terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio


Há qualquer coisa de rude, áspero e naïf que a sensibilidade sofisticada quase rejeita, como coisa não sua, nos murais de Orozco (1883-1949) e Diego Rivera (1886-1957), ou que os estudiosos consideram quase uma arte primitiva. Os académicos raramente falam deles porque, decerto, a sua estética subiu a outros patamares. Mais altos ou etéreos, onde o povinho não entra. Também falam pouco de Alfaro Siqueiros (1896-1974), em imagem deste poste, porque, no fundo, é da mesma família...
Os direitos dos trabalhadores foram conquistados, penosamente, através de lutas, persistência, prisões, mortes, enormes sacrifícios, e muito lentamente, a partir do séc. XIX. Também em Portugal e, por isso, este dia é uma festa que celebra a alegria, mas também o longo sacrifício que lhe deu origem. Posso afirmar por mim, convictamente que, neste ano da graça de 2012, os trabalhadores, de um modo geral, têm menos direitos e garantias do que tinham em 1972, ou seja, há 40 anos. A "viradeira" foi rápida.
Assim faz sentido eu ter usado, para imagem do poste, este pormenor dum mural de Siqueiros, porque quase se voltou à estaca zero. E é preciso recomeçar...

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