sábado, 7 de janeiro de 2012

A força das águas


Em finais dos anos 60 (Novembro de 1967, creio) experimentei, pela primeira vez, a grande força das águas, ao ter de atravessar a Av. Fontes Pereira de Melo, em Lisboa. A avenida parecia o leito de um rio enfurecido, fortíssimo e caudaloso, pelas grandes chuvas que tinham caído. Consegui fazer a travessia, mas a muito custo.
Depois, recordo as duas únicas vezes em que senti verdadeiro medo. Nos anos 70, no alto mar de Esposende, mês de Agosto e de madrugada, a bordo de uma frágil traineira. Cheguei a terra completamente ensopado em água salgada e a tremer de frio (e medo?). Da segunda vez, em finais dos anos 80 (1988?), numa simples travessia fluvial (Cais do Sodré-Cacilhas), em que o cacilheiro em que eu seguia andou à deriva durante mais de meia hora. Dentro do pequeno barco, só se ouviam rezas e choros. Quando conseguimos, finalmente, aportar a Cacilhas, esperavam-nos bombeiros, 2 ambulâncias e muitos populares curiosos, alguns deles, familiares dos passageiros, aflitos. E, mesmo assim, tivemos de saltar do barco para o cais, porque o cacilheiro não parava quieto, pela fúria do Tejo...
Ora, o meu amigo AVP, em retribuição da dedicácia que lhe fiz, no poste sobre as naus portugueses dos decobrimentos, teve a amabilidade de me enviar um vídeo, onde é bem visível a ira das águas e as vicissitudes por que passam, tantas vezes, os homens do mar. Pelo testemunho impressionante que representa, aqui fica. 

4 comentários:

  1. Vi ontem imagens na Holanda e no Brasil. Horríveis.
    Em 1987, lembro-me por ter sido o ano do centenário do José Anastácio da Cunha, fui com uns amigos jantar a Monsanto, numa noite inesquecível - como se vê para a estar aqui a lembrar. A chegada a Monsanto, a vinda de Monsanto, a viagem pela 24 de Julho, cerca da meia-noite, com imensa gente nas paragens de autocarro e a ponte a abanar.
    Se calhar esta sua viagem de barco no Tejo foi nessa noite de 1987.

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  2. É bem provável, MR. E, também, inesquecível. Eu, que nunca leio as páginas desportivas dos jornais, devorei as do DL até ao fim, para não olhar pelas escotilhas, nem observar os passageiros, à volta.
    E percebi, completamente, o que era: andar à deriva - sensação extremamente desagradável...

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  3. Quando vínhamos na 24 de Julho, ouvimos na rádio que tinham fechado (ou iam fechar) a ponte e os transportes marítimos para a Outra Banda.

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  4. Confere. Vim a saber, depois, que o barco em que eu viera tinha sido o último a fazer a travessia.

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