O que despoletou o presente texto foi a afirmação, nada
científica, de uma “excelente senhora” da nossa praça, licenciada em
Sociologia. A propósito das praxes universitárias, a socióloga Rita Ribeiro
conclui que “isto é uma brincadeira de gente crescida”.
Reacenderam-se, na minha memória, todas as luzinhas de
aviso, reavivando situações, no meio escolar, em que episódios de agressão e
violência físicas eram perfeitamente toleradas sob a designação, incorrecta e
abusiva, de “brincadeiras”. Resolviam-se, desta forma iníqua, desvios de
comportamento, quiçá pela ausência mútua de formação cívica, a contento das
duas partes, “assobiando”, alunos e professores “para o lado”!
Contudo, sempre considerei inadmissível a inanidade e a
tolerância perante esse “gérmen” da violência, provocando-me a repulsa uma
reacção espontânea de intervenção, tanto na escola como em espaço público mais
alargado. Pouco me importa, nesse contexto, a atribuição do epíteto de
“intransigente”, porque não confundo palavras, de étimos e significados tão
diferentes, como “violência”, “agressão” e “brincadeira”.
Considero, portanto, que o inequívoco respeito cívico pela
dignidade humana é uma conquista civilizacional e o mais poderoso garante de
uma sã convivência num mundo de paz. Por conseguinte, repugna-me,
profundamente, que instituições de formação, básicas ou superiores, revelem um
tão fraco sentido de um dos “últimos fins do homem”, a saber, o respeito pela
dignidade humana.
Aliás, nesse fraco entendimento, reencontram-se velhos
fantasmas de ditaduras com a actual cruzada do mundo financeiro contra a
Humanidade. Com efeito, e a bem da paz, “é a hora” de não confundir o lúdico
com cenas de violência, abjectas e reaccionárias, moralmente condenáveis e,
até, esteticamente repugnantes.
Post de HMJ
Está cheia de razão. Ao ler semelhante disparate, pensei exactamente no mesmo.
ResponderEliminarO que segue parece evidente, só que não se vê ninguém ir por lá. Das duas, uma: ou somos anarquistas (não é nada má opção, em teoria, mas, num país como este, melhor nem pensar nisso sem rir); ou aceitamos o Direito, e então as praxes já deviam estar proibidas há muito. O argumento de serem "coisas entre adultos" (como se falássemos de encontros e comércio mais ou menos amorosos) merece no máximo um encolher de ombros. A liberdade é um direito indisponível no ordenamento jurídico português, trate-se de adultos ou de bebés de berço. A integridade física, idem aspas. Não se vê porque não se possa alargar a indisponibilidade ao conceito, certo que mais abstracto, de dignidade humana, que aliás tem já tutela noutros contextos. Parece bastante simples...
Caro leitor:
Eliminaragradeço o seu comentário.
Concordo com tudo o que diz!
ResponderEliminarAs praxes são estúpidas e deprimentes. Eu diria que servem aos cobardes (que humilham os colegas) para se sentirem com alguma importância ou poder. Coisa de ignorantes!
Boa noite!
Para Isabel:
Eliminaré pena que as Universidades suportem tantos ignorantes !
Não li (ou não ouvi) a socióloga Rita Ribeiro, de que nunca ouvi falar.
ResponderEliminarTb concordo com tudo o que HMJ diz e devia aproveitar-se este triste caso do Meco para proibir as praxes.
Não é a primeira vez que o caso é levantado, pela violência física ou psíquica que colegas exercem sobre os colegas. Violência que exercerão pela vida fora.
Para MR:
Eliminarse não leu a entrevista da "socióloga", não perdeu nada, porque é um mau exemplo para qualquer ramo das Ciências Humanas. A cabeça é que não deve dar para mais.