segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Desabafo (72)


 

Eu creio que não se recomenda ter grandes mitos ou fantasias sobre a qualidade ou bondade dos povos.
A emoção irracional predomina na política, quase sempre, nas opções básicas, tal qual como no futebol. E não vale a pena missionar ou tentar convencer, dialogando, os contrários, quer seja no Brasil ou Portugal. Será apenas e só um destino genético? Não creio. A cegueira é maior no povão que, já o escrevi, é burro, habitualmente.
Creio que, talvez por um acaso da sorte, o bem relativo ganhou nas urnas do Brasil, por pouco mais de 1%, ao mal objectivo e flagrante. Ao menos isso. A Amazónia sempre vai durar um pouco mais.

domingo, 30 de outubro de 2022

Géneros e geografia



A leitura deste pequeno excerto do cineasta e jornalista Leitão de Barros (1896-1967), inserto numa crónica do Diário de Notícias, do último dia do ano de 1955, que passo a transcrever, suscitou-me algumas pequenas reflexôes de índole diversa. Segue o texto: 
"O Porto, aconchegado no seu grande capote de granito, fumegando, independente, no cacimbo dos seus nevoeiros, voltado aos contraluzes prateados do Douro, é a mais vetusta e máscula cidade portuguesa. Nenhuma o suplanta ou iguala nesse sentido de veteranidade solene que irradia das suas pedras puídas pela ventania dos séculos."
Ora, se exceptuarmos o Funchal - creio -, apenas a Cidade Invicta, das urbes nacionais, ganhou o estatuto de género masculino. Mas, se alargarmos a ideia à geografia, na Europa, esta ciência também privilegia o género feminino para as cidades e até mesmo para países. Apenas me lembro do masculino Luxemburgo e do Reino Unido (embora da feminina Inglaterra). Curioso, pelo menos.
Qualquer dia, se calhar, os devotos LGBT ainda se lembram disto...

sábado, 29 de outubro de 2022

Lembrete 69



Não esquecer, logo à noite, de atrasar os relógios 60 minutos. Sempre podemos dormir mais 1 hora... 

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

António de Noronha - A Sorte do Cavaleiro


Para relembrar um ex-colega de profissão, e conhecido que foi próximo de amigo. Homem bom e simples.

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Da Janela do Aposento 71: Aviso aos Incautos

 

Na sua edição de hoje, 27.10.2022, anuncia o Público uma nova iniciativa editorial, a saber, uma História do Design Gráfico em Portugal-Perspectivas Críticas, orientada pelo professor e investigador universitário José Bártolo, da ESAD-IDEA.

Da colecção de 10 volumes, certamente inserido no vol. 3, dedicado ao «renascimento das artes gráficas»:


deverá constar a seguinte referência, profundamente enganadora:


Com a imagem da edição do Reportorio dos tempos, de 1552, e, no fim do pequeno texto, a referência ao impressor Valentim Fernandes, o leitor poderá ser induzido no erro de pensar que o impresso na imagem acima terá saído dos prelos de Valentim Fernandes. Nada mais incorrecto, porque o impressor moravo, Valentim Fernandes, faleceu com data incerta, mas ca. de 1518[1]

De facto, o impresso na imagem saiu dos prelos do impressor Germão Galharde, activo em Portugal entre 1519 e 1565[i].

Ora, para quem pretende assumir o seu trabalho da colecção sobre a História do Design Português, «procedendo a uma revisão historiuigrafica [sic]» e afirme encarar os livros como valor documental, espera, certamente, o leitor rigor na citação e reprodução das fontes.

Quanto ao resto regista-se uma voluntária ou involuntária tendência, reincidente, para a óbvia falta de actualização das fontes sobre a História do Livro em Portugal, fazendo-a parar na obra de Artur Anselmo, de 1981, sobre as Origens da Imprensa em Portugal, ou recorrendo, para o título em epígrafe, o Reportorio dos tempos, às imagens de uma edição contrafeita, com data de 1518, inseridas nas páginas 356-391 da obra de D. Manuel II sobre os Livros Antigos Portugueses, de 1929.

