sábado, 31 de agosto de 2024

Diálogo de final de Agosto



O patrocínio de Cícero (103-43 a. C.) impunha-se até por questões geriátricas, na conversa. Antes, viera o nome e dois poemas de Eugénio. Ao tribuno romano, seguiu-se, naturalmente, Beauvoir por causa de La Vieillesse, na minha opinião, obra bem mais conseguida na caracterização dessa idade. Lembrei-me também do mau envelhecer de Yeats. No diálogo de amigos, Camilo foi referido, nas leituras recíprocas; do outro lado, Sara, de Olga Gonçalves. E releituras que já íamos fazendo, por este final de Agosto.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Citações CDXCIV

 


A sabedoria das nações reside nos seus provérbios, que são breves e expressivos.

William Penn (1644-1718).

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

A evitar, absolutamente (7)

 

Cuidem-se os utentes!
Esta empresa (?) de transporte (?) de encomendas GLS, quanto a eficácia e competência, é péssima e inqualificável quanto à baixa qualidade do serviço. De 4 encomendas (2 da Alemanha, 1 da Bélgica e outra de Portugal) que lhe foram confiadas, para me serem entregues, apenas a última me chegou às mãos.
Acresce que, quanto a contactos, do lado de lá, eles ocorrem entre grunhos e um português mascavado e rude. Os agentes de transporte (a que eu chamaria carrejões) não entregam a encomenda directamente, ainda que seja de valor, não se preocupando com uma simples assinatura comprovativa de entrega. Deixam o produto à porta da rua ou no elevador. E o receptor que faça o resto...
Evitem o GLS, que nem no terceiro mundo devia ser autorizado a funcionar!






quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Miscelânea de diversos temas

 

Arrumem-se os diversos, mesmo incompatíveis:

1. A minha próxima troca de computadores pressagia uma eventual perturbação ou pausa no exercício ou actividade normal do Arpose. Esse computador, enorme, que me acompanhou tantos anos, merece o meu grato reconhecimento.

2. Como em quase todos os blogues há rémoras, também nas ditas "cartas ao director" há fala-baratos fiéis. Há, no jornal Público, um poveiro Ademar, de quem até já fixei o nome e apelido (Costa) que dialoga sobre tudo: desde o Dia do Cão até ao recente sismo, que nos atingiu. É, sem dúvida, um incontinente feliz.

3. Que me desculpem os fãs da criatura, mas eu acho que o Rangel, além de menor em vulto, é foleiro.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Camiliana

 

Por coincidência curiosa, num pequeno período de tempo, adquiri três livros de e sobre Camilo Castelo Branco (1825-1890). Ora, para além de uma larga estante independente que alberga a colecção Vampiro, a XIS e outros livros policiais, com cerca de mil pequenos volumes, Camilo é o único autor que goza de uma confortável autonomia no arrumo da sua obra, num só armário aberto, com quatro prateleiras, de 1,05 m. de altura x 40 cm. de largura e 28 cm. de fundo, onde se encontram também estudos camilianos ou correlativos. É sem dúvida o escritor português que maior espaço ocupa na minha biblioteca. Eça, nem sequer se aproxima.
Dizia Óscar Lopes (1917-2013): "E continua a haver quem seja camiliólatra ou queirosólatra, não digamos que com a mesma paixão de um benfiquista ou sportinguista..." Não será o meu caso*, certamente, mas a superfície camiliana terá a sua importância no deve e haver bibliográfico da biblioteca. E recordo que a primeira novela que li de Camilo terá sido "O Retrato de Ricardina".

* há alguma proximidade de registos numéricos, no Arpose: Eça tem 68 entradas e Camilo 75. 

Para remate, gostaria de trazer aqui à colação uma pequena reflexão realista de João de Araújo Correia, inserta em "Uma sombra picada das bexigas" (pg. 120), assim: "No tempo de Camilo, pouca gente saberia ler. Mas se não lia mais do que hoje, lia muito melhor."

