domingo, 31 de dezembro de 2023

Dizeres

 

É melhor ficarmos por aqui, com um bem quente caldinho de marisco e uns crôutons, para nos aconchegarem esta fria e última noite de fim do ano de 2023.

Poulenc / Horowitz / Levant



A todos, um bom Ano Novo de 2024!

sábado, 30 de dezembro de 2023

Antologia 17



O mérito da entrevista no suplemento ípsilon do jornal  Público, de ontem (29/12/2023), é sem dúvida do poeta Manuel de Freitas (1972), mas não deixa de ser atribuível também à boa e inteligente arquitectura das perguntas do entrevistador - Luís Miguel Queirós (1962). O tema fundamental debatido é a poesia portuguesa. Dos sublinhados que fiz, ao ler este trabalho, vou transcrever uma pequena selecção que reflecte opiniões subjectivas, mas algumas das quais não deixaria de subscrever eu próprio, pessoalmente. Aqui vai a "antologia", com algumas respostas parciais de Manuel de Freitas:

"Ou seja, estive 11 anos a procurar editor. Tentei os que já conhecia pessoalmente, mas também outros que admirava - a & etc., a frenesi, a Assírio & Alvim, com o Manuel Hermínio Monteiro - e, ninguém mostrou interesse suficiente."
...
"O caso de Nuno Júdice é paradigmático. A (minha) antologia (Poetas sem Qualidades, 2002) era contra essa poesia autocomplacente, bonitinha, com uma retórica a toda a prova, mas que pouco ou nada tinha para dizer."
...
"A Fiama (Hasse Pais Brandão), por exemplo, não acho que seja uma má poeta, mas aquilo não era o que eu queria escrever. (...) Acho que hoje há muito pouca autocrítica. A pressa de publicação e reconhecimento está a ser perniciosa para alguns poetas."
...
"Quando tinha 17 anos, Ruy Belo era um dos meus poetas. Depois comecei a ver ali muitos truques retóricos e a achar aquilo um pouco maçador. (...) Claro que há também poetas que foram subvalorizados, como o Assis Pacheco, que é, sem dúvida, um dos grandes poetas portugueses do século XX."
...
"Nunca dependeu de mim escrever um poema, e mesmo os livros vão surgindo de coisas que preciso de resolver, de memórias que preciso de resgatar."

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Decisão


Como tem havido muito poucas visitas ao blogue, ultimamente, tirando os palermas dos hackers marcanos, soviéticos e de Singapura (não consigo perceber o que estas "rémoras" vêm fazer ao Arpose), acho que vou tirar umas férias. E deixar os eventuais visitantes a esmoer e a descansar, entretanto...

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Pinacoteca Pessoal 199



Raríssimos terão sido os pintores antigos que não abordaram a temática do Natal, ao retratarem o Menino Jesus e a Sagrada Família, o que veio a contribuir para uma certa repetição e monotonia na iconografia alusiva, a que falta originalidade ou inovação. Vincenzo di Biagio Catena (1480-1531), nascido e falecido em Veneza, não escapou ao tema, embora tenha introduzido alguns pequenos pormenores na composição da cena e um tratamento próprio na luminosidade do quadro. O Descanso na Fuga para o Egipto também dá conta da sua originalidade pessoal.



Assim, aqui ficam na época própria duas de três pinturas do veneziano Vicenzo Catena. A primeira imagem é um auto (?) retrato, do mesmo.

domingo, 24 de dezembro de 2023

Osmose 134


Às vezes, as coisas boas de que gostamos vêm ter connosco, inesperadamente. Assim pensava também, a propósito de livros raros, um catedrático português bibliófilo, já falecido.
Pelos vistos, o filme na RTP 2, que apanhei a meio (acabei por o vê-lo todo através do Replay), estaria à minha espera, pois foi um gosto entrar nele. E assim ficar, por lá, deliciado.
Realizado por Claudio Rossi Massimi (1950) e muito bem desempenhado por Remo Girone (1948). O filme ialiano é de 2021 e bem merece ser visto. Aqui fica o conselho.

