Vinha cedinho da Costa, com o seu cântaro de leite à cabeça, muito a tempo do nosso pequeno almoço vimaranense. Que o leite tinha que ser fervido, antes de se beber. Deveria ter uma ou duas vacas, a nossa leiteira, e bom pasto, donde vinha também o musgo, no princípio de Dezembro para se montar o Presépio. Acabada a volta pelos fregueses, o leite remanescente era vendido, ao fim da manhã, na Feira do Pão, praça ampla aonde acorriam os clientes retardatários e alguns donos das leitarias da cidade. Foi isto nos finais de 40 e iniciais anos 50, porque em Coimbra e Lisboa, nos anos 60, já o leite só aparecia embalado, industrialmente.
Não sei, por isso, como fizeram a reconversão, estas profissionais da venda ambulante, sindicalizadas, de que encontrei os respectivos cartões de associadas (nº 48 e 381), passados pelo respectivo sindicato, no já longínquo ano de 1955. Talvez tivessem ficado desempregadas... O que posso garantir é que a nossa leiteira da Costa não estava inscrita no sindicato.
Anos 70, em Algés, ainda havia venda de leite porta a porta, até que começou o rumor de que o leite era misturado com água e a padeira porta-a-porta passou também a vender o pacote (de plástico) de leite. Não me parece que quer no primeiro caso, quer no segundo houvesse qualquer tipo de sindicalização :)
ResponderEliminarEstes cartões são pedaços de história.
Bom dia
Concordo que estes cartões são um documento histórico. Não assinados pelas possuidoras, se calhar porque eram analfabetas...
EliminarNão me recordo, mas é possível que a "nossa" leiteira vimaranense também tivesse chegado aos anos 70 a exercer a profissão.
Bom resto de semana.
Ainda bem lembro, em Alvalade, das leiteiras e dos leiteiros, com estes jarros e uns púcaros nos quais mediam o leite que vendiam. Acho que se abasteciam na UCAL. Depois, quando foi proibida a venda de leite a retalho (parece que havia grandes mixórdias...), os mesmos vendedores passaram a vender garrafas de leite, que deixavam às portas das casas. Acho que o pagamento era feito semanalmente ou quando as pessoas estavam em casa. O mesmo com o pão.
ResponderEliminarAs cédulas são bem engraçadas.
Boa semana!
Em Lisboa, já não apanhei essa fase, a Ucal dominava com os pacotes de plástico. Mas recebia o pão via padeiros ambulantes, e de boa qualidade. Ainda os ardinas também vinham, de porta a porta, entregar os matutinos - as manhãs estavam asseguradas..:-)
EliminarRetribuo, cordialmente.
Os ardinas tinham que ter pontaria para atirar os jornais para as varandas. E para algumas bem altas. :)
EliminarBom dia!
Ainda quanto à UCAL: antes dos pacotes de plástico, de que já não lembrava, havia umas garrafas de vidro de 1 litro, que eram fechadas com uma prata com a data do leite ou o seu prazo de validade. Parece que algumas tb eram objeto de vigarice.
EliminarBom dia!
O meu primeiro ardina lisbonense tinha uma pontaria impecável para a varanda do 2ºandar!
EliminarE ainda me lembro bem dessas primeias garrafas de vidro da Ucal.
Bom resto de dia.