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Ponto de situação

 

As coisas já não são o que eram. E o tempo desabituou-se da rotina, ultimamente.
Costumava eu dizer que nunca me constipava entre Abril e Setembro mas, nos anos mais recentes, até esta regra se quebrou.
Habituei-me também a situar os sismos, em terras portuguesas, por entre os meses de Novembro a Março. Puro erro de cálculo: neste século XXI, já por duas vezes, pelo menos, a terra tremeu em Agosto.
Hoje, de madrugada, pouco passava das 5h00, lá me oscilou a cama de Norte para Sul (e vice-versa) e as portas bateram, uma e outra vez (em réplica). Vim a saber depois que o sismo era de magnitude 5,3. E que o epicentro se situara a Oeste de Sines. Os barulhos e movimentos domésticos provocados deram ao menos para acordar. E confirmar a ausência de regras, neste particular...

domingo, 25 de agosto de 2024

Carl Czerni (1791-1857)


Música para o último Domingo de Agosto.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Registos

 


De Eugénio de Andrade (1923-2005) eu poderia lembrar dois percursos reais. Do Porto e pedestre, da rua Duque de Palmela até ao Café Majestic. Em Lisboa, do Café Canas, de táxi, para a travessa das Mónicas.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Pinacoteca Pessoal 206

 

O pintor britânico Michael Andrews (1928-1995) sendo embora pouco conhecido na Europa, é bastante considerado no Reino Unido. Profissionalizou-se na Slade School of Fine Art, onde teve como professor Lucian Freud (1922-2011), entre outros. Mais tarde, viria a consolidar os seus conhecimentos em Itália.



Para lá da ilustração de alguns livros (capa de The Penguin Book of Contemporary British Poetry, 1962), foi professor na sua antiga escola. A sua obra tem um pendor paisagístico, mas contempla também grupos sociais.
O último quadro, que aqui se mostra, pertence ao acervo do Museu Thyssen.



quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Citações CDXCIII

 

A forma é a própria carne do pensamento, tal como o pensamento é a alma da vida.

Gustave Flaubert (1820-1880), in Correspondance.

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Mercearias Finas 202


Gosto de provar vinhos estremes para ficar a ter uma ideia sobre o sabor e características originais das castas.

Não sendo eu um aficionado dos Vinhos Borges, tenho que abrir, hoje, uma excepção e render preito de homenagem à empresa vinícola por um monocasta que me recomendaram, amigavelmente, num restaurante da rua de Santa Marta, para acompanhar uma bem cozinhada Vitela à moda de Lafões, aqui há tempos. Branco, que foi o que pedi, veio um Dão Encruzado 2023, S. Simão da Aguieira que, com 13º, estava óptimo. E, embora nunca o tenha visto à venda, recomendo-o indiscutivelmente pela sua qualidade natural.



De igual forma e estreme também, mereceu a minha aprovação inteira um Touriga Franca tinto 2020, do Douro "Cevêr" da Empresa Familiar Alzira Santos e Pedro Seixo, da Quinto do Outeiro - Medrões. Pela sua corpulência (15º), ninguém diria do seu aveludado sabor com taninos bem domados. Fez assim muito boa companhia a uns Frikadellen (Deutsches Beefsteak)*.  E, como estávamos em dia acalorado, não foi pecado, ter posto este néctar no frigorífico cerca de 45 minutos, coisa que nunca faria, se fosse Inverno.

* que, por cá, muito inferiores de manufactura, dão pelo nome de "hambúrgueres".

Aqui ficam duas recomendações pessoais de vinhos monocastas que me agradaram muito, nestes últimos tempos.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Recuperado de um moleskine (45)



 A Matilde tem um olhar luminoso, que destrói qualquer sombra passageira e negra das proximidades. Talvez venha do sorriso que nunca lhe abandona o rosto. Deixei-lhe o que podia: um pequeno jardim zoológico composto de um cão e um gato a pedido, um elefante azul e um rinoceronte branco. A que ela juntou uma vistosa galinha avermelhada. 
Tudo em plasticina e afecto. 

