Será um crime de lesa-majestade, mas nunca fui grande apreciador de Jorge Luis Borges (1899-1986). A prosa tem algo de funâmbulo erudito, discretamente exibicionista, e a poesia dele sempre a achei excessivamente literal, rasteira e prosaica. São gostos...
Mas há duas pequenas situações, referidas por Graham Greene (1904-1991), que o conheceu pessoalmente, e que o escritor inglês integrou numa pequena palestra feita na Anglo American Society, em 1984, sobre o artista argentino, que merecem ser lembradas (são transcritas da versão brasileira, daí porventura a discrepância ortográfica). A primeira é uma espécie de programa de intenções que Borges entende como razão maior e motivo da sua obra: "Não escrevo para uma minoria seleta, que nada significa para mim, nem para aquela adulada entidade platônica conhecida como «As Massas». (...) Escrevo para mim e para os meus amigos, e escrevo para facilitar a passagem do tempo." O segundo episódio é mais doméstico. Segue: "...Certa vez, durante o segundo período de Perón, ele (J. L. Borges) vivia com a velha mãe, e receberam um telefonema misterioso. Uma voz de homem disse: «Vamos matar você e sua mãe.» A mãe de Borges respondeu: «Eu tenho noventa anos, portanto é melhor vocês se apressarem. Quanto ao meu filho, será fácil para vocês, pois ele é cego.»" e G. Greene termina dizendo: "Isso, creio eu, dá uma imagem do que era a sua família."
Gosto de um ou outro poema de J.L.B.
ResponderEliminarE gostei deste post.
Boa noite!
Obrigado, MR.
ResponderEliminarE uma boa noite, também, para si!