terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bibliofilia 51 : Tomás Pinto Brandão


O livro, cujo frontispício se mostra em imagem, não é meu: confiou-mo um Amigo, a quem o pedi emprestado, para ler. Mas não desdenhava possuí-lo pois, em tempos e leilões passados, cheguei a licitar outros exemplares desta obra, muito embora não lograsse adquiri-la - até porque não é muito frequente aparecer à venda.
O seu autor, Tomás Pinto Brandão nasceu no Porto, em 1664. É um poeta de cariz essencialmente barroco e as composições (46 sonetos, oitavas, romances...), deste "Pinto Renascido...", caberiam bem e por mérito próprio na "Fenix Renascida" ou no "Postilhão de Apolo". A frescura e jovialidade de alguns poemas ultrapassam, porém, a circunstancialidade cultista da época. Esta segunda (?) edição de 1733 (não referida por Inocêncio que data a primeira de 1732) teve uma terceira (?) edição, em 1753.
Tomás Pinto Brandão foi grande amigo de Gregório de Matos, e teve, além de palavra fácil e atrevida, uma vida turbulenta. Esteve preso várias vezes, uma delas por acção judicial da sua sogra, e de que há um reflexo, em poema: "...A doce liberdade se malogra,/ De todo o paraízo se desterra,/ E de viver, em fim, os termos erra:/ Porque em vida se enterra, se se ensogra:...". O Poeta, que andou por Angola e pelo Brasil, era porém realista e objectivo, como se pode ver por este "Epitáfio" que compôs:

Aqui jaz quem nos intima,
Que a morte é pequeno mal,
por muito que a vida opprima;
Pois o Sabio em Portugal,
Só quando falta, se estima.

Tomás Pinto Brandão morreu em Lisboa, em Outubro de 1743. Este seu livro, em presença, encontra-se em razoável estado de conservação, embora com alguns sinais de traça que quase atingem o texto. Foi comprado em Lisboa, a 18 de Junho de 1993, por Esc. 6.200$00 (cca. 31,00 euros). O que me parece ter sido um preço justo.

Com agradecimentos ao Emprestador e Amigo. 

2 comentários:

  1. Como se vê pelo «epitáfio» é um mal português que já vem de longe.

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  2. A minha teoria, MR, é um pouco irracional, mas acho que as virtudes e pecadilhos dos povos, normalmente, se perpetuam, no tempo.

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