Alain Delon (1935-2024)



Os papéis de Rocco e Tancredi em filmes realizados por Visconti, bastariam talvez para perpetuar a figura de Alain Delon, actor franco-suiço que, hoje, abandonou a vida, na sua realidade fatal.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Últimas aquisições (53)

 

Recém chegados do Porto, estes dois livros que se fizeram acompanhar, graciosamente, de um marcador alusivo à sua origem. Tenho as melhores expectativas quanto à sua leitura próxima futura.



quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Apontamento 174: Wolf Biermann

 


Numa sequência do Apontamento anterior sobre a construção do muro, em 1961, que isolou o “sector soviético = antiga RDA” do resto da Alemanha, durante décadas do restante território conhecido pela RFA.

Verificou-se uma circunstância relevante para o esclarecimento da época do domínio da SED, na antiga RDA, com uma entrevista, publicada recentemente  pelo jornal DIE ZEIT, ao compositor, músico e cidadão de intervenção, Wolf Biermann

Wolf Biermann nasceu, em 1936, em Hamburgo, filho de judeu (morto em Auschwitz) e comunista, segundo consta da seguinte página de biografia: https://www.wolf-biermann.de/

O músico mudou para a RDA, em 1953, tendo sido proibido pelo regime de então de actuar no ano de 1965. Após uma actuação em Colónia, em 1976, tiraram-lhe a cidadania, passando a viver, entre outros, em Hamburgo, na Alemanha.

Wolf Biermann, profundo conhecedor da realidade do antigo sector soviético da Alemanha, forneceu umas breves máximas sobre a actual realidade política, cultural e social dos Estados da antiga RDA, a saber, a Turíngia, o Saxe e o Brandemburgo, com eleições previstas para o Outono.

Assim, Wolf Biermann considera, portanto, que muitos cidadãos da antiga RDA têm um problema com a Democracia. Segundo ele, os “cobardes passaram a rebeldes a viver numa democracia sem riscos. Lamentam-se das comodidades perdidas como colaboracionistas da SED  e os inerentes desafios da DEMOCRACIA que lhes estão completamente estranhos.”

Como cereja em cima do Bolo, Wolf Bierman consegue uma máxima que considero uma caracterização ímpar e de elevado sentido democrático: “o casal político do momento é Wagenknecht und Höcke”.

A saber, Sara Wagenknecht, do movimento com o seu nome BSW, antiga deputada do partido DIE Linke, “herdeira do Estalinismo do Comunismo Nacional, e Höcke, herdeiro do Nacionalsocialismo de Hitler”. Obviamente, não seria capaz de fazer uma síntese tão breve e esclarecedora. São anos de vivência e capacidade de observação e síntese.

Relativamente aos Estados da Alemanha, com eleições próximas: Turíngia, Saxónia e Brandemburgo, a que o cidadão Biermann se refere, apenas acrescento que são território de uma cultura antiga: Jena, Weimar, Leipzig, Dresden ….

O que haveria de responder a uma pergunta, oportuna, de uma pessoa de estima, questionado sobre o descalabro reaccionário de zonas tidas por berços de cultura ?.

Wolf Biermann responde: “o ódio e os ataques soezes serão transmitidos até à segunda ou terceira geração, em famílias com uma árvore genealógica totalitária e um enxerto democrático recente”.

Palavras de sabedoria que terminamos com uma canção de Wolf Biermann.

https://youtu.be/hbesjvJdQMY

Pot de HMJ

terça-feira, 13 de agosto de 2024

Apontamento 173: 13.8.1961 – Construção do Muro

 


Numa altura em que se recordam os ataques à vivência democrática, de livre expressão e circulação entre as populações do “sector soviético”, i.e. antiga RDA e a RFA, convém lembrar os efeitos nocivos da construção do muro.

Para além do assassinato de pessoas em fuga, basta lembrar o facto de as pessoas ficarem impedidas, por muitos e longos anos, de viverem em DEMOCRACIA.

Embora registando explicações nem sempre racionais, tenho muita dificuldade em aceitar como uma região tão marcada por políticas totalitárias se preste a abraçar novas figuras de semblante e postura pouco dadas a uma vivência democrática, mentalmente nada saudável e socialmente desumana.

Post de HMJ

segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Sugestão



Para um lanche ajantarado, frugal e saudável, e para nos compensar do calor excessivo. 

