Já aqui falei do poeta inglês Alan Brownjohn (1931), e lhe traduzi um poema, no Arpose, em 26/5/2010. Na poesia britânica do séc. XX, é um dos meus predilectos. Os seus poemas ilustram bem esse lado descritivo ou narrativo, característico em grande parte da poesia inglesa do último século. Esse registo realista não exclui, porém, outras suprarrealidades. O real é muitas vezes um ponto de partida irradiante. Como neste poema, "The Situation", que passo a traduzir.
Ora aconteceu que as primas não vieram
E assim nunca soubemos como eram.
Nunca iniciaram o passeio que havia de trazê-las
Até aqui, para junto da fonte impetuosa, ou
Para que segurassem a cerca nas suas mãos adultas.
Este jardim não pode ser lembrado sem o seu riso,
Por isso elas são ainda uma possibilidade:
Depois de nos desiludirmos dos homens,
Dos cães e das viagens, da própria imobilidade,
Das nossas cadeiras de braços viremos a saber
Que nos restam as primas; que, nesse dia, deviam
Ter vindo e não vieram, mas que estão lá ainda.
Bonito. E só tenho lido Alan Brownjohn através dos seus posts. Thanks!
ResponderEliminarYou're Welcome.
ResponderEliminarÉ um bom poeta, o Brownjohn, que se ganha melhor, normalmente, à segunda ou terceira leitura - como ele, aliás, recomenda.