quarta-feira, 22 de abril de 2020

Miscelânea matinal outrabandista


1. À vontade, pela raridade dos carros agora, o gato preto vadio que costuma albergar-se por baixo das viaturas, quando chove, ou no tejadilho dos automóveis, para se aquecer quando o dia é frio mas soalheiro, prantou-se, hoje de manhã, mesmo no meio da estrada, diletante e  despreocupado, ocupando o terreno...

2. Taralhouca, talvez também pela forçada reclusão, a senhora de "paupérrimas feições" e já de idade, demorou que tempos para atinar com as moedas para pagar o jornal e as raspadinhas, no postigo de acrílico do quiosque a que o Ricardo atende, sem máscara nem luvas.

2. Desolado pela qualidade já perdida, o meu amigo C. S. abriu um dos seus últimos Barca Velha, de 1991 - imprestável, disse-me por telefone. Mais sorte tive eu, que experimentei, da zona do Cartaxo, um modestíssmo branco Rendeiro, a acompanhar o caseiro e saboroso Bacalhau à Gomes de Sá, e cujo rótulo, perigosamente, nem a data de colheita tinha. Bem agradável estava o vinho! Teria Tália? Vital? Fernão Pires tinha no lote, com certeza.

4. Diz-me um Fabiano, em apreciação aparentemente efusiva (o farsante!), que gostou imenso de uma pequena (4 m. e 17 s.) obrinha musical, aqui no Blogue. Só que o dito esteve apenas 56 segundos a ouvi-la... Que concluir?
Que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. Ainda que o mentiroso seja um chico-esperto oportunista e burgesso.

5. Entretenimento pueril, vou 4 ou 5 vezes, por dia, à varanda a sul, para contar a bicha que serpenteia à porta do pequeno supermercado outrabandista. A fila nunca ultrapassou as 12 pessoas, pelo menos, até hoje, que eu visse. Mas cada vez há mais mascarados. Até parece que estamos já muito próximos, outra vez, do Carnaval.




6 comentários:

  1. Abrir um vinho de que se espera o melhor e ter o pior deve ser bem desagradável. Deixa de nos consolar em tempos que qualquer consolo nos aquece a alma. Por aqui são os passaritos que tomam conta de muitos dos sons desta zona "semi-sintrense"e é um prazer ouvi-los. Imagino as suas conversas, muito espantados com a ausência humana, com o ar que respiram mais limpo (quem sabe já adaptados à poluição e ainda estranham mais). Muita máscara vejo da janela. Se a tal for obrigada, a partir de Maio vai ser difícil ver... os óculos embaciam... não me contagio mas estampo-me no meio do chão :-)
    Boa tarde (perdoe o abuso do tamanho do comentário)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Embora HMJ já tenha feito 2 máscaras, ainda nenhum de nós as usou..:-)
      Quer C. S., quer eu, bem como um querido amigo que faleceu, costumávamos guardar vinho, sabendo embora o risco. Mas compensava, pelas boas surpresas que, às vezes, tinhamos; e quando a experiência corria mal, ganhávamos, quase sempre um bom vinagre caseiro.
      Por aqui, também os passaritos andam mais afoitos!
      Gosto sempre de a ler. E ri-me das suas observações sobre as máscaras.
      Um resto de tarde agradável.

      Eliminar
  2. Gosto quase sempre das suas crónicas. Hoje comprei uma coisa horrível
    a que chamam máscara. Horrível de suportar, pois respiro com dificuldade.
    Também vou muitas vezes à varanda mas só vejo pombos a voar, nem um gato.
    Só os cães e respectivos donos a conspurcarem os passeios. A única compensação
    são as magníficas e enormes árvores, ainda mais velhas do que eu, que dançam com uma enorme beleza. Valha-me isto! Desejo-lhe uma boa tarde, e noite.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os nossos "filmes" do real, na verdade, restringiram-se muito, mas há pombas, uma família de rolas, pardais e também alguns cães a passear os donos. Dois gatos vadios, um dos quais o preto de que falei. Também tenho várias árvores lá fora, que vão bailando, havendo vento.
      Para já só me muno de luvas de plástico, quando vou comprar o jornal, de manhã.
      Agradeço as suas palavras, que muito estimo.
      Um fim de dia agradável, dentro do possível.

      Eliminar
  3. E o Barca Velha de 91 estaria guardado em condições ?
    É que eu tenho um de 85...
    As luvas são dispensáveis ( até lhe podem transmitir uma falsa segurança ! ).
    Basta ter cuidado e qd chegar a casa, lave muito bem as mãos e use o gel desinfectante.
    Eu coloco o jornal no micro-ondas com um copo de água ao lado durante 20' e depois só pego nele após ter estado a aejar mais 15'.
    Boa noite e um abraço.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. O local é bom, arejado e sem luz directa. Esse meu amigo raramente teve desaires destes e, lá em casa, já bebi vinhos bem mais antigos e tivemos boas surpresas com alguns que não tinham os pergaminhos do Barca Velha. Mas é um facto que cada garrafa é uma diferente garrafa. Também tenho 2, dos anos 80.
      Quanto às precauções contra a pandemia, embora eu não seja, talvez, tão cuidadoso, não me exponho demasiado e respeito algumas regras mínimas, escrupulosamente.
      Cordialmente, um bom dia.

      Eliminar