segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Citações DI



O dia é preguiçoso, mas a noite é activa.

Paul Éluard (1895-1952), in Le Dur Désir de durer.

1 poema de Alicia Ostriker (EUA, 1937), vertido para português



Tudo aquilo que vive dá de si e fenece
por suas próprias regras, a maré nas suas veias, e em Abril
a força do verde é irresistível,

mas a grande lei é mutável
e nada permanece sozinho, tudo se sucede
e desaparece,
assim as plantas fecham os olhos à chuva
e os piscos bebem nela a sua alegria.


Alicia  Ostriker, in Almanak, The Book of Seventy.

domingo, 22 de dezembro de 2024

Em tempo

 

Aos Amigos, Comentadores e Visitas, que por aqui passem, os nossos melhores votos natalícios e de um  feliz Ano Novo de 2025.

sábado, 21 de dezembro de 2024

A saber

 

Há mistérios insolúveis, que sabemos quase impossíveis de decifrar. Parauta, por exemplo, era o nome afectuoso por que tratávamos a empregada dos meus primos, mas já nenhum de nós sabe o seu nome natural, nem ela é viva para nos elucidar devidamente.
Sobre este quadro (2004) de Paula Rego, intitulado "A Bruxa de Lordosa", que foi vendido em Londres, recentemente, por meio milhão de euros, tecem-se várias teorias. Na tela se agrupam, pelo menos, Salazar na horizontal e já falecido, a múmia paralítica cavaquiana e a sua "afilhada" Leite, mas também a actual ministra da Cultura. Será?
Quem souber da história, que esclareça.

Natalícias

 

Desta vez não são as "últimas aquisições", mas as duas mais recentes ofertas natalícias e amigas de livros editados sob o patrocínio do C. de E. Históricos, cuja qualidade dos textos e gráfica se destacam.
Grato reconhecimento a quem no-los trouxe.



quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Lembrete 75

 



Para quem goste de poesia. Ou considere, naturalmente, a obra de Alexandre O'Neill, daqui lembramos que o JL dedica 7 páginas do seu último número ao Poeta. Cujo centenário do nascimento se completa hoje.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (191)

 

Teve uma vida de saltimbanco, a fotógrafa germano-americana Evelyn Hofer (1922-2009). Nascida em Marburg, a família foi para a Suiça em 1933, com o início do nazismo e, depois, para Madrid, mas com a vitória de Franco, viria a fixar-se em Nova Iorque. O México foi a sua última morada, onde viria a falecer.




Alguns retratos interessantes, mas sobretudo a fixação de grupos profissionais, como motoristas e coveiros, por exemplo, dominam uma boa parte da sua obra fotográfica.



Alguns instantâneos parecem sugerir que a lição ou herança do grande fotógrafo alemão August Sander (1876-1964) não andava longe...

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Forçar a nota



Constava que o intérprete preferido de Georges Simenon (1903-1989) para desempenhar o papel de Maigret, em cinema, era o actor Bruno Cremer. Pela minha parte, sempre achei Jean Gabin mais apropriado dentro da galeria dos artistas, que iam de Charles Laughton e Gino Cervi até Jean Richard e John Malkovich.
Mais recentemente, lembraram-se de Rowan Atkinson para personificar o Comissário.



Tenho grandes dúvidas que o actor cómico inglês convença o público. Mas às vezes há surpresas. Quem diria que Raul Solnado, escolhido por Fonseca e Costa, para desempenhar o papel de Elias Santana no filme A Balada da Praia dos Cães (1987) iria ser tão convincente e magnífico no seu trabalho de actor "sério" de chefe de brigada da Judiciária?


Esquecemo-nos, talvez, que Solnado era um homem e artista polifacetado.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Inflação

 

Informa fonte credível que, com o grande aumento dos turistas chungas, os carteiristas tiveram um crescimento significativo de 50%, só em Lisboa. Por aqui, pelos vistos, não falta trabalho. A mesma notícia precisa que nesta "profissão" estão registados ( PSP ) 141 trabalhadores activos. Não serão muitos, mas deve compensar...

domingo, 15 de dezembro de 2024

Citações D



Fale-se em Francês, quando não conseguimos pensar em Inglês, a propósito de alguma coisa.

