segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Da Janela do Aposento 40: Exorcismos, a montante 1



Uma boa conversa entre amigos consegue, com frequência, esse prodígio de nos elevar, à semelhança da imagem, e olhar para as nossas vidas numa perspectiva sublimada, embora partindo de coordenadas muito rasteiras e contidas no recente jargão "a montante" e "a jusante". 
De experiências vividas em comum, "a montante", o meu amigo lembrou-se, com a sua perspicácia, do poema "Exorcismo" de C. Drummond de Andrade, que se reproduz na íntegra:


A elevação, a propriedade e a devastadora ironia do poeta sobre os desvarios do(s) estruturalismo(s) e de linguístas permitiu-nos, à distância e com boa disposição, recordar os exorcismos.
Convenhamos que, no meio desta "floresta de enganos", a pretensa polémica sobre o Acordo Ortográfico representa, somente, um acidente de percurso menor e uma acha para a fogueira de certos poetas do actual regime.
De facto, o grito de Drummond de Andrade já nos libertou, a nós, mas, "a jusante", o desvario continua, sob novas roupagens, a fazer os seus estragos e exorcismos, Dos "semas, sememas, semantemas" passamos aos "marcadores de discurso", e outras "cerejas" semelhantes, porque ainda não se compreendeu bem o sentido último do poema.
Libera nos, Domine !

Post de HMJ 

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