Do século XVII e até à primeira metade do século XX, o francês era, por excelência, a língua usada na diplomacia, como língua franca entre os diplomatas dos diversos países. Mas não só, e, em Portugal, era o segundo idioma, a partir do séc. XVIII, falado pelas famílias de mais posses e pelas elites cultas do país. Em Coimbra, Alberto de Oliveira, grande amigo de António Nobre, comprava, no próprio ano de saída, as obras poéticas de Verlaine, vindas de França.
E sempre foi assim, quase até aos anos 80 do século passado, quando, inexplicavelmente, a sua influência começou a declinar, ano após ano. O inglês(-americano) absorveu, por inteiro, o espaço criado. Hoje em dia, são raros os portugueses, com menos de 40 anos, que saibam falar e ler francês.
Deixo, por curiosidade e em imagem, um livro do poeta francês Guilevic, saído em 1949, que Alexandre O'Neill terá lido em 1953, pela sua marca de posse, manuscrita. E que faz parte da minha biblioteca, desde Julho de 2008. Comprado num alfarrabista de Lisboa, o livro foi baratíssimo, porque os livreiros, nos nossos dias, têm já alguma dificuldade em vender livros em francês, usados. E põem-nos, frequentemente, a baixo preço.
O cinema e a música tiveram uma influência decisiva na expansão da língua inglesa. E no declínio do francês, foi a arrogância dos franceses.
ResponderEliminarConcordo consigo, MR, sobretudo, em relação à musica. Nunca senti, excessivamente, a arrogância francesa, talvez o "Chauvinismo", mas de forma atenuada. Em relação aos americanos, não lhes suporto a ignorância auto-suficiente da sua boçalidade rural. Claro que há excepções, mas são um povo convencidíssimo da sua importância balofa (vide: MacDonalds...).
ResponderEliminarÉ, além disso, muito mais fácil uma pessoa sentir-se/dizer-se culta se conhecer a pobre cultura anglófona do que se tiver de conhecer a riquíssima, impossível de palmilhar por todo, francesa. Veja-se a nossa «intelligentsia» pública e publicada. Os dedos de uma mão só chegarão para contar os francófilos. Depois, é ver em massa os iletrados - é a palavra - do tipo VPV a berrarem contra a cultura francesa, dia sim, dia não. Dá muito trabalho, e os tempos são da facilidade, mesmo profissional.
ResponderEliminarAlguém disse que a América (USA) "foram os sobejos da Europa" - com alguma propriedade e clarividência. Se os "Fathers" construiram uma Constituição notável, ainda hoje, com princípios humaníssimos e solidários, os pistoleiros que vieram depois abastardaram uma Cultura que poderia ser exemplar.
ResponderEliminarFoi uma pena, e já não deve ter emenda, pelo que tenho visto...
Par mim, que sou um leigo, o declínio da língua francesa acompanha, na mesma progressão, o desenvolvimento dos computadores. Primeiro só estavam quase adaptados para essa linguagem (sem acentos) ainda sou do tempo em que não se tinha de escrever com ä (näo); e os manuais dos melhores programas conrinuaram (os melhores) a saír só em inglês. A partir daí com ä ajuda da música e dos filmes foi um instante. Depois é tão pobre e tão simples que só teimosos ( e eu sou um deles) é que não gostam de inglês.
ResponderEliminarÉ verdade que a linguagem franca (?) dos computadores, o inglês(americano), teve um peso sufocante e avassalador, como, hoje, muitas guerras começam pela asfixia económica dos mais fracos e que os obrigam a ficar de joelhos, e à rendição.
ResponderEliminarMas creio que o declínio do francês se deve, também, a várias outras causas.