sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Filatelia I : o princípio


Gravo, para memória futura, que o início da minha colecção de selos data dos meus nove anos de idade. Se não tiver sido assim, a verdade e a data andarão por perto. E, é essa, pelo menos a referência objectiva que tenho: compraram-me o primeiro catálogo, nesse ano (ou no anterior) - Catálogo do Mercado Filatélico de 1953.
E foi a Nini (não a do Paulo de Carvalho!) que me passou o gosto. Era a mais velha das meninas Coelho, que moravam na minha rua. E a casa onde viviam, alta e matriarcal (5 contra um Pai). Desde muito pequeno, sempre lá me senti bem-vindo. Eu era uma espécie de mascote masculino num universo, marcadamente, feminino. Deixavam-me ler as revistas brasileiras do Capitão Marvel (Shazam!), contavam-me histórias, davam-me rebuçados, mostravam-me o fabuloso sótão (que a minha casa não tinha), e também brincavam comigo no quintal que tinha um baloiço vermelho enorme para a minha pequena altura.
Os primeiros selos que tive, foi a Nini quem mos deu, dos repetidos que tinha na colecção dela: de Portugal, da Polónia e da França. E foi por aqui que eu comecei a gostar, particularmente, dos selos gravados portugueses e dos talhe-doce franceses, que eram uma fascinação visual, para mim. Ainda hoje são, embora, pelo custo da produção, sejam raramente feitos por esse processo delicado. Também me lembro ainda como arranjei ou comprei alguns, ao longo da minha vida de filatelista amador. Porque os grandes filatelistas têm nome conhecido: Brigadeiro Cunha Lamas, A. H. de Oliveira Marques, C. George...
Mas é melhor começar pelo princípio, e reproduzir alguns exemplares da minha colecção. À cabeça, o 25 réis D. Maria II (que com o 5 réis foram os primeiros a ser emitidos) de Julho de 1853. Segue-se, à sua direita, o 100 réis, lilás, de D. Pedro V. Os restantes são já todos de D. Luís. De início, os selos eram cortados da folha, à tesoura, daí terem tamanho de margens muito variado. O denteado, que facilita a separação, só veio a ser utilizado, pela primeira vez, na emissão de D. Luís, fita curva, de 1867-70.

P.S.: este poste responde a ms que, há uns meses, me perguntou porque não falava de filatelia, no Arpose. Disse-lhe, na altura, que era um nicho cultural que interessava a pouca gente. Mas também é verdade que a filatelia se entrelaça na minha vida. E é, muitas vezes, um calmante natural. Por isso, hoje, não resisti, ms.

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