segunda-feira, 1 de novembro de 2010

1 de Novembro, Atouguia



Nos anos de mais próxima memória, ao regressarmos, havia um halo, ou melhor, um clamor de luzes e neblina fumegante de onde houvesse campos santos minhotos, a ladear a estrada. Mesmo quando, de portões cerrados, vivos ausentes e muros altos, o dia já anunciava o seu crepúsculo. As minhas últimas experiências de acertar a visita, pontualmente, para o dia 1, em direcção à Atouguia, foram deprimentes. As grisetas, as pequenas velas industriais, a parafrenália estandardizada no seu quitche globalizado e à americana, a romaria melodramática deixaram-me estarrecido, enjoado e farto.
Passei a diferir, prudentemente, e por respeito a uma memória juvenil distante, mas forte, compassiva e saudável. À ida, as ceiras de jarros e crisântemos, e mais flores de que não recordo o nome, para acompanhar as delicadas e elegantes avencas rendilhadas que ficavam sobre as campas. E o regressar a pé, descendo a rua, à frente com a Fernanda, a trincar castanhas assadas ainda quentes, nesses inícios de Novembro frios do Norte. A ciciar os nossos namoricos inocentes, de memória fresca, ou as nossas pequenas mágoas, com os adultos atrás, em compostura grave - e nós também, para não destoar.
Era pelo Toural que nos dividíamos. E, nunca, tristes. Ambos reconciliados com a Vida que a Morte nos ia ensinando.

P. S. : para a Fernanda, com o afecto de sempre.

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