quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Recomendado : Três - George Steiner


"É bem possível que a erudição mais elevada seja tão rara como a grande arte ou a grande poesia. Alguns dos dotes e qualidades que exige são óbvios: uma capacidade de concentração excepcional, uma memória poderosa mas minuciosamente precisa, finura e uma espécie de cepticismo piedoso a manejar a demonstração e as fontes, clareza na apresentação. ..."
(George Steiner, in "George Steiner em The New Yorker", pg. 271)

Eu gosto do vento. Acho que sempre gostei do vento, mesmo quando ele é agreste, como numa noite de Agosto, em Blankenberge que, de tão frio, me chegou aos ossos. Perdôo-lhe essa algidez tão intensa, que quase me pareceu mortal: precisa, certeira, no limite. Sem agasalho nenhum, nessa praia do Mar do Norte.
O pensamento de George Steiner (1929) é, também, preciso e certeiro no seu objectivo, mas não será final. Se E. M. Cioran, depois de Camus, foi meu guia (até por oposição) desde meados dos anos 60, Steiner continua a ser, felizmente ainda vivo, o meu mestre de ideias, de itinerário, de aviso, nesta viagem que se acaba com a morte. Porque transmite a sua lucidez de espírito que se vai reflectir no leitor, mas também essa alegria, juvenil ou madura (pouco importa) de viver. Aconselho, por isso, vivamente o livro "George Steiner em The New Yorker", da Gradiva, com excelente tradução de Miguel Serras Pereira e Joana Pedroso Correia, saído em Junho deste ano da graça de 2010.

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