É da sabedoria popular que as rôlas são tímidas, fiéis, monogâmicas e que, uma vez morto um dos cônjuges, raramente voltam a acasalar. É por isso, talvez, que em relação aos pombos e pombas, há tão poucas rôlas, na paisagem.
Hoje, ao começo da noite, as aves mal apareceram. Alguns raros pardais, em voos atabalhoados e sem norte. Quatro ou cinco andorinhas zigzagueando mais nervosas do que o habitual. De gaivotas, nem sinal: devem ter ficado junto ao mar, por causa do calor. A família dos peneireiros também não apareceu.
Olho, da varanda, para as quatro árvores, lá em baixo, que me servem de referência quanto ao vento - as folhas não se mexem. Três crianças, silenciosas, saltam à corda. Se não fosse estarem tão caladas, ter-me-ia lembrado do poema de William Blake. E até os morcegos chegaram mais tarde, no seu voo sinuoso. O vento é que não passa.
Mas, pouco antes das 21,30, atravessou o céu azul , já quase escuro, um casal de rôlas, de leste para oeste. Num voo que parecia nupcial, suave e brando.
Deste lado, há uma aragem, mas quente.
ResponderEliminarEstas rolas são lindas.
Boa noite!
As rolas são lindas e o texto é elegante (como, aliás, todos são) mas também suave e melancólico, igualmente belo. Vim aqui à procura de um «post» sobre Jorge de Sena e Camões, de há umas semanas, mas acabo sempre por me demorar mais um pouco... Boa noite! :-)
ResponderEliminarMR, obrigado, c. a..
ResponderEliminarComo não retribuí as boas noites, deixei-lhes uma canção matinal de Mahler, a desejar-lhes bons dias.
Texto poético.
ResponderEliminarObrigado.
Eu é que agradeço,JAD.
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