Esquecidos (18)

 

Soube, há pouco tempo, que um colégio lisboeta de referência, em relação à literatura portuguesa do século XIX, incluia no seu programa escolar apenas o estudo de Eça de Queiroz. Quanto ao século XX são contemplados unicamente Pessoa e Saramago. O panorama  público de ensino não será muito diferente... Perde-se assim um enquadramento e contexto temporal e cronológico de autores, bem como se soterram no esquecimento a maioria dos escritores nacionais. Mas creio que também Teixeira de Pascoaes (1877-1952), um mal-amado, nunca pertenceu ao cânone português das escolas. Muito embora tivesse merecido importantes estudos de Jacinto do Prado Coelho, Jorge de Sena, Mário Martins, Alfredo Margarido, entre outros ensaístas.
Prado Coelho refere a infância como sendo o tema central na sua obra poética, eu optaria antes pela temática da morte como omnipresente nos seus versos. Não sendo um modernista, a poesia de Pascoaes retém acentos de algum romantismo e, sobretudo, sinais de um simbolismo original e panteísta que difere muito do estilo da obra excessivamente marcada e artificiosa de Eugénio de Castro (1869-1944).
Como contributo de lembrança, aqui deixo um poema de Terra Proibida (1899):

Hora Final

Aí vem a noite... Sente-se crescer...
E um silêncio de estrelas aparece.
Quem é, quem é, meu Deus, que empalidece
E se cobre de cinzas, no meu ser?
Alma que se desprende numa prece...
Que suave e divino entardecer!
Como seria bom assim morrer...
Morrer, como a paisagem desfalece,
Morrer quase a sorrir, devagarinho.
Ser ainda do mundo pobrezinho
E já pairar, sonhando, além dos céus,
Morrer, cair nos braços da ternura;
Morrer, fugir, enfim, à morte escura,
Sermos, enfim, na eterna paz de Deus!

Citações CDXCII



Picasso disse: Demora muito tempo para nos tornarmos jovens. A juventude captura a nossa infância. Mas, com o tempo, a infância acaba por recuperar os seus direitos.

Jean Cocteau (1889-1963), in Journal d'un inconnu.

domingo, 11 de agosto de 2024

Rigor quando é possível


Até já, até logo, até mais, até ver, até sempre, adeus.
Em despedidas, eu tento ser exacto nas palavras que aplico, ao tempo de separação previsto.
Por isso, também costumo ser poupado nos verbos amar e adorar, que costumam ser usados  perdulariamente, por cá. Então, no Brasil, nem se fala na generosidade de mãos rotas, daquela gente exuberante e tropical...



sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Fruta



Estamos no período áureo da fruta - Julho e Agosto - em que a oferta é maior e mais diversificada.
Erradamente, pensava eu que aqueles pêssegos achatados eram oriundos do Peru, mas a D. Alice esclareceu-me que eram paraguaios, e hoje já se produzem em Portugal. E como a filha, que tinha andado por França e regressara, tinha os clientes controlados, na banca, foi-me dando algumas preciosas instruções sobre fruta. Melões, em que é especialista e acerta sempre nos que nos aconselha, peras, melancias, cerejas, castanhas e locais de Portugal donde são os melhores. A exemplo das castas de uvas e o terroir mais próprio dos vinhos. Arinto é Bucelas, tenho eu por certo.
Acrescente-se que a D. Alice já vai quase nos 90 e, no produtor que lhe fornece os melões (Ribatejo ou Alentejo), escolhe-os todos a dedo para a sua banca do mercado. Por isso, paga apenas mais 7 cêntimos, mas vale a pena, porque eles acabam por ser quase todos bons e saborosos para os clientes fiéis.

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Uma fotografia, de vez em quando... (186)

 

O italo-francês Walter Carone (1920-1982) é conhecido por ter dirigido o departamento de fotografia da revista Paris Match, bem como por ter colaborado no Photo Journal.




A vida quotidiana de Paris e muitas celebridades da época não escaparam à sua objectiva, em flagrantes curiosos e originais. A sua obra contempla também fotografias de Moda, de qualidade.




terça-feira, 6 de agosto de 2024

Cadê os cívicos?



