sábado, 14 de agosto de 2010

O outro lado do espelho, ou diário de uma jovem irreverente, com pretensões intelectuais


Venho pr'a janela fumar um Marlboro, como se fosse um charro às escondidas...Os cotas, que são uns chatos do caraças, não querem que eu fume dentro de casa. Agora à noite não está vento nenhum: que seca! Lá à frente, na varanda branca, lá está o velhadas do costume. Fuma cigarros, uns atrás dos outros, pousa o antebraço esquerdo no murete da varanda e, às vezes, escreve - que cena!...Tem um pequeno foco de luz que eu não consigo ver ( deve ser daquelas lâmpadas solares que eu vi na Ikea: são o máximo!...), mas que ilumina o interior da varanda. O raio do velho traz sempre qualquer coisa para beber: caipirinha ou mojito? Se calhar é como a Macieira que o meu velho não dispensa depois do jantar...
Lá vai o velho pr'a dentro! tem pernas elegantes pr'a idade: tem pr'aí 70 anos, mas anda depressa, o sacana. O cabelo é curto, mas inteiro, e parece que tem bigode - é daqueles gajos que pararam nos anos 70, e sem brincos, nem piercings; a única excepção é o Paulo de Carvalho, o "velhinho moderno". Mas há uma coisa na varanda defronte, do velhadas, que eu gosto. é o bonsai de que eu vejo a copa, só. O resto está tapado pelo murete. Também vejo umas flores brancas, mas não sei o que é. "Que se boda!", como diz o Zé, que é do Porto, e fala mal comó caraças. Mas eu hoje estou chateada, prontos! Falta-me aqui, também o H. que só regressa pr'a semana. E com estas já fumei três Marlboros, mas os cotas dos meus pais não deram por nada. Estão quadrados na telenovela! Eu não quero morrer assim. O que vale é que vou morrer nova.
Até amanhã, meu querido diário,
"aguiazinha".

3 comentários:

  1. :)
    E eu não conhecia este quadro de Magritte.

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  2. E eu também não. Nem a "aguiazinha"... mas julgo conhecer aquele que chega para a semana... Um abraço... e já agora manda uma saudação ao velhadas da varanda vista ao espelho.

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