sábado, 23 de dezembro de 2023

Ideias fixas 83


Ninguém me tira da ideia que a Escola Alemã, no Porto, tem a sua equivalência alfacinha no Liceu Charles Lepierre, a Sul, por amplos motivos culturais, embora muito diferentes...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

A todos, uma boa época natalícia

 


Aos Amigos, Comentadores e visitantes anónimos, que por aqui passarem, os melhores votos para o Natal de 2023 e para o  Ano Novo de 2024.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Arcaísmos VII



Dificilmente encontraremos uma razão única para a morte das palavras. Mas os termos também desaparecem do idioma por perderem a sua função identificadora de objecto ou acção. Não esquecendo que muitos dos novos adolescentes têm um léxico vocabular cada vez mais pobre, no seu dia a dia. 
Recuperemos então mais um grupo de arcaísmos portugueses do livrinho de Joaquim Augusto Oliveira Mascarenhas, aqui já referido, com palavras iniciadas por E. Assim:

1. Echacorvos ou Ichacorvos - impostor; embusteiro.
2. Edulo - cabritinho.
3. Elau - multa; perda; dano.
4. Emprir - encher; completar.
5. Enocomenos - entretanto.
6. Enxavegos - redes de pesca para peixes miúdos.
7. Esnoga - sinagoga.
8. Estao ou Estáo - estalagem; residência.
9. Exendre - cria de jumento 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Do que fui lendo por aí... 62



Tenho vindo a ler, paulatinamente, um grosso volume de Estudos em homenagem a Jorge Borges de Macedo (I.N.I.C., 1992), composto por mais de 30 trabalhos, sobretudo de História, de professores universitários. De conteúdos diversificados, alguns muito interessantes, eu destacaria uma pequena nota (13), inserta na página 104, do trabalho O domínio e o senhorio no couto de Alcobaça do professor Pedro Gomes Barbosa (1951), que nos informa, na prática, que a agricultura e a pecuária se podem congraçar com a impressão de livros... Vou, então, transcrever a referida nota de pé de página:

" Um documento sobremaneira importante é a carta de doação, infelizmente não datada (mas que pelo tipo de escrita pode ser colocada entre os finais do século XII e os primeiros anos do seguinte), que Fernando Anes faz ao mosteiro de Alcobaça e pela qual lhe doa uma granja em Cós, que ele próprio tinha mandado fazer, e com ela três vacas com o seu touro, seis bois, quatro porcas com três crias e o seu berrão, e duzentas e vinte e seis ovelhas, sendo o lucro da exploração dessa granja destinado exclusivamente à feitura de livros (CR, Al., m. 22, nº 24)."

Citações CDLXXXI



A monotonia é o que há de mais belo no mundo ou aquilo que pode ser mais terrível. De mais belo, se for um reflexo da eternidade. De mais terrível, se for o contrário. Fugimos do vazio interior, pois Deus poderia para lá deslizar.

Simone Weil (1909-1943), in Cahiers 3.


Nota pessoal: esta citação da mística judia, que se converteu ao catolicismo, tem, para mim, algo parcialmente críptico na frase final. Se a monotonia é vista na adolescência e na velhice de forma desigual, tenho dúvidas que, no ser humano, exista alguma vez vazio interior, enquanto vivo.