Lewis Carrol (1832-1898), in Through the Looking-Glass.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Divagações 200

 

Estava um frio danado quando saímos para ir ao talho. O Paulo, em vez de duas, tinha-nos guardado três perdizes. Já depenadas, que eu já não tenho pachorra para estar para ali umas horas, à mesa, a depená-las, laboriosamente. As bichinhas ficaram no congelador para a altura devida, da época natalícia.
Falta depois escolher um Dão macio pelos anos, ou um Douro amansado. Qualquer deles, tinto, de feição.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

... e porque estamos já perto do Natal...


... este In the Bleak of Midwinter, de Gustav Holst (1874-1934), à maneira do tempo que vai.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Bibliofilia 218

 

Não é uma impressão cara ou rara, este livrinho que inclui o conjunto completo dos sonetos que Shakespeare (1564-1616) mandou editar em 1609. O voluminho, integrado num estojo simples, é muito bonito e foi-me oferecido, ainda no século XX, por alguém que fora a Stratford-upon-Avon, numa viagem a Inglaterra.



quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Osmose 140

 

Vamos arranjando umas histórias para ilustrar os mistérios que ocorrem no exterior ou nas redondezas geográficas, e que não sabemos explicar. Algumas vezes a realidade vem dar-nos razão. Outras, os erros acabam por ser flagrantes. E o desencontro, total.
Há gente que desaparece para sempre, mas também regressam, raros embora, alguns filhos pródigos inesperados, que sempre foram de nossa estimação. Assim, por vezes, se nos enriquecem os dias.
E até parece que somos felizes, salvo seja...

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Recomendado : cento e cinco

 


Um estudo de 2023 informa-me que, desde a invenção da imprensa, se editaram no mundo cerca de 160 milhões de livros. E este, com a capa em imagem, é apenas um que eu gostaria de destacar, nesta época.
Pedagógico e graficamente apelativo, este livro de Luísa Ducla Soares (1939), poderá ser um presente natalício para crianças e jovens que gostem de História, e não saibam apenas dar pontapés na bola e grunhir.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Antologia 22

 

Daquilo que conheço, creio que há dois poetas que se abalançaram a falar com propriedade original e sabedoria sobre a criação em poesia. T. S. Eliot (1888-1965), de que registei um pequeno fragmento de texto no Arpose (2/2/2010), e René Char que passo a citar:

"Heráclito põe o acento sobre a exaltante aliança dos contrários. Ele vê neles, em primeiro lugar, a condição perfeita e o motor indispensável para produzir harmonia. Em poesia acontece que, no momento da fusão destes contrários, surge um impacto sem origem definida, cuja acção dissolvente e solitária provoca o delizar dos abismos que trazem de forma tão antifísica o poema. Pertence ao poeta interromper cerce este perigo fazendo intervir, seja um elemento tradicional de razão já experimentada, seja o fogo de uma demiurgia tão milagrosa que anule o trajecto da causa para o efeito. O poeta pode então aperceber-se dos contrários - estes milagres pontuais e tumultuosos -, direccionar a sua linha imanente personificada, poesia e verdade, que, como sabemos, são sinónimos."

René Char (1907-1988), in Fureur et Mystère (pgs. 69/70).

sábado, 7 de dezembro de 2024

Um Maigret

 

Alguns livros usados trazem-nos, por vezes, surpresas interessantes. O nº 1 da colecção Maigret da Bertrand, que comprei usado, há muito, trazia um carimbo de posse bem original, do seu anterior proprietário.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

O CAM em tirocínio para MAAT



Felizmente, o núcleo central do Museu Calouste Gulbenkian manteve-se inalterável. Rembrandt, Guardi, Lalique continuam a poder ser vistos pelos visitantes. Conserva o bom gosto e qualidade do Sr. Calouste.
Mas no CAM, estes novos curadores e administradores foleiros tinham que meter o pé na poça e, a exemplo dos gerentes das grandes superfícies de distribuição, dar nas vistas, e mudar as arrumações, para os chefes baterem palmas e aprovarem as suas palermices. Introduzindo artistas de muito duvidosa qualidade artística.
Assim, deixamos de poder ver Almada, os Galgos de Souza-Cardoso, José de Guimarães, Pedro Chorão... foi tudo para as reservas escondidas.
Este Feijó é, realmente, um grande esteta cómico!
Bem merece, a seguir, ir para o MAAT, bugiar.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Obviamente, La Palice