Da minha janela do aposento apenas me resta uma profunda intranquilidade perante trabalhos de reduzido empenho na seriedade.



[i] Cfr. Helga Maria Jüsten, Para a História da Tipografia Portuguesa. A Oficina de Germão Galharde e de sua Viúva 1519 a 1565, Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal. Centro de Estudos Histórico. Universidade Nova de Lisboa, 2020.


[1] Sobre o impressor Valentim Fernandes existem investigações actualizadas, a saber: João José Alves Dias, No quinto centenário da Vita Christi: os primeiros impressores alemães em Portugal, Lisboa Biblioteca Nacional, 1995, bem como: Helga Maria Jüsten, Incunábulos e Post-Incunábulos Portugueses (ca. 1488 – 1518). (Em Redor do Material Tipográfico dos Impressos Portugueses, Lisboa, Centro de Estudos Histórico. Universidade Nova de Lisboa, 2009.

Post de HMJ

Citações CDXLIV



A maior parte das ligações começa pelo champanhe e acaba na camomila. 

Valery Larbaud (1881-1957), in A. O. Barnabooth (1913).

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

arte menor (35)

 


Natureza morta

Esta madeira gretada e ressequida 
que foi cena ou palco de poemas inábeis,
secretária, para uso de palavras juvenis
por apoio interior, familiar,
esconde a árvore que já foi, madura e nova
na incerteza de crescer
serena até ao fim.


Ch. e Sb., 6/10-19/10-26/10/2022.

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Exposição



É já na próxima quinta-feira, 27/10/22, que se inaugura na galeria Sá da Costa, ao Chiado, uma nova exposição de pintura de Pedro Chorão (1945), sob o título de Ventanias.

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A vingança do chinês

 

Medeiam quase exactamente 80 anos entre o nascimento de Lord Mountbatten (1900-1979), que foi o último vice-rei da Índia (inglesa), e o novíssimo primeiro-ministro britânico Rishi Sunak (1980).
Até parece o mundo às avessas, mas eu imagino que, se a rainha Victoria ressuscitasse, havia de sorrir ao saber.

Notas avulsas, mas a propósito do exercício e actividade do Arpose



Ao longo destes quase 13 anos de actividade do Arpose fui chegando à conclusão prática que as cíclicas actualizações dos terratenentes marcanos da internet (Google, Youtube e comandita...) nunca são para facilitar o seu uso e simplicidade, mas para complicar e dificultar o seu exercício aos utentes.
Entretanto, quanto ao respeito pela privacidade dos utilizadores, que os ditos marcanos são pródigos em afirmar cumprir, estamos conversados... Só no meu gmail recebi neste último dia informações e tentativas de vendas de produtos da Endesa, da Time Out, do Continente e da TV5 Monde. Quem lhes deu a palavra-passe para o meu email? Eu não fui, certamente... Alguém lhas vendeu, nessa abjecta promiscuidade de proxenetas. 
Finalmente, há dias, tive uma linda circular mecânica do Youtube a informar que, a partir de finais de Novembro de 2022, para facilitar, eu teria que me registar para aceder ao dito. Disse que não queria, responderam que não podiam expedir a mensagem da recusa...
Por isso é possível que, a partir dessa data, o Arpose deixe de incluir músicas nos seus postes. Já sabem porquê.

domingo, 23 de outubro de 2022

Adriano Moreira (1922-2022)



Um percurso centenário e uma longa sabedoria, não totalmente isenta de algumas controvérsias políticas. 

Adagiário CCCXLII e/ou Mercearias Finas 183



Pimientos Padrón, unos pican y otros non.


( Provérbio Galego)


Esta parceria temática em memória de A. de A. M., que tanto gostava deles e mos deu a conhecer.



sábado, 22 de outubro de 2022

Divagações 182


O primeiro El Corte Inglés que conheci, nos anos 50, foi o de Vigo. Deixava muito a desejar: poeirento e mal arrumado, cheirava  a bafio. Os Preciados, de Madrid, também não iam muito longe, por essa altura. Notava-se que a guerra civil espanhola não fora há muito tempo, pela pobreza do ambiente...
Houve entretanto um longo caminho empresarial dos castelhanos, que levam as coisas a sério. Hoje, no de Lisboa, supermercado chique, até os doutorados, com pretensões a intelectuais, lá dão cursos literários a tias ociosas. E alguns diplomatas reformados e interventivos apresentam livros de autores medíocres. 
Assim vai sendo este nosso mundo maravilhoso.

