terça-feira, 10 de abril de 2012

Civilidade (22) : protocolos


"...He de grande incivilidade o puchar pela capa, manga ou outra qualquer parte do vestido a huma pessoa qualificada, quando lhe quisermos fallar..." - era isto norma de etiqueta e boa educação, em 1788. Admito que ainda hoje o seja. Mas, muitas vezes, os códigos alteram-se com o tempo. O que hoje pode ser um ritual de conduta e conveniência - sinal de deferência e respeito -, amanhã, poderá ser considerado absurdo, uma bizantinice e ser motivo de chalaça e ridículo.
Há pouco tempo, foram notícia, as gaffes protocolares do casal Obama, na Inglaterra. A mais badalada terá sido Michelle Obama ter passado o braço sobre as costas da raínha Isabel II que, num raro momento de fraternidade democrática, correspondeu quase de imediato para desfazer o "caricato" da situação. Mas todos sabemos que, neste particular, os americanos são extremamente naturais, "naives e rurais", e democráticos.
No passado mês de Março, saíu um livro do embaixador português José Bouza Serrano, intitulado " Livro do Protocolo ". Por mero acaso, num zapping televisivo, assisti a parte de uma entrevista do embaixador,  que é também chefe do protocolo do PR, para publicitar a obra. O homem era afável (compreende-se), monárquico, interessante no falar, embora afectado demais para o meu gosto. Mas gostei de o ouvir e fiquei com curiosidade de folhear o livro.
Poucos dias depois, na FNAC, peguei na obra e dei-lhe uma vista de olhos, mas o preço (32,00 euros) dava-me para comprar 1 ou 2 livros do séc. XVIII, num alfarrabista, e desisti de a comprar. Afortunadamente, um Amigo meu comprou-a, leu-a rapidamente, e emprestou-ma. Vou no princípio, mas já deu para algumas reflexões e perplexidades. Sobretudo na questão das precedências protocolares. Por exemplo, no protocolo oficial da República Portuguesa as cabeças coroadas (portanto, não eleitas) têem prioridade sobre os Presidentes da República (eleitos), até de outros países. Como é que este feudalismo obsoleto subsiste? Só se for para dar substância  às historinhas infantis...

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