terça-feira, 28 de setembro de 2010

Jacarandás, estorninhos e a O. C. D. E.


Timidamente, os jacarandás refloriram e os estorninhos regressaram à boa visibilidade lisboeta. Na Av. 24 de Julho, com atenção, já se podem descobrir no seu renascimento de memória biológica (vide Arpose, 15/6/2010, Dário Castro Alves) e genética brasileira, os cachos azúis e lilazes floridos, esparsos ainda, por entre a folhagem.
Vi também 4 ou 5 estorninhos, discretos, vindos de uma frondosa "ficus ficus", quase no Chiado, atravessar para o jardim da casa, que foi de nascimento, do Conde de Farrobo. Não eram ainda aquelas nuvens densas que se cruzam e recruzam, sobre o Tejo, ao fim do dia, entre Outubro e Novembro. Mas deu para perceber, além da temperatura, que Lisboa entrara no Outono.
Depois, no Telejornal, veio um senhor mexicano (de "paupérrimas feições"[ Guimarães Rosa]) da O. C. D. E., mas sem "sombrero", falar aos portugueses do "Inverno" que se aproxima rigoroso e inevitável, e como contrariá-lo: mais IVA, mais IMI, mais IMT... Raio de globalização, onde até os mexicanos nos vem dar receitas para viver!...
Olho para o semi-círculo de luzes que, no escuro e ao longe, demarcam o Tejo e a terra firme ribeirinha. O luar e o céu limpo deixam ver Palmela das almenaras do Condestável , para dar coragem a D. João I, cercado em Lisboa pelos espanhóis, e digo para mim mesmo: ao menos, deem-nos uma estação de cada vez! Senão, morremos todos embuchados.

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