Há já largos meses (mais de um ano?) que não leio um romance, novela ou um conto que me agrade inteiramente. Uma obra de ficção, em suma.
Será uma verdade, à marechal de La Palice, eu dizer que o que distingue uma obra ficcional, de uma biografia, é sabermos que, nesta última, as personagens que a integram existiram e os factos foram reais. Há, no entanto, em toda a literatura, obras híbridas, em que a ficção e a realidade se entrelaçam, numa harmonia perfeita. Estou a lembrar-me, por exemplo, de "Viagens na minha Terra", de Garrett, ou de "Os cadernos de Malte Laurids Brigge", de Rilke, para referir apenas dois casos.
É este hibridismo perfeito, segmentado, embora com maior peso biográfico, e que, pela antologia valeriana (ficção, poesia e ensaio) se torna compósito, que caracteriza o livro que ando a ler, com imenso agrado. Intitula-se "Paul Váléry" (Editions Pierre Charron) e foi (bem) escrito e organizado por Pierre Caminade. E que recomendaria, não fora o facto de ter sido publicado em 1972, sendo por isso, decerto, difícil de encontrar.
Para além disso, é um prazer folheá-lo: é uma edição cuidada, tem ilustrações invulgares e bonitas, vendo-se que foi produzido por quem tinha muito bom gosto estético.
A capa é original.
ResponderEliminarÉ o Mediterrâneo, provavelmente, visto de Sète. Mar, de que Valéry gostava imenso.
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