Por vezes acontece que as circunstâncias extremas revelam
grandes estadistas quando os representantes dos poderes públicos demonstrem
capacidade e lucidez no exercício das suas funções.
Se, no actual quadro excepcional, tivemos sorte no que se
refere ao Governo do país, o mesmo parece não suceder na sua capital. O acima
mencionado “Plano de transformação do espaço público”, publicitando novos trilhos
para a mobilidade e espaços para os ciclistas, embora de utilidade, a iniciativa carece de
uma enorme ausência de visão para uma cidade – CAPITAL - pós-pandemia.
Bastava enumerar alguns aspectos vitais – humanos e culturais
– que permitissem um reencontro dos munícipes para com a sua cidade, princípio
essencial em detrimento de uma nova invasão de turismo sem regras, a saber:
1 – Por que motivo a CML não utiliza a experiência do
confinamento no sentido de privilegiar o encaminhamento de pessoas sem-abrigo
para uma solução definitiva, impedindo o prolongamento de uma situação completamente
inaceitável numa sociedade democrática ?;
2 – Por que motivo a CML, com os seus agentes de
fiscalização e – quiçá a ASAE – não regista e/ou controla, com rigor, TODOS os
ALOJAMENTO LOCAIS - Ilegais -
utilizando registos europeus acessíveis online, para proteger os residentes,
uma vez que a lenta reocupação dos espaços já se iniciou, SEM QUALQUER REGISTO
DE MOVIMENTOS, NEM CONTROLO SANITÁRIO ?;
3 – Por que motivo a CML não toma como exemplo a situação
actual, permitindo a livre circulação PELAS RUAS, dos munícipes, cidadãos e/ou
forasteiros, SEM O QUADRO DE HORRORES DE RUÍDO, de pretensos músicos e outros
oportunistas sem ética, nem estética, a ocupar indevidamento o espaço público.
Aconselha-se, portanto, que o Senhor Presidente da CML, para o
BEM DOS SEUS MUNÍCIPES, alargue os
seus horizontes e inclua, na sua estratégia de pensar a cidade – desconfinada
– uma perspectiva mais ampla. Ruas, limpas de lixo de várias lojas, permitindo uma circulação sem impedimentos de actividades ilegais, incómodos frequentes,
ausência de fiscalização de prevaricadores, animais doentes e ruidosos. Enfim, uma cidade não recomandável.
Voltar a uma enchente de turismo chunga pode ser uma
tentação fácil, provocando, certamente, uma degradação cultural, ética e esteticamente
muito mais profunda do que aquela que vivemos até agora.
Esperemos que a história – das invasões de forasteiros indiferenciados,
carentes de elementares regras de educação e qualidade humana e social – não se
repita com a anuência pusilânime de Sua Excelência, o Presidente da Câmara de
Lisboa.
Pelo menos, espera-se que a sorte nos conceda mais umas semanas de uma capital,
respirável, agradável, funcional e à medida dos que pretendem viver nela sem
aborrecimentos, limitações e incómodos diários perfeitamente dispensáveis.
Por uma CAPITAL ao serviço dos cidadãos, e não apenas nas
ciclovias ! Pede-se, portanto, um “Plano de transformação do espaço público”
mais ambicioso.
Post de HMJ
Em muitos pontos concordo consigo.
ResponderEliminarQuanto aos ciclistas comportam-se como os automobilistas há uns anos. É tudo deles. A CML devia legislar sobre o uso das ciclovias e multar os ciclistas. Tb devia haver semáforos nas ciclovias.
Quanto aos turistas, o mal foi não terem aumentado um pouco as rendas do centro da cidade enquanto não havia turismo, de modo a que as pessoas pudessem continuar a viver nas suas casas e os donos dos prédios pudessem ter feito obras. Para que os prédios não tivessem chegado àquele descalabro.
Lisboa e o Porto podiam ter aprendido algo com cidades europeias onde há muito turismo e de onde os habitantes tb foram expulsos para as periferias.
Desde meados de março que não vou ao centro da cidade, mas contaram-me que não se via vivalma (ninguém lá mora!) e as lojas estavam com as montras tapadas. Que tristeza!
Bom dia!
Para MR:
EliminarPara os residentes, fora de alguns horários reduzidos, o comércio funciona. A megalomania dos Avillezes não me preocupa até ao dia em que os créditos, concedidos sem garantias sérias, cairão na "sopa" dos contribuintes.
As ruas passaram a ser, de novo, mais seguras. Nos passeios, não é preciso encostar-se às paredes para fugir de trotinetas ou ciclistas tolos.
Preocupam os Alojamentos ILEGAIS, sem controlo sanitário, em que nos cruzamos com gente, sem máscara ou luvas, usando um espaço comum. Se calhar, o Sr. Medina está à espera de um cenário como sucedeu com os "hostéis" da Av. Almirante Reis. Oxalá não nos afecte directamente.
Ontem à noite, pelas 22.30 a Travessa dos Teatros, por falta de bares abertos, lá serviu de encontro, aconchegado e bebido, de gentinha pela noite dentro.
Não será fácil gerir uma cidade como Lisboa, no entanto muitas das
ResponderEliminarcoisas que menciona deveriam ser levadas em consideração.
Algumas delas muito importantes, e a fiscalização essencial.
Os músicos ocasionais dão quase sempre um agradável som à cidade.
Ouvi várias vezes gente a tocar muito bem.
É de aproveitar esta ausência dos rebanhos de turistas para usufruir
da cidade. Esperança que alguma coisa melhore é o que desejamos, sem dúvida.
Bom fim de semana, e gostei deste seu poste.
Para M.Franco.
EliminarAgradeço as suas palavras. Infelizmente, no nosso caso, no Chiado, frente à esplanada da Brasileira, os tocadores emitem apenas ruídos e grunhos, o que nada tem a ver com música, para além do aspecto miserável para o centro da cidade. Bom fim-de-semana também.
Esqueci-me de referir que os músicos que ouvia estavam na R. do Carmo
Eliminare nunca junto da Brasileira. Algumas vezes com a minha neta, ficava
algum tempo a ouvi-los e ela também gostava.