quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Divagações 62


Da memória comum, que se complementava por igual, uma parte apagou-se. Resta apenas um dos lados, fragmentário, insuficientemente fundamentado, já sem contraditório para apurar a verdade dos factos, sem mais perspectiva ou testemunho. Como se fosse apenas uma ficção longínqua, pouco credível.
A Póvoa já não faz eco, o mar silencioso, nem o puzzle faz sentido. Como se vão esbatendo o comboio de madeira e o rio Ave de Sto. Estevão, o poker e os primeiros shots da juventude, as injecções infantis dadas numa almofada de folhelho, as anilinas das análises inocentes, as corridas de caracóis no tanque grande do quintal da rua Francisco Agra...
E o imenso areal de Agosto vai ficando mais deserto e menos nítido.

8 comentários:

  1. Pelo que compreendi, perdeu um amigo querido. Lamento muito.
    A fotografia é uma ternura e o texto emotivo.
    Forte abraço.

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  2. É verdade, Sandra, e inesperadamente...
    Muito obrigado.

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  3. (E uma ternura igualmente o seu texto, que me impede de lhe dar apenas os pêsames e me força a dar-lhe também os parabéns, por muito que insignificantes nesta altura)

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  4. Que lindo texto!
    Quando nos falta alguém, nada, nunca mais, volta a ser a mesma coisa.

    Lamento a sua perda.
    Boa noite!

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  5. Resta dizer que não se morre enquanto houver uma, basta uma, pessoa que se lembra de nós.
    Que a memória se mantenha entre os amigos.

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  6. É sempre uma breve eternidade, porém.

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