 
Se fosse só na França, o descalabro...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Mercearias Finas 205

 

Não serão das mais utilizadas, na gastronomia portuguesa, as carnes de coelho e de pato, mas eu aprecio-as bastante. Um bom Coelho à Caçador, depois de passado, no tempero, por uma competente vinha de alho, pode bem ser um petisco saboroso e, quebrando a regra tradicional, eu só lhe substituo a batata cozida por frita.
Mas desta vez foi um peito de pato estufado, com umas airelas (arandos) em calda, e batatas fritas bem estaladiças, que vieram à mesa. Ultimamente, venho dando importância, no Douro, à casta Touriga Franca que era, de há muito, imprescindível no Vinho do Porto.
A casta fazia parte deste Flor das Tecedeiras 2008, que bebemos, do lote em companhia da Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinta Barroca e Tinto Cão, nos seus 14º, de taninos já domados pela idade. E que estava muito bom portando-se à altura e qualidade do almoço, de há dias atrás.

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Uso Pessoal 21

 


Até cerca de meados do século passado uma boa parte dos livros tinham as páginas fechadas, não só para garantir a sua inviolabilidade como para evitar que furtivos leitores a eles acedessem à borla, creio...
Já tiveram muito mais uso, mas hoje estes 4 abre páginas raramente são utilizados por mim, porque os livros já vêm abertos. Em obras mais antigas, quando preciso, costumo usar o de tartaruga (ao centro) e, quando os livros são de papel mais encorpado, sirvo-me do de metal, que cumpre melhor a sua função.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

3 aforismos (irónicos) de Karl Kraus

 

1. As conversações de barbeiro são a prova irrefutável que as cabeças existem por causa dos cabelos. (pg. 58)

2. A vida familiar é uma intromissão na vida privada. (pg. 60)

3. O uso de palavras pouco usuais é um vício literário. Só se deve atrapalhar o público com dificuldades intelectuais. (pg. 107)


Karl Kraus (1874-1936), in Aforismos.

Oportunidades

 


Eu creio que nunca paguei tão pouco por uma refeição de peixe: 2 euros por dois cantaris. A banca estava cheia deles, talvez uns cinquenta, assim pequenos como estes da imagem, e ostentava um letreiro a dizer "Promoção / 5 euros / quilo". Assados no forno, os bichinhos sairam muito bons. Apenas as espinhas é que são um pouco insidiosas, como as dos salmonetes, que, curiosamente, têm o mesmo tom de pele...

domingo, 1 de dezembro de 2024

Filatelia CXXI


 

No Dia da Filatelia, aqui ficam em imagem, os 4 selos da primeira emissão portuguesa, de 1853, bem como uma carta que circulou de Elvas para Lisboa, em 1854. O selo de 50 réis de D. Maria II ostenta o carimbo numérico (48) de Angra (Açores). O selo de 100 réis é uma reimpressão de 1863, com goma.    

Impromptu 78


Uma sequência, quanto a mim, admirável! Não fosse o ritmo alucinante da Dança Húngara nº 5, de Brahms, a acompanhar...

Adagiário CCCLXXIV



Despesa é como cabelo, se não corta, acaba crescendo.

(Provérbio brasileiro)


sábado, 30 de novembro de 2024

Vinhos

 


O jornal Público promove hoje, no seu suplemento Fugas, uma lista de vinhos que aconselha para este Natal. Sobre a relação, gostaria de deixar algumas breves notas pessoais:

Dos 30 vinhos (brancos e tintos) seleccionados apenas 1 é produzido por uma adega cooperativa nacional. Do conjunto, os preços vão de 9,49 euros, o mais barato, até ao mais caro, de 100 euros. Creio que não há um único vinho da Bairrada. Não deixa de ser uma desconsideração flagrante. E uma falta de isenção, porventura.

