Este "F. M. I.", de José Mário Branco, tem a força e rudeza de um libelo acusatório e a veemência arrebatada e escatológica de um exorcismo. Neste registo, lembro-me apenas de "A Cena do Ódio" de Almada Negreiros, sendo que este último é bastante mais subjectivo e egocêntrico, e não político. Esta "gaguez furiosa" (para usar palavras de Jorge de Lima) tem, no entanto, dois andamentos: o primeiro é um esconjuro violento de sarcasmo irado; a segunda parte tem um lirismo inesperado onde, também, habita a ternura. É uma canção de intervenção esquecida, este "F. M. I." de José Mário Branco, que as ironias e repetições da História (tragédia/ farsa) voltaram a tornar actual e presente. Justificado, e português. Embora, como o disse, a princípio, e repito: não seja para ser ouvido por orelhas sensíveis, dado o seu tom de violência e o uso de um vocabulário que remete para as cantigas de "maldizer" medievais.
Mas que "boa" lembrança!
ResponderEliminarObrigado, Miss Tolstoi, também achei que era oportuníssimo.
ResponderEliminarInfelizmente, MR...
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