As miríficas promessas do "sítio do costume"



Já não é a primeira vez que esta grande superfície anuncia, com pompa e circunstância, produtos a bom preço, para depois os não ter à venda nas prateleiras ou expositores. Vinhos então é frequente e contumaz...
Desta vez, foi o cordeiro de leite que o Pingo Doce anunciava e prometia a cerca de 10 euros o quilo. Qual quê?! O cortador afro-português, compungido, respondeu, ao pedido, que o produto acabara. "Já?" perguntou HMJ. Aí o rapazito corrigiu: "Não entregaram..."
Valeu-nos o Paulo, no seu talho do mercado, que, não prometendo com alarde, cumpre. Seja embora o cabrito um pouco mais caro. Mas bem merece, pela sua discrição e competência profissional.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Mercearias Finas 195



As bancas de peixe, no mercado, estavam bem fornecidas, talvez porque o mar se tem portado bem e deixa os pescadores praticar a sua arte. Na nossa banca habitual havia dos dois pargos: o mulato e o legítimo; safio, chocos, carapaus de vários tamanhos, perca, pescada, mas nós, como era tempo para luxos e extravagâncias natalícias, resolvemos trazer seis salmonetes pequenos bem rosados (estavam em conta: a 14 euros o quilo) e dois bifes de espadarte.
 


Que vieram a combinar, de forma criteriosa, com vinhos brancos que, embora em conta quanto a preço, tinham personalidade inconfundível e de muito boa qualidade. Os salmonetes, com o seu sabor a marisco, foram acompanhados por um Herdade dos Coteis (14º) 2017 (Arinto, Antão Vaz e Sauvignon Blanc), que não envergonhava Moura, antes pelo contrário. A que se juntou um verdinho arroz de nabiças.



Os bifes de espadarte combinaram muito bem com um Touro Santo 2022, de Arraiolos, também alentejano mas mais macio (13º), bem composto de Antão Vaz, Arinto e Viognier. Ambos cumpriram. E bem.

sábado, 16 de dezembro de 2023

Desabafo (84)

 

Isto de diminutivos tem muito que se lhe diga, a começar pelo lado infantil...

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Curiosidades 102



São porventura estranhas, mas curiosas, as regras culinárias de alguns países que proíbem nas suas gastronomias, por exemplo, o uso de vaca na alimentação indiana ou o consumo de carne de porco por outros povos. Nas tripas bovinas estamos com a França (Caen), como grandes apreciadores. Mas não a acompanhámos no largo consumo de coxas de rã de que a França é o maior consumidor mundial (3.000 toneladas anuais), muito embora a legislação gaulesa, desde 1977, proíba a sua captura em território nacional.
As coxas de rã são assim importadas da Indonésia (80%), Vietname (13%) e Turquia que contribui com 3,4%. E, ao que parece, os animaizinhos nos "matadouros" não são tratados de forma muito pacífica, nem executados com piedade... Ainda assim, a França captura e abate, à má fila e à socapa, mais cerca de 2 milhões de rãs, nas suas zonas húmidas nacionais, para alimentação privada.

H. K.

 

Polémico no melhor e pior sentido, Henry Kissinger (1923-2023), a quem apelidavam de a "fénix da diplomacia", tem num recente Le Monde (1/12/2023) duas páginas consagradas à sua evocação. São relembradas algumas das suas diatribes, certeiras mas cruéis, em que, por vezes, através de um paradoxo ele definia uma situação ou opinião política: "Mais vale uma injustiça do que uma desordem."
Ou, da última vez que foi a Moscovo, ainda recentemente, ao ser-lhe perguntado por que fez a viagem, retorquiu com bom humor: "Eu faria tudo pelo caviar."

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Retro (117)



Produzidos em Gande (Gand/Gent - Bélgica), estes dois postais faziam parte de uma colecção que recuperava, com maior qualidade iconográica, outros bastante mais antigos, mas muito originais nos seus motivos. 

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Correspondência

 

Sempre tive uma grande relutância em rasgar cartas de pessoas próximas ou amigos, depois de as receber e ler. Assim, de quatro correspondentes do passado, dois deles já falecidos, acumulei uma enorme quantidade de correspondência. Este aspecto tem factores de utilidade, mas também negativos pela ocupação do espaço. Os aspectos úteis ligam-se a lembrarmo-nos, ao reler os textos, de acontecimentos esquecidos do passado, de situar determinadas datas que nos eram duvidosas, ou até ressuscitar opiniões pessoais antigas sobre determinados casos reconstituindo assim, melhor, a nossa maneira de ser e de pensar, nessa altura do tempo.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Citações CDLXXX



É preciso contentarmo-nos apenas em descobrir, mas evitarmos explicar. 