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Pinacoteca Pessoal 187



Nascido em S. Petersburgo e ainda familiar do director do museu do Hermitage,  Konstantin Somov (1869-1939) fez a sua aprendizagem profissional na Academia Imperial de Artes, tendo saído, para os Estados Unidos, aquando do início da revolução russa. Deu-se mal na América e regressou à Europa, tendo-se fixado em França onde acabaria por vir a falecer.




Influenciado por Fragonard e Watteau, em algumas das suas telas aflora o seu lado homossexual e a delicadeza da sua sensibilidade, sobretudo no tratamento de paisagens e interiores. Nas ilustrações para livros privilegiava a aguarela e o guache. Era também um excelente retratista como o prova o interessante retrato do compositor Sergei Rachmaninov.



quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Citações CDXLIII



A vida de cada um pode ser tão romântica, estranha e interessante quer ele ou ela sejam bem sucedidos, ou falhem. A única diferença é que há sempre um último capítulo obrigatório nessa história.

Thomas Hardy (1840-1928), in A Pair of Blue Eyes (1873).

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Teimosias

 


Na banca do Chiado o fora de série (nº 112), de L'OBS, dedicado a Marcel Proust (1871-1922), chamou-me a atenção e tentou-me. Eu bem sabia que os sete volumes (do Em Busca do Tempo Perdido), da Livros do Brasil, traduzidos pelo brasileiro Mário Quintana (1906-1994) me aguardavam leitura na estante, desde finais do século XX. Sei da data de aquisição, pelo valor ainda em escudos (2.800$00) e os algarismos disciplinados e elegantes, denunciando a letra de Tarcísio Trindade (1931-2011), alfarrabista memorável a quem os comprei, na rua do Alecrim. Proust está porém na boa companhia de Hermann Broch e Alfred Döblin, grandes romancistas, mas cujos livros também nunca consegui ler até ao fim...


Lá trouxe pois da banca este Hors Série, na remota esperança de que a revista (98 páginas), profusamente ilustrada e com colaborações promissoras, funcione como aperitivo e alento para, mais uma vez, reencetar a leitura desta obra-prima de Marcel Proust.

 Oxalá!

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Da leitura (48)



"... Originariamente o relvado era em terraço. Depois Will Benbow, pai de Narcissa e de Horace, mandara desfazer os terraços com arados e grades, cobrindo-os depois de relva na suposição de que o canteiro fora destruído. No entanto, na Primavera seguinte, os bolbos espalhados floriam novamente e agora, todos os anos, o relvado era pontilhado de desordenadas florescências amarelas, brancas e rosadas. Algumas jovens pediam, pela Primavera, permissão, que era concedida, para os apanhar e os filhos dos vizinhos brincavam tranquilamente entre as flores e sob os cedros. Na parte de cima do caminho, onde a curva começava a descer, estava a casa de bonecas, de tijolo, onde viviam Horace e Narcissa, rodeados pelo odor fresco e ligeiramente adstringente dos cedros." ...

William Faulkner (1897-1962), in Sartoris (1952), pg. 212.

Afinidades


Os sonhos, tal como os versos, nascidos do nada, ou se recordam logo e apontam, por escrito ou de memória, de imediato,  ou então voltam ao vazio donde vieram e ao total esquecimento.

domingo, 16 de outubro de 2022

Curiosidades 95



A informação majestática terá sido fornecida pela consorte Camilla P. B. Disse ela que teriam sido recolhidos mais de mil ursos de peluche, a maioria dos quais da raça Paddington, dos tributos de homenagem da populaça à falecida. A família real decidiu que os bonecos seriam entregues a instituições da caridade para criancinhas, desprotegidas, sem brinquedos e bonecas.
Pus-me a pensar se os ingénuos, caridosos e comovidos ofertantes teriam pensado que a falecida rainha iria levar os ursos todos, voando, para os céus, com ela!?...

