domingo, 28 de agosto de 2011

Divagações 12 ( em 2 andamentos, com nocturno)


Se eu conservasse a secretária arredada de livros e papéis, "talvez fosse feliz (F. Pessoa)". Faltariam talvez as concordâncias ou, porventura, o poema que procurei, incansavelmente, folheando os 4 livros, mas o verso estava longe - havia que criá-lo, com tempo e maré.
Repor os lugares não é tarefa fácil, porque os objectos se acomodam rapidamente a outras vizinhanças, num mimetismo dissimulado que não destoa na paisagem. Se a leste, ontem, o céu podia ser de Turner (rosa, laranja, cinzento e azul breve), dez minutos depois já se tinha transformado.
Recolocar os cinzeiros, na estratégia habitual, terá sido o mais fácil, do cenário, após o inventário, assim como ocupar o silêncio e fazer nascer o vento, através da casa. Abrir as janelas e varandas. O cavalo sai por entre as árvores, carregado de neblina, como se fosse branco ou de mármore. Move-se lento, mas definitivo em direcção à noite de Verão.
Hypnos, hippo.

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