Não sendo eu um especialista na matéria, apenas um amador atento, atrever-me-ia a deixar uma pequena contribuição para uma lista mais inclusa e de preços mais comedidos. E destacar 2 enólogos que prezo, pela sua competência profissional: Jaime Quendera, da Cooperativa de Sto. Isidro de Pegões, pelo seu branco, Colheita Seleccionada. E Miguel Oliveira, da Adega Cooperativa de Silgueiros, pelo seu vinho tinto. Nenhum destes vinhos excede os 3 euros, no preço de venda.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Comic Relief (163)


 
Estes braços são sempre um embaraço...
E, depois, este ministro, que é poupado, teima em usar o casaco do avô, que era mais encorpado.
Ficam sempre mangas a mais, e o jovem político não sabe onde pôr as mãos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Registo



É Pierre Assouline que o refere, a páginas 324 de Simenon, a propósito deste livro editado em 1937:

Do próprio testemunho do autor, Le Testament Donadieu deve ser considerado como o seu "premier roman". Dito de outro modo, o primeiro dos seus romances não policiais, a ser de facto literário, ainda que se inicie por uma morte enigmática.


Nota pessoal: este romance de Georges Simenon (1903-1989) é também um dos mais extensos dos ditos "romans durs" do escritor belga. Com 318 a 466 páginas consoante as editoras e o tipo e tamanho de letra, nas suas diversas impressões.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Recomendado : cento e quatro

 

Será difícil resistir a este Céline - Une saison en enfer, ainda que só pelo cuidado gráfico que Le Figaro pôs neste seu hors-série, sendo que é uma reedição da primeira de Março de 2011, mas aumentada. Os textos não desmerecem a qualidade das imagens.
Controverso autor por motivos ideológicos e humanos, Louis-Ferdinand Céline (1894-1961) é, sem dúvida, um dos grandes escritores franceses do século XX.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

arte menor (42)

 

Memória


Os anos vão ficando cada vez mais velhos,
a sua idade no tempo afasta-se
demais do que é presente,
apenas por instantes.

Perdem a verdade
do que foi. Parecem
ficção ou fantasia.


Sb., 25/11/24




Osmose 139

 


É talvez um dos lados obscuros da pequena história. Que eu acompanhei.
Lembro-me do nome de quase toda a equipa: Carmo Vaz, J. Perestrello, Tiago Reis, Dionísio... Era uma altura em que eu achava que a Formação era irrelevante. Estava errado. Embora me apercebesse depois que os profissionais do Modelo, a nível de competências, deixavam muito a desejar; a Nutripol e o A. C. Santos ainda eram piores. Hoje, a preparação profissional, nas grandes superfícies mantém-se uma desgraça... 
A estratégia do Comércio Interno, nessa época do PREC, era pôr tudo sob a tutela e alçada do P. de A., para melhor conseguir manobrar a alimentação e abastecimentos em Portugal, à boa maneira bolchevique, concentracionária e monopolista.
Creio que o executor teórico desse plano teria sido, no governo da altura,  o economista J. M. Brandão de Brito (1947). Um rapaz de modos suaves e urbanos.

domingo, 24 de novembro de 2024

Passou-me pelas mãos...

 


... e era um livro bem bonito, com texto interessante. E com abundante iconografia lisboeta, de bons artistas.

sábado, 23 de novembro de 2024

Trabalhos de casa



Embora mais tarde do que era costume (Outubro), HMJ deu início ao fabrico de compotas da época. De marmelada, foram 17 tijelas e outras embalagens, enquanto de geleia de marmelo 8 vão solidificando.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Citações CDXCIX

 

Os professores são insubstituíveis: eles ensinam-nos a aprender.

Julien Green (1900-1998).

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Revivalismo Ligeiro CCCXXXV


Esta voz de cana rachada, à moda de Marceneiro (salvo seja!), numa canção talvez menos conhecida...

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (190)

 


A fotografia, na imagem acima, é do jornal Público de hoje, mas não sei quem a terá escolhido para ilustrar uma crónica sobre saúde, de Pedro Norton...
Ora, o jovem à esquerda mais parece ter visto um fantasma ou uma bruxa, dado o seu olhar estranho ou assustado.