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

As pequenas javardas


 
Em cultura, estes dois primatas serão talvez primas afastadas da Greta nórdica. Tiraram o bacharelato em selvajaria e barbárie. Não chegaram a acabar o ensino primário de culinária e, por isso, não sabem cozinhar. Assim, para atingir e vandalizar os "Girassóis" (National Gallery), tela de Van Gogh, usaram dois enlatados de sopa de tomate da Heinz. 
Empresa que lhes agradeceu, patrocinou e lhes deu um subsídio, muito provavelmente para lhes pagar o custo da proeza cavernícola e da publicidade cultural reles (esta última parte do poste é que é uma fake news).

Postigos de oportunidades, uma opinião


Psicólogos, nutricionistas, influencers (em inglês, que é mais barato...), agora chamados também futuristas, curadores (e curam o quê?) são algumas das novas profissões, janelinhas ou postigos de oportunidade que, perante a fragilidade mental de grande parte da humanidade, conseguem ganhar a vida à custa da menoridade e insegurança do pagode e a falta de regulamentação de ofícios sérios e credíveis, reconhecidos institucionalmente. Como dantes os curandeiros e barbeiros que tratavam (?) de todas as maleitas para sossego e saúde das populações mais carenciadas.

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Flagrante

 


Entre a deferência amável de Mário Soares e o voluntarismo interventivo de Marques Mendes, apesar da proximidade física, vai uma grande diferença, mas o instantâneo fotográfico é estimulante e provocador. Por lá se perfilam Balsemão e vários ex-ministros, além de Emídio Rangel, grande dinamizador da SIC, que terá sido inaugurada nesta altura - suponho.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

domingo, 9 de outubro de 2022

Apontamento 147: Decadência do Jornalismo na RTP

Ora quem pensava consultar a RTP, quase como único reduto contra o populismo, a falsidade e o jornalismo decadente, enganou-se como testemunha uma pretensa notícia, de 9.10.2022, de uma criatura – não identificada – com o seguinte título:

Preço do leite quase duplicou em apenas um ano, mentira que a meio da conversa passa para “quase duplicou desde início do ano”.


 

A bem da verdade, e sendo consumidores habituais de leite fresco, único que, aliás, no meio de sucedâneos que se acumulam durante meses em pacotes não refrigerados nos supermercados, temos bem a prova da evolução dos preços, a saber:

14.02.2022 – Vigor – 0,84 / litro

18.09.2022 – Vigor – 0,94 / litro

09.10.2022 – Vigor – 1,09 / litro  

Como se vê, a pessoa que pretende passar por jornalista não deve ter feito o trabalho de casa, documentando-se antes de palrar. Por outro lado, quiçá fugiu para o jornalismo, porque não gostava de Matemática no Ensino Secundário, embora o domínio de algumas noções básicas de cálculo se considerem essenciais para evitar asneira grossa !

E se os jornalistas, que tanto cavalgam o aumento exponencial dos preços de primeira necessidade, se centrassem em despesas exuberantes como as tarifas dos telemóveis, da internet, etc. ?

Bem sei que as comunicações passaram a ser essenciais pelo facto de permitirem acesso a entidades e serviços ora considerados indispensáveis. Por maioria de razão deviam ter preços regulados. Mas, por aí o jornalista não se mete …

 Post de HMJ

sábado, 8 de outubro de 2022

Errâncias



Deu-me para associar naturalmente e sem motivo aparente os itinerários de 3 escritores que me são caros e, depois, tentar perceber a razão dos seus percursos de vida.
De J. M. Coetzee (1940), sul-africano, que foi para os Estados Unidos, regressou à Africa do Sul e finalmente se fixou na Austrália. Talvez em busca de sossego e paz. W. G. Sebald (1944-2001) oriundo da Baviera (Alemanha), que estudou na Suiça, vindo a falecer na Inglaterra onde vivia, provavelmente para esquecer o passado recente germânico. Finalmente, o último errante, de ascendência judaica, Alberto Manguel (1948), argentino, que andou pelo Canadá, residiu uns anos em França e radicou-se, há pouco, em Lisboa, com apoios camarários. Neste último caso, ouso arriscar dizer que as razões terão sido um pouco mais prosaicas...

