sábado, 4 de janeiro de 2014

A fama e a pressa


No seu alto critério de primeiro magistrado da nação, o nosso actual PR decidiu agraciar o futebolista Cristiano Ronaldo (1985) com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Confere, e fica em boa companhia: Eusébio, Rosa Mota, Carlos Lopes, Mourinho...
Por outro lado, Ronaldo faz o pleno dos dois maiores poderes fáticos da modernidade: Finança e Futebol.
O jovem futebolista madeirense ganhou, em 2013, cerca de 21 milhões de euros, criou uma Fundação-Museu em seu nome e é um dos grandes no relvado mundial.
É naturalíssimo que o nosso PR, que nunca conseguirá nenhuma destas proezas, o admire e distinga, academicamente, apesar da sua juventude.

6 comentários:

  1. Boa tarde,

    Ao ler o seu post ( é assim que se designa?) fico na dúvida se o que queria realçar nele, era o merecimento ou não do Cristiano Ronaldo em receber a maior condecoração nacional, ou, se apenas a de mostrar o seu desagrado pelo Presidente da República. Eu sou claro, acho que ultimamente o Cristiano Ronaldo tem feito (isto na perspetiva da autoestima nacional) mais pelo país e pelos portugueses do que qualquer outro. Mas, não concordo que receba esta condecoração. Ela deveria estar reservada apenas para aqueles que, através dos seus feitos, com sacrifício da sua própria vida, ou demonstrando uma generosidade fora do habitual, tenham de alguma forma melhorado a vida dos outros. Penso que o CR não se tem sacrificado em nada, pelo contrario, a profissão que exerce, é toda ela um prazer, e eu sei porque também já joguei à bola, e isto não é uma profissão, é um divertimento. E muito bem pago. Nem que eu tenha conhecimento, doou parte da sua fortuna para o bem do país ou de Portugal, como muitos outros fizeram. Acredito que tenha ajudado muita gente, e que a mais não é obrigado. Mas provavelmente, aquilo que deu, serão migalhas na sua vasta fortuna. Ora, não existe aqui nenhum sacrifício, nenhuma dificuldade, nenhum ato fora do comum, que mereça uma distinção fora do comum, para pessoas fora do comum. Quanto ao Presidente ter-lhe atribuído esta condecoração, atribuo mais ao fato de querer mostrar trabalho, juntando talvez à visibilidade que isso lhe possa atribuir. tentando colar-se um pouco a fama do jogador. Ou talvez não, talvez esteja apenas a tentar fazer alguma coisa, genuinamente, acreditando mesmo que está a agir corretamente. Mas o problema muitas vezes não está naquilo que os outros fazem, está mais naquilo que nós lhes atribuímos, a intenção com que o fazem. Quais as motivações que nos levam a pensar e a dizer o que dizemos dos outros. Provavelmente nem terá como epicentro aqueles de quem falamos nem as suas vidas, terá talvez mais a ver connosco, com as nossas próprias vidas.

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    1. Evito, normalmente, ser demasiado assertivo nos meus postes, muito embora o uso de "pressa" (no título) e o itálico em "alto" indiciem a ironia do texto, sobretudo, em relação ao PR.
      Não posso deixar de admirar (do pouco que sei, porque mal acompanho o futebol) o profissionalismo de CR. Fez-se a si próprio, com disciplina, regras, inteligência e empenhamento, para chegar à qualidade desportiva a que chegou. Que lhe paguem muito bem ou lhe dêem comendas, é com os outros a iniciativa e decisão, que ele poderá, certamente, aceitar, ou não.
      Dito isto, parece-me que, aos 28 anos receber, porventura, o mais alto galardão honorífico nacional, é excessivo. E não tenho muitas dúvidas em perceber - como, aliás refere, e muito bem, no seu comentário - que o PR procurou colher dividendos e ganhar popularidade (que ele, PR, já quase não tem...) colando-se ao jovem e bem sucedido futebolista.
      Boa tarde! E agradeço a sua visita e expressivo comentário, que muito apreciei.

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  2. Cristiano condecora Cavaco. E mais não digo.

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    1. Ora, aí está, JAD, a forma mais sintética para definir o acto.
      Bom domingo!

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  3. Falando de presidentes da república, e outros que já o foram, e que quando quiseram voltar a ser, os eleitores não quiseram, deparei-me com outra "homenagem" a um outro jogador que morreu ontem, o Eusébio, feito pelo ex-presidente Mário Soares, disse ele;

    " que (o Eusébio) era um homem agradável com pouca cultura, mas evidentemente que não se estava à espera que ele fosse um pensador, o que se queria é que ele fosse um grande futebolista e ele foi "

    " Fui algumas vezes almoçar naqueles restaurantes onde ele comia "

    " Não sabia nada que ele estava doente, sabia que bebia muito whisky, todos os dias, de manhã à tarde, mas julguei que isso não lhe fizesse assim mal ".

    Portanto, comparando as duas homenagens, uma feita pelo atual presidente ao atual melhor jogador português, e a outra, por um antigo presidente, ao antigo melhor jogador português, fico realmente pasmado com a diferença. Será que a soberba, a falta de educação, o preconceito, a mania da superioridade, passou a ser aceite só porque provavelmente é da nossa cor política?

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  4. Eu creio que não é só a cor política, mas que grande parte dos políticos se querem colar ao futebol, por ser um desporto de massas.
    Por outro lado, eu creio que, nos tempos que correm, a mediatização e alguma arrogância (talvez juvenil...) "compensam", enquanto a simplicidade e a discrição (Eusébio) pagam poucos dividendos...

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