Nos últimos anos só os tenho visto nas encenações vistosas da "estrada segura", via tv, pela Páscoa, Natal-Ano Novo e pela altura do início das férias grandes. Para além das suas manifestações corporativas e dos grandes jogos clássicos de futebol. Por aí, nunca faltam...
Mas hoje, ó milagre!, vi, ao vivo, 4 polícias 4!. 3 deles, ainda jovens tipo copinhos-de-leite, deliciavam-se ouvindo ruidosamente, no Chiado, um daqueles músicos chungas que encantam os turistas de chanatos e calções. Sem intervir, claro, e com respeito composto.
O outro, de meia idade, a meio da Avenida de Ceuta, na hora de ponta, fazia o meritório e difícil trabalho de disciplinar, sozinho, o trânsito norte-sul. E de forma eficaz.
Fazendo as contas, cerca de 25% da PSP é importante.

segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Nomes

 
Vim parar, acidentalmente mas por associação também, ao sufixo "linda" que proliferava, aqui há meio século, pelos nomes de muitas raparigas que conheci. Deolinda, Ermelinda, Florinda, Olinda, Teolinda... Hoje, talvez seja preciso coragem para os baptismos clássicos de Alice, Amélia, Fernanda, Glória, Rosa... Que também denunciam um certo bom gosto tradicional patronímico.
Já lá lembrava António Variações, com propósito e ironia, as vanessas mai-las albertinas, da moda na altura,,,

domingo, 4 de agosto de 2024

Divagações 196

 

Não é muito frequente, ao reler um livro ou rever um filme, eu encontrar-lhes o sabor de outrora. O tempo faz-lhes perder a frescura inicial, habitualmente, ou o meu cepticismo acentuou-se com o tempo, e já não perdoo os rodriguinhos ou a palha excessiva do entremeio...
Voltei a ver hoje, sem enfado, o North to Northwest (1959), de Alfred Hitchcock (1899-1980) que, do meu ponto de vista, pertence ao triénio dourado do realizador britânico: Vertigo (1958) e Psycho (1960), em volta que eu diria suprema. O elenco era muito bom, também.
Mas as cenas de Cary Grant (1904-1986) acossado e atacado no descampado, ou as peripécias no Monte Rushmore não deixam de ser inesquecíveis e geniais, para a história do Cinema.

A justa medida

 

Demasiada libertinagem na juventude faz secar o coração, mas demasiada contingência bloqueia o espírito.

Saint-Beuve (1804-1869), in Mes Poisons.

Desabafo (90)

 
As paisagens foleiras, com que o Google costuma abrir, para mim, fazem o supino do kitsch dos postais turísticos que por aí se vendem nas lojas de souvenirs, em todo o mundo.
Mas há quem goste muito e fique embevecido a olhar estas vulgaridades.

sábado, 3 de agosto de 2024

Notas de um quotidiano decadente 3: Quando o ruído é promovido a música, ”engano de alma ledo e cego”

 

Parece que o presente manifesto é uma continuação do desabafo anterior sobre as agruras de viver próximo de um quotidiano desregrado, incivilizado e sem respeito pelas regras de respeito do cidadão, tanto no subúrbio como no centro da capital.

De facto, é e não é uma sequência. Já explico.

Portanto, para além dos grunhidos dos jogadores, o bater sistemático das bolas no gradeamento, os utilizadores costumam trazer uns aparelhos, os tais que se vendem a tostões, para emitir uns ruídos. Não sei se nesta categoria de arruídos se enquadra o chamado RAP, possivelmente pela monotonia da lenga-lenga sem fim.

Ora, para quem tenha tido, tanto no ensino básico como no secundário uma sólida formação musical, sucede que tem uma enorme dificuldade de compreender esta promoção indevida de arruídos, monótonos e repetidos, a alguma regra básica de composição músical.

Infelizmente, esta indigência não nos consome apenas no tal mal-fadado “campo de jogos”, sofremos o mesmo, numa zona aparentemente nobre, o Chiado. Para quem passa por lá, depois do almoço, terá um quadro de indigência ruidosa idêntica. E, também, sem NENHUMA fiscalização das autoridades, aparentemente “focadas” no bem-estar dos residentes.

