segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A obesidade portuguesa e a dieta francesa

Ontem, ao ver, na televisão, o numeroso cortejo de carros ministeriais portugueses, onde predominavam os BMW e os Mercedes Benz, luzidios e alguns topo de gama, não pude deixar de pensar na França e em François Hollande (1954).
Em cerca de 4 meses de exercício, como Presidente da República francesa, cerca de 3/5 das promessas eleitorais de Hollande foram já cumpridas. E as medidas contra o despesismo do Estado continuam a ser postas em prática.
Os ordenados dos Ministros foram reduzidos em 30%. A frota ministerial de automóveis passou de 119 para 91 viaturas. Nas Empresas Públicas francesas foi abolido o chamado "carro de empresa". O produto dos carros leiloados foi aplicado num Fundo de Previdência, destinado às regiões mais deprimidas.
Na carta, sucinta, que F. Hollande enviou, para a execução desta medida, afirmava-se que, para quem ganhava tanto, era bem possível comprar um bom automóvel...

6 comentários:

  1. Em Portugal há sempre um "lobys" que conseguem manter-se protegidos de tudo. Nunca percebi a maneira como se aguentam, mesmo no meio das crises. Acho vergonhoso e as próprias pessoas que beneficiam desses privilégios deviam ter vergonha na cara. Mas não têm...

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  2. País pequeno, em Portugal quase todos se conhecem uns aos outros - e se "protegem"...
    Mas, sobretudo e mais grave, é não haver coragem política.

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  3. O problema, no meu ponto de vista, é que para haver coragem política é preciso ter vontade e, neste caso pelo menos, ter ainda valores e princípios éticos. Ora aí está o que me parece que falta, num mundo onde o valor mais poderoso é o dinheiro. Desculpe-me a franqueza (e o cinismo) - é o meu lado de escorpião - mas acho que hoje em dia (mais do que noutros períodos históricos) só tem peso quem tem dinheiro ou outro tipo de poder (social, familiar, ...). Os restantes bem que podem gritar, que o que dizem não importa. Antigamente as pessoas tinham pelo menos medo de ir para o inferno e redimiam-se nem que fosse às portas da morte, agora a única coisa que os assusta é não ter dinheiro (ou poder, o que vai dar ao mesmo).

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  4. Concordo inteiramente consigo (o meu signo ascendente é Escorpião..:-)), Margarida. Houve uma inversão de modas (ou modos): nos anúncios, nos modos de comportamento (o arrôto, por exemplo, é um mal menor), os palavrões, as etiquetas das marcas à vista (já aqui falei disso). Mas o pior foi a anulação dos princípios e da Ética. As religiões, tirando o islamismo, perderam a força; as filosofias faliram, os exemplos morais escasseiam. Resta a educação familiar, no interior das casas. Mas, com os exemplos exteriores, até as crianças ficam confusas...
    Não sendo excessivamente optimista, tenho confiança que isto, por saturação há-de mudar. Não será já no meu tempo, mas talvez no seu.

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  5. Concordo. Espero que tenha razão. Relativamente aos meus filhos vou tentando dar-lhes valores, com maior ou menor sucesso. Pelo menos alguns vão entrando. Já inscrevi o meu filho na Religião Moral e na Catequese, para ver se tenho ajuda. Não sou uma católica muito praticante (e nem sempre concordo com a Igreja Católica), mas acho que o cristianismo tem valores de bondade e caridade que são importantes. Mas, nem a televisão, nem os computadores, ajudam. Os miúdos estão cada vez mais materialistas. É assustador.

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  6. Creio que fará o que pode e o melhor que sabe, Margarida, cumprindo a sua obrigação. É a melhor base e fundamento. E, também, ensinar as crianças a pensar - que me parece ser importantíssimo.

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