Georges Braque (1882-1963), in Le Jour et La Nuit.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Retratos (32)

 

Ora aqui vai "polo natural" - como se dizia antigamente - o retrato de um diplomata feito pelo seu embaixador, e na altura (1986) seu superior, em Angola, António Pinto da França. Assim segue a páginas 241, do livro em imagem acima:

"O Francisco Seixas da Costa, marcado pela rude frontalidade dos transmontanos, é uma força da natureza, uma explosão de vida. Tem uma mente duma clarividência cirúrgica. Tudo lhe interessa, tudo lhe importa. Vive para aprender e compreender. Estica o tempo num incontrolável desejo de realizar, de ir cada vez mais longe, guiado por uma ambição avassaladora que não se preocupa em esconder. Talvez porém, que, entre tudo, o que mais preze seja rir dos outros e dele próprio. Um dos seus entreténs, nestes dois anos, foi aplicar-se a absorver o meu estilo para que eu não lhe alterasse nem uma vírgula que fosse nos textos dos telegramas cuja redacção lhe confiava. Não era para me agradar, era por desafio, por puro exercício lúdico."

António Pinto da França (1935-2013) in Angola - o dia a dia de um embaixador (2004).

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Esquecidos (15)



Intermitentemente, ando a ler, com agrado, Ensaios de Domigo II (Editorial Inova, 1974). O seu autor, Mário Sacramento (1920-1969), médico e político, foi também um ensaísta e crítico literário de mérito original, e, ainda que ideologicamente alinhado, não deixava transparecer os aspectos políticos do seu pensamento, mantendo uma grande isenção nos textos literários que escrevia. 
O livro referido abrange recensões críticas a obras de 48 autores portugueses, anteriormente aparecidas em revistas e jornais, incluindo nove poetas. Dos restantes 39 prosadores cheguei à conclusão, com tolerância e alguma complacência, que 10 dos autores estavam bastante, se não totalmente, esquecidos. Vou nomeá-los: Aleixo Ribeiro, Antunes da Silva, Bento da Cruz, Castro Soromenho, Clara D'Ovar, Faure da Rosa, Manuel Mendes, Mário Braga, Nelson de Matos e Vasco Branco. Nos anos 60/70 eram escritores falados, conhecidos e lidos. Muitos deles, há muito que nem sequer são reeditados.
E será que Mário Sacramento, hoje, ainda será conhecido e lido? Deixem-me duvidar, infelizmente...

Arcaísmos VI

 

Do livrinho já citado seguem-se mais alguns arcaísmos, palavras essas começadas pela letra D :

1. Dapnador - malfeitor.
2. Decuria - cortiço de abelhas.
3. Desarro - pobreza.
4. Desmesmado - excessivo; exorbitante.
5. Dessegar - cortar; separar.
6. Desuum - um após outro.
7. Devedro - de tempos antigos.
8. Doairo - enfado; desdém.
9. Doestadoiro - vergonhoso; afrontoso.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Uma fotografia, de vez em quando... (178)



Depois de frequentar várias profissões, o francês Serge Assier (1946), aos 28 anos enveredou  pela fotografia, vindo a integrar a agência Gamma, e executando diversos trabalhos para jornais e revistas.  




Acontecimentos mundanos são fixados pela sua máquina fotográfica, cobrindo com frequência aspectos pitorescos do Festival de Cannes. A relação com René Char (1907-1988) permitiu-lhe algumas fotos icónicas do poeta, nos anos 80.



