terça-feira, 8 de junho de 2010

Maguerite Yourcenar


Marguerite Yourcenar nasceu a 8 de Junho de 1893, na Bélgica, e veio a falecer nos Estados Unidos em 17 de Dezembro de 1987. Da sua obra, não muito vasta, destacaria, pessoalmente, "Golpe de Misericórdia", "A Obra ao Negro" e "Memórias de Adriano". No final deste último livro, Yourcenar inclui uma adenda intitulada "Apontamentos sobre as Memórias de Adriano" de que passo a citar um pequeno excerto:
"Tudo nos escapa, e todos, e nós mesmos. A vida do meu pai é-me mais desconhecida que a de Adriano. A minha própria existência, se eu quisesse escrevê-la, seria reconstituída por mim, de fora, penosamente, como a de outra pessoa; teria que recorrer a cartas, a lembranças de outrem, para fixar essas flutuantes memórias. Nunca são mais que paredes desmoronadas, divisórias de sombra. Conseguir que as lacunas dos nossos textos, no que se refere à vida de Adriano, coincidam com o que teriam sido os seus próprios esquecimentos."

8 comentários:

  1. Gostei muito do «A Obra ao Negro». É um livro magnífico. Já as «Memórias de Adriano» comecei, por várias vezes, a lê-las, mas acabo sempre por desistir. Ainda não percebi bem porquê...
    E concordo que tudo nos escapa, e todos, e nós mesmos. (Pelo excerto que transcreveu palpita-me que os apontamentos conseguem ser mais interessantes que o próprio livro. Estou certo?)

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  2. Este excerto é magnífico.
    Na verdade quando se estuda um tema ou um personagem, ele passa a fazer parte da nossa vida.
    Quanto às 'Memórias de Adriano' é um dos livros de que mais gostei de ler.

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  3. Nesta foto, Yourcenar tem qualquer coisa de 'russo'.

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  4. E hoje em Tivoli, Yourcenar andou várias vezes no meu pensamento. Memórias...

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  5. Para JAD:
    As palavras são como as cerejas... Ao ler as suas vieram-me à ideia uns versos de Sá de Miranda. Aqui vâo:
    "...que não volve atrás ninguém;
    bebemos das bem-querias,
    que cada um consigo tem;"
    (são da Écloga Basto)

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  6. Para MR:
    as "Memórias..." são para mim o primeiro, seguido de muito perto pel'"A Obra...". O primeiro parece-me também mais luminoso e mediterrânico;o segundo, mais nocturno, mais Europa do norte (perdoe-me as metáforas...).
    Aparentemente a Yourcenar não tem ascendentes eslavos: pai francês, mãe belga e familias anterores,idem. Talvez o gorro e os olhos excessivamente claros...

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  7. Para c. a.:
    os apontamentos são, realmente, muito interessantes. Sobre as "Memórias...", se tiver a edição portuguesa da Ulisseia(1983) tente ler a pg.17; na "Poche", nº221/222, o último parágrafo da pg.25. Se os não tiver à mão, pode recorrer a um post do Arpose (8DEZ2009),Memória 4- desculpe a publicidade... São duas frases de prosa pensada,magníficas.

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