Venho pr'a janela fumar um Marlboro, como se fosse um charro às escondidas...Os cotas, que são uns chatos do caraças, não querem que eu fume dentro de casa. Agora à noite não está vento nenhum: que seca! Lá à frente, na varanda branca, lá está o velhadas do costume. Fuma cigarros, uns atrás dos outros, pousa o antebraço esquerdo no murete da varanda e, às vezes, escreve - que cena!...Tem um pequeno foco de luz que eu não consigo ver ( deve ser daquelas lâmpadas solares que eu vi na Ikea: são o máximo!...), mas que ilumina o interior da varanda. O raio do velho traz sempre qualquer coisa para beber: caipirinha ou mojito? Se calhar é como a Macieira que o meu velho não dispensa depois do jantar...
Lá vai o velho pr'a dentro! tem pernas elegantes pr'a idade: tem pr'aí 70 anos, mas anda depressa, o sacana. O cabelo é curto, mas inteiro, e parece que tem bigode - é daqueles gajos que pararam nos anos 70, e sem brincos, nem piercings; a única excepção é o Paulo de Carvalho, o "velhinho moderno". Mas há uma coisa na varanda defronte, do velhadas, que eu gosto. é o bonsai de que eu vejo a copa, só. O resto está tapado pelo murete. Também vejo umas flores brancas, mas não sei o que é. "Que se boda!", como diz o Zé, que é do Porto, e fala mal comó caraças. Mas eu hoje estou chateada, prontos! Falta-me aqui, também o H. que só regressa pr'a semana. E com estas já fumei três Marlboros, mas os cotas dos meus pais não deram por nada. Estão quadrados na telenovela! Eu não quero morrer assim. O que vale é que vou morrer nova.
Até amanhã, meu querido diário,
"aguiazinha".
:)
ResponderEliminarE eu não conhecia este quadro de Magritte.
E eu também não. Nem a "aguiazinha"... mas julgo conhecer aquele que chega para a semana... Um abraço... e já agora manda uma saudação ao velhadas da varanda vista ao espelho.
ResponderEliminarObrigado,meus Amigos.
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