O homem era discreto e cliente habitual do pequeno quiosque, que costumo frequentar. Não lhe conhecia extravagâncias nem demasias que não fossem esperadas. Mas também estou habituado a que falem ou me respondam, às vezes e inesperadamente, em verso - para alguma coisa e com motivo dizem que somos um país de poetas e desgarradas...
Convencionalmente, na loja e à saída, eu despedi-me dos outros fregueses com um Feliz Natal. Mas quedei-me na soleira da porta, antes de enfrentar o manto leitoso de nevoeiro, ao ouvir um trautear poético do tal cliente discreto. E até lhe fixei a quadra imperfeita, que, na altura, achei bonita:
Há que medir a vontade:
de sossego ou de distúrbio
- escolher
o natal que se procura.
E, intimamente, até concordei com ele.
A sua expressão, o manto leitoso de nevoeiro, recordou-me de Carl Sandburg um
ResponderEliminarpequenino poema: Nevoeiro / O nevoeiro vem /com pèzinhos de gato /Senta-se,
calado,/ a olhar o porto e a cidade. /Depois, vai-se embora.
Um bom dia, com duas poesias, talvez inesperadas.
Foi dos meus primeiros contactos com a poesia norte-americana, e ainda hoje um dos meus poetas favoritos.
EliminarObrigado.
Boa tarde.
E por falar em nevoeiro, deixo aqui um haiku do Matsuo Bashô:
ResponderEliminaroh estes bancos de nevoeiro
sempre a tentarem mostrar
novas paisagens!
🎄
Era um atento e minucioso "pintor" da natureza..:-)
EliminarAgradeço, cordialmente.
Também concordo com a quadra.
ResponderEliminarBom Natal, HMJ e APS!
Gratos, enviamos um abraço natalício!
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