Os caridosos, deliciosos eufemismos do jornal Público

 
Ora, citemos:

"Estamos neste lugar frágil e incerto em que já nada parece aguentar-se, nem o centro nem o topo da pirâmide. Ver Marcelo..."

David Pontes, pg. 10 do editorial do jornal Público de 6/12/2023.


"Politólogos defendem que o Presidente criou «ruído» e que o inquérito pode transformar-se numa «saliência negativa»."

Ana Bacelar Begonha, pg. 14.


terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Contribuições

 
Parece que houve um rombo de cerca de dois milhões de euros* nos gastos do SNS. E também parece que duas gémeas e o nosso inefável e angelical PR mais o seu filho, do Brasil, ajudaram a este despesismo extravagante...
Os dois últimos bem poderiam ter recorrido ao privado, e solicitado uma ajuda da sra. Jonet, para o caso.

* Nota posterior: ao que parece, serão 4 milhões de euros o que custou o medicamento Zolgensma, para as 2 gémeas brasileiras, segundo Manuel Carvalho, no artigo do jornal Público de hoje (7/12/2023).

A caminho de ser máxima

 

Para uma boa amizade é sempre vantajoso criar o lastro comum de algumas aventuras no passado.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Bibliofilia 209


São já hoje muito raros os leilões de livros, ao vivo, mas apenas online vão acontecendo, organizados por antigas casas leiloeiras. Eu próprio há muito que já não os frequento, mas tenho lembrado aquele a que primeiro assisti, organizado pelo antiquário-alfarrabista Arnaldo Henriques de Oliveira (leilão nº 320) em Maio-Junho de 1976, que pôs em praça a biblioteca do Coronel António da Cunha Osório Pedroso. Dos que licitei, foram-me atribuídos 9 lotes, entre eles a primeira edição (Porto, 1885) encadernada de A Velhice do Padre Eterno (lote 4724), de Guerra Junqueiro, que me custou Esc. 126$50.



Do leiloeiro lisboeta refere, e bem, o jornalista e bibliófilo Raul Rêgo (1913-2002) que AHO "vendeu até hoje, com certeza, só em almoedas, para cima de meio milhão de livros." Deste curioso prefácio que antecede o catálogo nº 200 abrangendo a biblioteca (3884 lotes) de José Rodrigues Simões, e em que acamarada com Gustavo de Matos Sequeira, não resisto a citar mais um pouco de Raul Rêgo:
"...Neste nosso meio cultural e livreiro em que os grandes êxitos são os livros de capa azul para serem lidos por meninas de olheiras românticas, ou os livros policiais de segunda categoria; em que os escaparates dos livreiros medem pela mesma bitola as colecções para entreter umas horas de caminho de ferro, o livro de divulgação científica e o in-fólio erudito e documental da Academia de História;..."
Não estaremos hoje, proporcionalmente, pior?

domingo, 3 de dezembro de 2023

Divagações 191


Eu creio que quase todos temos preferências e prioridades. Critérios e códigos, alguns de conduta, definidos e hierarquizados, até para melhor arrumar os trastes em casa, e na cabeça. Mas há coisas que me parecem incompatíveis. O rigor dos factos e a fantasia da imaginação, por exemplo. A uniformização dos afectos, também, acrescida pelo abuso incontinente das palavras, no discurso quotidiano, de muitos.
Também a ignorância e o populismo vivem disto, que se alimenta da ligeireza dos dias e da irracionalidade militante.

sábado, 2 de dezembro de 2023

As palavras do dia (53)

 
"... A tudo isto se soma uma cobardia generalizada face ao Ministério Público, quer porque se tem culpas, quer porque se tem medo. O único actor político que nos últimos tempos mostrou que não tinha esse medo foi Rui Rio, mas lembrá-lo é incómodo, quer para o PS, quer para o actual PSD que o quer esquecido, por ser uma sombra incómoda."

José Pacheco Pereira (1949), in A ideologia antidemocática do Justicialismo (jornal Público de 2/12/2023).

