sábado, 30 de novembro de 2024

Vinhos

 


O jornal Público promove hoje, no seu suplemento Fugas, uma lista de vinhos que aconselha para este Natal. Sobre a relação, gostaria de deixar algumas breves notas pessoais:

Dos 30 vinhos (brancos e tintos) seleccionados apenas 1 é produzido por uma adega cooperativa nacional. Do conjunto, os preços vão de 9,49 euros, o mais barato, até ao mais caro, de 100 euros. Creio que não há um único vinho da Bairrada. Não deixa de ser uma desconsideração flagrante. E uma falta de isenção, porventura.

Não sendo eu um especialista na matéria, apenas um amador atento, atrever-me-ia a deixar uma pequena contribuição para uma lista mais inclusa e de preços mais comedidos. E destacar 2 enólogos que prezo, pela sua competência profissional: Jaime Quendera, da Cooperativa de Sto. Isidro de Pegões, pelo seu branco, Colheita Seleccionada. E Miguel Oliveira, da Adega Cooperativa de Silgueiros, pelo seu vinho tinto. Nenhum destes vinhos excede os 3 euros, no preço de venda.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Comic Relief (163)


 
Estes braços são sempre um embaraço...
E, depois, este ministro, que é poupado, teima em usar o casaco do avô, que era mais encorpado.
Ficam sempre mangas a mais, e o jovem político não sabe onde pôr as mãos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Registo



É Pierre Assouline que o refere, a páginas 324 de Simenon, a propósito deste livro editado em 1937:

Do próprio testemunho do autor, Le Testament Donadieu deve ser considerado como o seu "premier roman". Dito de outro modo, o primeiro dos seus romances não policiais, a ser de facto literário, ainda que se inicie por uma morte enigmática.


Nota pessoal: este romance de Georges Simenon (1903-1989) é também um dos mais extensos dos ditos "romans durs" do escritor belga. Com 318 a 466 páginas consoante as editoras e o tipo e tamanho de letra, nas suas diversas impressões.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Recomendado : cento e quatro

 

Será difícil resistir a este Céline - Une saison en enfer, ainda que só pelo cuidado gráfico que Le Figaro pôs neste seu hors-série, sendo que é uma reedição da primeira de Março de 2011, mas aumentada. Os textos não desmerecem a qualidade das imagens.
Controverso autor por motivos ideológicos e humanos, Louis-Ferdinand Céline (1894-1961) é, sem dúvida, um dos grandes escritores franceses do século XX.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

arte menor (42)

 

Memória


Os anos vão ficando cada vez mais velhos,
a sua idade no tempo afasta-se
demais do que é presente,
apenas por instantes.

Perdem a verdade
do que foi. Parecem
ficção ou fantasia.


Sb., 25/11/24




Osmose 139

 


É talvez um dos lados obscuros da pequena história. Que eu acompanhei.
Lembro-me do nome de quase toda a equipa: Carmo Vaz, J. Perestrello, Tiago Reis, Dionísio... Era uma altura em que eu achava que a Formação era irrelevante. Estava errado. Embora me apercebesse depois que os profissionais do Modelo, a nível de competências, deixavam muito a desejar; a Nutripol e o A. C. Santos ainda eram piores. Hoje, a preparação profissional, nas grandes superfícies mantém-se uma desgraça... 
A estratégia do Comércio Interno, nessa época do PREC, era pôr tudo sob a tutela e alçada do P. de A., para melhor conseguir manobrar a alimentação e abastecimentos em Portugal, à boa maneira bolchevique, concentracionária e monopolista.
Creio que o executor teórico desse plano teria sido, no governo da altura,  o economista J. M. Brandão de Brito (1947). Um rapaz de modos suaves e urbanos.

domingo, 24 de novembro de 2024

Passou-me pelas mãos...

 


... e era um livro bem bonito, com texto interessante. E com abundante iconografia lisboeta, de bons artistas.

sábado, 23 de novembro de 2024

Trabalhos de casa



Embora mais tarde do que era costume (Outubro), HMJ deu início ao fabrico de compotas da época. De marmelada, foram 17 tijelas e outras embalagens, enquanto de geleia de marmelo 8 vão solidificando.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Citações CDXCIX

 

Os professores são insubstituíveis: eles ensinam-nos a aprender.

Julien Green (1900-1998).

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Revivalismo Ligeiro CCCXXXV


Esta voz de cana rachada, à moda de Marceneiro (salvo seja!), numa canção talvez menos conhecida...

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (190)

 


A fotografia, na imagem acima, é do jornal Público de hoje, mas não sei quem a terá escolhido para ilustrar uma crónica sobre saúde, de Pedro Norton...
Ora, o jovem à esquerda mais parece ter visto um fantasma ou uma bruxa, dado o seu olhar estranho ou assustado.