Adagiário CCCLXXIII

 

Sapo que salta, água não falta.

domingo, 17 de novembro de 2024

Bibliofilia 217

 


Eu creio que, hoje em dia, ninguém se atreve a ler uma epopeia. Sobretudo com 17 cantos...
Em imagem acima, fica o frontispício da segunda edição (1783) deste poema épico de Jerónimo Corte Real (1533?-1588), cuja edição original foi publicada, póstuma, em 1594. A terceira impressão é também Rollandiana, e de 1840. O autor, de famílias ilustres, está representado em estátua, entre outros escritores, no monumento a Camões, ao Chiado.
O meu exemplar, desencadernado, mas em bom estado e íntegro, custou-me Esc. 950$00, em finais do século passado. A Cabral Moncada Leilões, em 2020, vendeu um exemplar semelhante por 110 euros; e a Livraria Manuel Ferreira (Porto) um outro, encadernado, por 150 euros.


Assim se inicia o poema, actualizada a ortografia:

Um sucesso infeliz, um triste caso,
um funesto discurso, a morte horrenda
do Sepulveda canto; e juntamente
o miserável fim daquela ilustre
belíssima Leonor, a quem fortuna
mostrou da cruel roda o mais adverso,
mais abatido, e mais mísero estado.
...


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Palavras para quê?

 

É mais um caso da pequenina justiça à portuguesa. E já não dá sequer para nos surpreender.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Antologia 21



Outros locais, outro meio. Mas deixando Fayard pela Gallimard, Simenon não muda de estilo. Ele segue o seu plano.
Seria sobrestimar realmente a influência  de um editor atribuir-lhe um tal poder sobre o mecanismo de criação de um dos seus autores. Principalmente quando este tem a força de carácter e a personalidade de um Simenon, mais inclinado a imaginar a sua obra do que a debruçar-se sobre as teorias da sua escrita. Contrariamente ao que inventaram esses ensaístas muito franceses que as classificações dão como seguras, não há uma época Gallimard, entre a época Fayard e a época Presses de la Cité, como se costuma dizer dos períodos azul ou rosa de Picasso.

Pierre Assouline (1953), in Simenon (pg. 296).

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Divagações 199

 

Ao fim da manhã, por essa altura e muitos anos atrás, a descida, a pé, da pequena colina do cemitério de Atouguia até ao centro da cidade, era pontuada pelas castanhas assadas e pela boa disposição infantil, a que os adultos davam permissão e guarida, apesar da época. Ao mesmo tempo, iam aparecendo pelas bancas do mercado, os diospiros e os marmelos.
Tradicionalmente, nos antigos depósitos de pão iam surgindo tijelas de marmelada, que as panificadoras também vendiam para fora, como hoje a Confeitaria Cister, na rua da Escola Politécnica, ainda vai expondo, com garbo, na montra. HMJ deu, cá por casa, início, com as gamboas, à abertura da época, com os ladrilhos em calda, que estavam muito bons.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ideias fixas 90

 
Não sei atribuir-lhe a origem, com rigor. Se é por incompetência pessoal, desorganização burocrática, desarrumo mental ou excesso de verborreia nas consultas entre agentes de saúde e utentes, mas, sobretudo nas empresas médicas privadas, é frequente eu ser atendido apenas mais de uma hora depois sobre a hora previamente marcada pelo clínico ou recepcionista. Não percebo o irrealismo profissional com que estes alveitares programam, em tempo, as suas consultas de forma tão desordenada e desajustada da realidade. E o que ganham com isso... tempo não é, com certeza.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

interlúdio 101



Antes que nos invadam, os iberistas convictos ... Sejam eles enrodilhados, ou com os corninhos de fora.

Aniversário

 


Plagiando o que disse o poeta espanhol Antonio Machado: o caminho fez-se andando. Quinze anos de vida do Arpose, contabilizando 13.182 postes registados, até hoje, no blogue.

sábado, 9 de novembro de 2024

As palavras do dia (57)



"... A esquerda que anda há mais de uma década convencida das suas causas fracturantes, que nos EUA tem consequências práticas, muito mais absurdas do que na Europa, acantonou-se nas elites e perdeu as suas bases sociais, a começar pelos sindicatos. Se lessem Marx, perceberiam que trocar bases sociais por bases intelectuais é derrota certa. ..."