sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Dizer o que já foi dito, ou talvez não


Por uma mera circunstância temporal, coincidiu eu ter tido conhecimento de uma grandiosa exposição, em Roma (que seguirá em Março para Paris), bem como da saída de um livro, sobre o imperador romano Augusto (63 a.C.-14 d.C.), simultaneamente, com o facto de ter folheado um grosso volume, com vários estudos sobre Camões (Gulbenkian, Paris, 1981), que li muito em diagonal. Deste último, apenas um artigo de Andrée Rocha me despertou a atenção, pela originalidade de perspectivas apresentadas. Grande parte dos outros estudos falava do que já foi dito, por outros académicos, inúmeras vezes. Não tendo havido, que eu saiba, descobertas recentes espectaculares sobre Augusto, tenho dúvidas que esse novo volume, de 336 páginas, acrescente coisas novas sobre o Imperador romano.
No entanto, por vezes, temos surpresas. Em tempos, ofereceram-me um livro sobre D. João II, de Luís Adão da Fonseca (Temas e Debates, 2007), sabendo o ofertante que eu apreciava a figura deste rei português. Na altura, fiquei contente e agradeci efusivamente, mas também pensei que iria ler o que já sabia - enganei-me. Porque o historiador abordava, sob perspectivas originais, a estratégia de Poder do Príncipe Perfeito, sobretudo, no papel que atribuía às ordens religiosas. Assim, a leitura foi-me proveitosa, pese embora talvez a pouca exigência de um leitor amador, que não é historiador. Outra exigência é provável que encontrasse lacunas na fundamentação argumentativa e documental.
Por isso, e modestamente, há que ter confiança, ou dar o benefício da dúvida aos historiadores italianos (com Eugenio La Rocca, à cabeça), que talvez possam ter descoberto novas coisas sobre Augusto...

4 comentários:

  1. Aprendo sempre qualquer coisa ao ver uma exposição, a não ser que saiba muito sobre o assunto ou a expo seja uma porcaria.
    Pelo que vi na net. gostaria de ver esta sobre Augusto.
    Mesmo que não tenha havido descobertas recentes sobre Augusto, o olhar dos historiadores não é igual e quantas vezes tem acontecido uma coisa estar à frente dos nossos olhos e só um reparar nela?
    E depois a maioria do público do público deve ser diferente.

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    1. À partida, estou de acordo. Mas, por vezes, exposições e colóquios são meros exercícios de vaidades banais, que nada trazem de novo - cumprem uma obrigação de efemeridade (competente, mas nem sempre), mas pouco trazem de novo, ou de original. Os académicos não deixam de ser burocratas, à sua maneira.
      É certo que cada um se for sincero, atento, ousado e autêntico, pode sempre trazer uma nova forma de ver e apreciar. E, será por aí, que pode vir uma diferença qualitiva com que o leigo e o amador se poderão enriquecer.

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  2. Tenho simpatia por este imperador e acho que gostava de ver a exposição. Boa semana!

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  3. Também para mim é dos imperadores mais interessantes de Roma.
    Boa semana (pelo menos, hoje, há Sol...)!

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