quinta-feira, 1 de março de 2012

Pessoana e lisboeta


Procurei-os, em vão, aos patos selvagens sobre o rio. Mas as nuvens carregadas, que depois deram em chuva, devem tê-los afastado para longe. Mesmo as gaivotas eram escassas e fugidias sobre as águas escuras.
O travo da dessaborida dobrada vinha-me ainda no gosto desencantado, ao começo da tarde. Reforçada que fora, por nós, com sal e pimenta, nada adiantou à confecção desajeitada da cozinha. Ainda perguntei se a cozinheira estava de folga ou férias, mas não me souberam responder. Vinha, ao menos, quente, como recomendava o Eng. Álvaro de Campos: "...Que a dobrada (e era à moda do Porto) nunca se come fria."
O Cais do Sodré estava mais conforme ao "ano da morte de Ricardo Reis", com a chuva desalmada caindo. E, no Chiado global, começaram a surgir, não se sabe donde mas como sempre, os oportunos indianos e paquistaneses a vender os pequenos guarda-chuvas extensíveis a cinco euros cada. Devem ter herdado, por trespasse, o negócio dos chineses que, entretanto, se sumiram para as bandas da EDP...

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