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

A evitar, absolutamente (6)

 

Os nossos correios eram famosos, no passado, por serem dos mais profissionais e eficazes de todo o mundo. Isto foi verdade até aos anos 60/70 do século XX, como eu próprio poderia comprovar. Hoje, os CTT deixam muito a desejar quanto ao serviço, infelizmente, por razões sobejas que poderia também exemplificar.
Mas há pior. O DHL, serviço internacional de encomendas postais, é de uma incompetência a toda a prova. Das últimas 3 entregas, duas falharam, e a última só foi recuperada, por nós, in extremis. Além do péssimo serviço, os funcionários mentem dizendo que deixaram aviso na caixa do correio, que não deixaram nestes 3 casos, e informando no depósito que não estava ninguém em casa, o que também não era verdade. Mostram assim a sua irresponsabilidade total. Como qualquer criancinha irracional, ou  empresa pimba de vão de escada.
Nem ao meu pior inimigo eu recomendaria este serviço, abaixo de cão, do DHL. Fujam dele a 7 pés!

Adagiário CCCLIX

 

Deus dá a barba a uns e a vergonha a outros.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

1 haikai japonês

 

Trinco as uvas
bago a bago -
como um cacho de palavras.


Nakamura Kusatao (1901-1983)





terça-feira, 28 de novembro de 2023

Da Janela do Aposento 75: Ignorância

Ora, por consultas consideradas fiáveis, encaminhei as minhas pesquisas para as recomendações do Plano Nacional de Leitura, pensando encontrar propostas cientificamente abalizadas para ofertas a meninos do ensino básico.

Ora, vejam o que encontrei:

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A VIAGEM DO INFANTE D. PEDRO [ TEXTO POLICOPIADO] : PELAS QUATRO PARTIDAS DO MUNDO DE GÓMEZ DE SANTISTEBAN / MARGARIDA MARIA RIBEIRO SÉRVULO CORREIA

 

 

AUTOR(ES): 

Correia, Margarida Sérvulo

TÍTULO DESEN: 

A viagem do Infante Dom Pedro

PUBLICAÇÃO: 

Lisboa : [s.n.], 1999

DESCR.FÍSICA: 

155 f. ; 30 cm

TESE: 

Tese mestr. Interdisciplinar em Estudos Portugueses, Univ. Aberta, 1999

BIBLIOGRAFIA: 

Bibliografia, f. 149-155

ASSUNTOS: 

Santo Estêvão, Gomes de, 1388-? -Livro do Infante D.Pedro de Portugal -- [Teses]

CDU: 

821.134.3 Santo Estêvão, Gomes de

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L. 63995 V.

Fundo Geral Monografias

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No Plano Nacional de Leitura !

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As viagens do Infante D. Pedro

 

 

AUTOR(ES): 

Correia, Margarida Sérvulo

EDICAO: 

1a ed

PUBLICACAO: 

Lisboa : Gradiva 2000

DESCR. FISICA: 

177, [3] p.

ISBN: 

972-662-740-0

ASSUNTOS: 

Pedro, Infante de Portugal, 1392-1449 -- Viagens

CDU: 

821.134.3-992.09

94(469)"13/14"

910.4(=1.469)"13/14"

Livro recomendado PNL2027 - Antes 2017 - Cultura e Sociedade - dos 9-11 anos - Fluente

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Biblioteca Camões

82P.09-992/COR

Não Ficção Adultos

Livro

Na estante

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 Ou seja, uma Tese de Mestrado proposta, por incompleta ignorância, para a leitura de meninos de 9-11 anos !

Como é possível haver tanta ignorância e até descrédito para uma iniciativa, que até teria méritos, se fosse executada com seriedade, que não é o caso, como se verifica.

Confesso que nem quis acreditar no que estava a ver, conhecendo bem a Tese de Mestrado em causa. Até considero uma falta de consideraçáo para com a autora.

Post de HMJ