melódicos e fluentes. Foi sempre, no entanto, mais estudado no Brasil do que objecto de atenção por ensaístas portugueses - Vitorino Nemésio foi uma das excepções portuguesas. Transcreve-se um soneto do Poeta:
Não de tigres as testas descarnadas
Não de hircanos leões a pele dura,
Por sacrifício à sua formosura,
Aqui te deixo, ó Lise, penduradas:
Ânsias ardentes, lágrimas cansadas,
Com que meu rosto enfim se desfigura,
São, bela ninfa, a vítima mais pura,
Que as tuas asas guardarão sagradas.
Outro as flores, e frutos, que te envia,
Corte nos montes, corte nas florestas;
Que eu rendo as mágoas, que por ti sentia:
Mas entre flores, frutas, peles, testas,
Para adornar o altar da tirania,
Que outra vítima queres mais, do que estas?
Pela biografia arrisco um palpite: era melhor advogado que poeta... É mais um que eu desconhecia (e não devia...)
ResponderEliminarTudo leva a crer que sim,c.a....
ResponderEliminarTambém desconheço.
ResponderEliminarEsgaravatando um pouco,MR,há alguns poemas que merecem ser lidos. Ver a selecção de Nemésio:"Obras de Cláudio Manuel da Costa"- Liv.Bertrand (s/d.- como de costume,aliás).
ResponderEliminarUma pequena amostra:
"Aquela cinta azul, que o céu estende
À nossa mão esquerda, aquele grito,
Com que está toda a noite o corvo aflito
Dizendo um não sei quê,que não se entende;
...."