São escassas as informações biográficas sobre Juan Ruíz, Arcipreste de Hita, e, aquilo que se sabe, é ele que no-lo diz no seu "Libro del Buen Amor" - título que não é, aliás, da sua autoria, mas de estudiosos posteriores da sua obra. Da sua vida sabe-se que terá vivido entre 1280 e 1350, que terá nascido em Alcalá de Henares, e que tinha bons conhecimentos de música. Estudou em Toledo, esteve preso e foi na prisão que escreveu a sua obra. O "Libro del Buen Amor" tinha como objectivo, através dos exemplos narrados, salvar as almas através do repúdio do "loco amor (pecado)". A obra é composta por poemas muito diversos que vão da sátira ao lirismo, colhem referências de Ovídio, de exemplos e apólogos. Embora apologético, lê-se sem fastio, mercê do seu ritmo ágil e da linguagem simples, fresca e chã. O "Libro del Buen Amor" é considerado um dos mais importantes da literatura medieval espanhola. Traduzimos "Ensiemplo del alano que llevaba la pieza de carne en la boca".
Alão carniceiro à beira de um rio andava
uma peça de carne na boca levava
com a sombra na água outra lhe parecia
cobiçou alcançá-la, caíu-lhe a que trazia.
Pela sombra enganadora e cuidar em vão
a carne que tinha, perdeu-a o alão,
não teve o que queria, foi mau cobiçar
perdeu o que tinha julgando ganhar.
Assim acontece sempre ao invejoso
pensando ganhar perde o mais precioso.
Desta ruim raíz nasce todo o mal
toda a má cobiça é pecado mortal.
O mais e o menos que é apreciado
se o homem o teve por certo ganhado
nunca deve deixá-lo por um vão cuidado;
quem deixa o que tem é pouco avisado.
Gostei imenso.
ResponderEliminarObrigado,MR.
ResponderEliminarIdem.
ResponderEliminarAinda bem, c.a..
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