segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Salão de Recusados IV: Narizes Literários



1. A un hombre de gran nariz


Era um homem a um nariz colado,

era um nariz superlativo,

era um alambique meio vivo,

era um peixe espada bem barbudo;


era um relógio de sol mal encarado,

era um elefante da boca para cima,

era um nariz saído e pontiagudo,

...

Francisco de Quevedo (1580-1645)

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2. Política Literária


O poeta municipal

discute com o poeta estadual

qual deles é capaz de bater o poeta federal.


Enquanto isso o poeta federal

tira ouro do nariz.


Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

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3. O País Relativo


País onde qualquer palerma diz,

a afastar do busílis o nariz:

- Não, não é para mim este país!

Mas quem é que bàquestica sem lavar

o sovaco que lhe dá o ar?

...

Entreicheiram-se hostis, os mil narizes

que há neste país.


Alexandre O'Neill (1924-1986)

3 comentários:

  1. Post giríssimo.

    E este (será de Bocage?):

    Nariz, nariz, e nariz,
    Nariz, que nunca se acaba;
    Nariz, que se ele desaba,
    Fará o mundo infeliz;
    Nariz, que Newton não quis
    Descrever-lhe a diagonal;
    Nariz de massa infernal,
    Que, se o cálculo não erra,
    Posto entre o Sol e a Terra,
    Faria eclipse total!

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  2. Não conhecia. Obrigado, MR. Tenho na forja um próximo "Salão" em que Bocage estará presente.
    Mas possivelmente só será em 2010.

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