Adagiário CCCLXXIII

 

Sapo que salta, água não falta.

domingo, 17 de novembro de 2024

Bibliofilia 217

 


Eu creio que, hoje em dia, ninguém se atreve a ler uma epopeia. Sobretudo com 17 cantos...
Em imagem acima, fica o frontispício da segunda edição (1783) deste poema épico de Jerónimo Corte Real (1533?-1588), cuja edição original foi publicada, póstuma, em 1594. A terceira impressão é também Rollandiana, e de 1840. O autor, de famílias ilustres, está representado em estátua, entre outros escritores, no monumento a Camões, ao Chiado.
O meu exemplar, desencadernado, mas em bom estado e íntegro, custou-me Esc. 950$00, em finais do século passado. A Cabral Moncada Leilões, em 2020, vendeu um exemplar semelhante por 110 euros; e a Livraria Manuel Ferreira (Porto) um outro, encadernado, por 150 euros.


Assim se inicia o poema, actualizada a ortografia:

Um sucesso infeliz, um triste caso,
um funesto discurso, a morte horrenda
do Sepulveda canto; e juntamente
o miserável fim daquela ilustre
belíssima Leonor, a quem fortuna
mostrou da cruel roda o mais adverso,
mais abatido, e mais mísero estado.
...


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Palavras para quê?

 

É mais um caso da pequenina justiça à portuguesa. E já não dá sequer para nos surpreender.

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Antologia 21



Outros locais, outro meio. Mas deixando Fayard pela Gallimard, Simenon não muda de estilo. Ele segue o seu plano.
Seria sobrestimar realmente a influência  de um editor atribuir-lhe um tal poder sobre o mecanismo de criação de um dos seus autores. Principalmente quando este tem a força de carácter e a personalidade de um Simenon, mais inclinado a imaginar a sua obra do que a debruçar-se sobre as teorias da sua escrita. Contrariamente ao que inventaram esses ensaístas muito franceses que as classificações dão como seguras, não há uma época Gallimard, entre a época Fayard e a época Presses de la Cité, como se costuma dizer dos períodos azul ou rosa de Picasso.

Pierre Assouline (1953), in Simenon (pg. 296).

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Divagações 199

 

Ao fim da manhã, por essa altura e muitos anos atrás, a descida, a pé, da pequena colina do cemitério de Atouguia até ao centro da cidade, era pontuada pelas castanhas assadas e pela boa disposição infantil, a que os adultos davam permissão e guarida, apesar da época. Ao mesmo tempo, iam aparecendo pelas bancas do mercado, os diospiros e os marmelos.
Tradicionalmente, nos antigos depósitos de pão iam surgindo tijelas de marmelada, que as panificadoras também vendiam para fora, como hoje a Confeitaria Cister, na rua da Escola Politécnica, ainda vai expondo, com garbo, na montra. HMJ deu, cá por casa, início, com as gamboas, à abertura da época, com os ladrilhos em calda, que estavam muito bons.

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Ideias fixas 90

 
Não sei atribuir-lhe a origem, com rigor. Se é por incompetência pessoal, desorganização burocrática, desarrumo mental ou excesso de verborreia nas consultas entre agentes de saúde e utentes, mas, sobretudo nas empresas médicas privadas, é frequente eu ser atendido apenas mais de uma hora depois sobre a hora previamente marcada pelo clínico ou recepcionista. Não percebo o irrealismo profissional com que estes alveitares programam, em tempo, as suas consultas de forma tão desordenada e desajustada da realidade. E o que ganham com isso... tempo não é, com certeza.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

interlúdio 101



Antes que nos invadam, os iberistas convictos ... Sejam eles enrodilhados, ou com os corninhos de fora.

Aniversário

 


Plagiando o que disse o poeta espanhol Antonio Machado: o caminho fez-se andando. Quinze anos de vida do Arpose, contabilizando 13.182 postes registados, até hoje, no blogue.

sábado, 9 de novembro de 2024

As palavras do dia (57)



"... A esquerda que anda há mais de uma década convencida das suas causas fracturantes, que nos EUA tem consequências práticas, muito mais absurdas do que na Europa, acantonou-se nas elites e perdeu as suas bases sociais, a começar pelos sindicatos. Se lessem Marx, perceberiam que trocar bases sociais por bases intelectuais é derrota certa. ..."

Perguntar, não ofende (4)

 Banda desenhada tem uma idade?

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Ainda Sagan, para remate



Resolvi dar-me ao trabalho de procurar, nos livros de autores franceses, as obras que tinha de Françoise Sagan (1935-2004). Surpreendentemente, do Bonjour tristesse (1954), primeiro livro da escritora, tenho um exemplar da edição original, editado por René Julliard (Paris). Talvez não seja vulgar, mas também não é raro: a tiragem foi de 500.000; nos Estados Unidos, pouco depois, foi de um milhão.



