terça-feira, 1 de outubro de 2024

Osmose 138

 

As perspectivas de quem vê ou aprecia estão pré-definidas, não no objecto, mas no sujeito.
Seja uma colina, um livro, um quadro, o observador traz já consigo as condicionantes próprias.
Calhou acidentalmente eu ler, com pouco intervalo de tempo, apreciações de duas pessoas sobre o Diário de Miguel Torga (1907-1995). Luiz Pacheco e o embaixador Marcello Mathias, se não têm opiniões opostas, apenas coincidem num certo respeito literário pelo memorialista. Enquanto o diplomata é francamente elogioso ("Porque Torga procura, a cada momento, desvendar a autenticidade que o define, incluindo a sua própria identidade cultural como português no contexto que lhe foi dado viver."), Pacheco prefere desmontar a pose e artifícios de Torga, ainda que usando de alguma complacência simpática de colega das letras.

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