Lamento, mas não entendo, quem encontra em semelhante degradação um resquício, sequer, de música.

No momento em que escrevo, o energúmeno desandou, felizmente, levando o seu bisegre de ruído, permitindo que pudéssemos abrir as janelas e deixar o ar puro e o sossego entrar pela noite.

PS. A imagem é apenas uma das possíveis orientações musicais básicas do ensino oficial em Alemão.. Não me lembro de ter visto um chamado Manual para o Ensino da Música no ensino oficial do país.

Post de HMJ

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Um título interrogativo e uma conclusão jornalística

 

Do jornal Público de hoje:

"Nos jogos Olímpicos, os cavalos sofrem ou são felizes?"
Diogo Cardoso Oliveira (pg. 27)
...
"...Sabemos que o turismo se tornou sem dúvida um problema quando ele só existe nestas duas modalidades: ou está em excesso ou está em falta. Ainda não foi inventada, para ele, uma justa medida."
António Guerreiro, ípsilon (pg. 30).

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Notas de um quotidiano decadente 2: Uma educação física inexistente

 

Quem olhar para a imagem em epígrafe não imagina os atropelos à civilidade dos utilizadores do chamado “Campo de Jogos”, nem o incómodo diário aos elementares direitos dos cidadãos e ao seu sossego por parte da edilidade local.

Quanto aos  utilizadores verifica-se, pela linguagem restrita e ordinária, o comportamento e postura humanos a roçar a indigência – tronco nu, gestos obscenos e aliviar-se nos cantos do recinto – e o lixo deixado ao fim do dia, que os supremos objectivos da “Educação física”, disciplina do ensino oficial com uma carga horária considerável, publicada pelo Ministério da Educação, resultam numa eficiência NULA. Para o Ensino Secundário até se publica um MANUAL, ao preço de 40, 33 euros, sem nenhum proveito para os fins em vista.

Às Autarquias que instalam estes recantos de incivilidade, desacatos e desassossego, por baixo das janelas dos residentes, não se aplicam nenhuma das normas da Defesa do Ambiente e do Ruído. Nada controlam, nem utilizações indevidas pela noite dentro. Não falemos, então, de uns habilidosos, promovidos a “treinadores” do jogo da bola que, ultimamente, proliferam nos espaços do recinto. O aspecto diz tudo sobre as criaturas: chapéu, roupagem condizente e gritinhos a cada golada dos meninos. Ou mães em inanição, tipo Buda. Grandes ensinamentos !

Neste caso, o que vale, tal como na antiga “Ginástica” da Escola portuguesa, é entreter os meninos !

Dar com os pés na bola é o único proveito da disciplina escolar chamada Educação Física, com uma carga horária desmedida face às disciplinas “duras” de desenvolvimento da mente.

Em tempos que já lá vão, felizmente para estes aspectos de indigência, o voto do professor da disciplina de Educação Física tinha o mesmo valor na aprovação, ou chumbo, dos alunos como o seu colega das disciplinas de Ciências e Humanidades.

Felizmente, no meu tempo de escolaridade, a disciplina de Desporto, na sua noção verdadeira, ainda se orientava pelos valores essenciais de actividade física e aprendizagem, promovendo um convívio civilizado, embora nunca incluísse, na grande panóplia de modalidades, o jogo da bola de futebol. Laus Deo ! Remédio santo para relegar o futebol para as modalidades impróprias do desporto.

E para quem teve a experiência de tratar as memórias do Comité Olímpico alemão, num tempo de um senhor conhecido por Carl Diem, também ficou vacinado, para o resto da vida, sobre a excelência de civilização e humanidade dos jogos olímpicos.

São experiências de vida que fundamentam as nossas opções e convicções. De facto, para mim, o futebol não é desporto, nem serve para humanizar o resquício animalesco do homem. É o suplício de uma experiência diária que não se recomenda.

Post de HMJ

Citações CDXCI



"um embaixador é um homem honesto enviado ao estrangeiro para mentir a bem do seu país." 

Sir Henry Wotton (1568-1639), referido in Electra 25 (pg.36).

Adagiário CCCLXIX


Barra roxa em sol nascente, água em três dias não mente.