Quanto ao segundo livro de Sagan, Un certain sourire (1955) e ao terceiro, Dans un mois dans un an (1957), as que tenho, são ambas edições banais de "Le Livre de Poche", de 1963 e 1964, respectivamente.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Segredo

 


Diz-me alguém, que muito estimo, que este é um dos mais bem guardados "segredos" do Chiado.
E é verdade, ainda ontem almocei lá uns magníficos filetes de pescada com um saboroso arroz de grelos, num ambiente agradável e tranquilo. A cozinha é boa, o serviço, atento, e a sala interior é sossegada, propensa a conversas amigas.


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Adenda ao poste anterior (Curiosidades 107)




A canção "Quelques Cris" foi, em 1999, um grande sucesso de Johnny Hallyday (1943-2017), integrada no álbum "Sang pour sang". A letra fora composta por Françoise Sagan a convite do cantor francês, depois de se conhecerem e de um jantar de trabalho a dois.
Pelo bom resultado de vendas obtido, Hallyday propôs-se comprar os direitos de autor, da canção, por 100.000 francos franceses, tendo Sagan acedido. E a escritora veio a jogar todo este dinheiro no Casino de Enghien. Perdendo-o...

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Curiosidades 107



Eu diria que há um ler a tempo, um ler na idade certa, mas também um ler fora de tempo (tarde na idade) ou ainda antes de saber apreciar e compreender convenientemente o que se lê.
Achei por isso curioso que Françoise Sagan (1935-2004) tenha situado três das suas leituras mais importantes, da e na juventude, assim:

- Les Nourritures terrestres, de André Gide, aos 13 anos.
- L'Homme révolté, de Albert Camus, com 14 anos.
- Les Illuminations, de Arthur Rimbaud, aos 16 anos.

Leituras precoces, no meu entender. Mas que cada um faça o seu juízo, ou avive a sua experiência pessoal...

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Humor Negro (20)

 

Uma sucessão possível ou provável...

Pinacoteca Pessoal 208

 

Por vezes os genes artísticos propagam-se para as gerações seguintes. Ou, ao menos, o sentido estético sucede-se de forma familiar. O pintor amarantino António Carneiro (1872-1930), que teve dois filhos, parece ter transmitido a vocação artística a ambos. Ao mais velho, Cláudio (1895-1963), o lado musical; ao mais novo, Carlos Carneiro (1900-1971), parece tê-lo dotado de gosto e engenho para a pintura. Deste último, ainda lhe cheguei a ver algumas mostras vimaranenses, muito agradáveis.




As paisagens de António Carneiro, muitas delas marinhas, estão marcadas por uma serena suavidade transcendente que, de algum modo, definem um estilo expressionista (?) e parecem querer ganhar a alma de quem as vê.


domingo, 3 de novembro de 2024

Citações CDXCVIII

 

Cada homem é uma história que não é idêntica a mais nenhuma outra.

Alexis Carrel (1873-1944), in L'Homme, cet inconu.

Carne ou Peixe

 

Parece-me óbvio que houve por aqui um erro de casting. Ou um desvio de vocação. Nota-se que o Criador desatinou ao classificar o espadarte, o lírio e o atum como peixes. Pela consistência interior parecem ser carne.

Aniversário


Para o aniversário de Margarida Elias, este adágio de Bach. E umas flores singelas para embelezar o dia, com muitos e amigos parabéns.



sábado, 2 de novembro de 2024

Mercearias Finas 204

 

Já as temperaturas convidam a pratos mais substanciais e, por isso, pedimos, ao almoço, uma Dobrada, que estava muito boa. E também os tintos vão ganhando aos brancos, na corrida...
Mas são as doçarias pré-natal que mais se manifestam, como pode ver-se pela imagem. E as broas castelar, já provadas, pelo recente fabrico e frescura, convidam e já se recomendam.



Quanto a sobremesas, só faltam por aqui os diospiros...

Recuperado de um moleskine (46)


Embora não de uma forma totalmente sistemática, com os amigos, há uma certa tendência, nos encontros e em conversa, para abordarmos, com cada um deles, aqueles assuntos em que são mais versados ou temos por mais  comuns entre nós.
...

Ele disse-me um dia, creio que inqueto: Se eu não o contar a ti, a quem o direi?! 
Fez-me, então, a confidência que eu, até hoje, sempre conservei em segredo.
Hoje percebo, completamente, que o problema, com o tempo, é descobrlr o interlocutor exacto de partilha e encontro mais próximo.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

Embora pálido...

 


... a meio da tarde, o arco-íris outrabandista foi assim.

Pessoana



Provavelmente, Nicolas Barral (1966) é um bom conhecedor de assuntos portugueses, pois já em 2021 tinha produzido uma BD, em França, com o título Sur un air de Fado. Desta vez, o jornal Le Monde informa que saiu L'Intranquille Monsieur Pessoa, o que não deixa de ser uma boa notícia, para os apreciadores.

Adagiário CCCLXXII

 


Não te fies em água que não corra, nem em gato que não mie.