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Bibliofilia 200



Completam-se, hoje e com este poste, as duas centenas de números desta temática, iniciada em 1 de Dezembro de 2009, com a apresentação de um folheto muito raro de poesia. A autora, Mariana de Luna, natural de Coimbra, editou em 1642 esta pequena obra (Ramalhete de Flores...) em honra de D. João IV e em louvor da Restauração. Na segunda centúria da bibliofilia, escolhi as Rhytmas de Luís de Camões, o segundo de cinco volumes organizados por Luís Francisco Xavier Coelho, que inclui a obra lírica (sonetos, canções...), impresso em Lisboa, no ano de 1779, na Officina Luisiana, baseada na edição promovida por F. R. Lobo Soropita, de 1595. Não sendo obra rara, esta colectânea camoniana, não aparece muito à venda nos alfarrabistas ou em leilões. E tenho-lhe estima, também por isso.



Inclusivas e generosas, ambas as edições contavam com cerca de 300 sonetos atribuidos a Camões. Se Hernâni Cidade, para a Clássicos Sá da Costa, foi também muito pródigo (ca. 200), Costa Pimpão foi mais escasso (166) na escolha e rigoroso nas atribuições dos diversos sonetos publicados.
Desta impressão camoniana  de 4 tomos em 5 volumes, de 1779/80, foi leiloado um conjunto completo (lote 668), em Novembro de 1989, pertencente à biblioteca de Aulo-Gélio Severino Godinho. A almoeda foi organizada pela Soares & Mendonça e o lote foi arrematado por Esc. 14.000$00.

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Puerilidades



Aí por meados dos anos 60, do século passado, a Tuna da Universidade do Porto cantava, com alguma frequência, uma cantiga que chegou a ter grande popularidade. A canção, intitulada Amores de Estudante, incluía um refrão  que dizia: "Quero ser sempre estudante". Um verso que subentende um lado positivo e que poderia significar que o estudante queria estar sempre a aprender...
Hoje, no jornal Público, vem uma fotografia de uma tal Samantha Cristoforetti, astronauta italiana, que levou para o espaço a sua boneca (Barbie). Quarentona, que me parece, julgo que já devia ter idade para ter juízo...

Do que fui lendo por aí... 53



Talvez um pouco desarrumado para o meu gosto, sobretudo pela enormidade da informação que Carlos Bobone nos traz, este pequeno volume A religião dos livros (93 páginas de texto), da FFMS, evoca-nos o maravilhoso mundo das livrarias e alfarrabistas, de leilões e bibliófilos, de editoras e feiras. Recolhi dele, e da página 34, um pequeno excerto, que aqui deixo:

"... e alguém que não sabe que não pode tratar o Eça por Queiroz não está muito familiarizado com a produção literária portuguesa.
Ora, o que é curioso no mundo livreiro é que este permite ter todos os indicadores de pertença cultural sem, ainda assim, conhecer minimamente o interior dos livros. O conhecimento bibliográfico que tantas vezes permite ao livreiro passar por erudito também o pode fazer passar por conhecedor, sem que seja uma coisa ou outra."

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Mercearias Finas 182



O livro lê-se com apetite, para não dizer: gula. E traz ainda, como bónus, algumas receitas (caldeirada, peru assado, pombos em compota...) testadas, de renomados cozinheiros ou gastrónomos: Paulo Plantier, João da Mata, gente de bem, com provas dadas e bons recados.
Saída a obra em 2000, não déramos por ela, não fora o nosso bom amigo H. N. no-la ter oferecido, há dias.
Editado com a chancela das Bibliotecas Municipais de Lisboa, este Garrett e a Gastronomia é um trabalho limpo e cuidado de Manuela Rêgo e Luís Sá, que o coordenaram.
E que, vivamente, recomendámos, a quem ainda o conseguir comprar.

Citações CDXLII



Para muitas mulheres, o caminho mais curto para a pefeição é a ternura.

François Mauriac (1885-1970), in Asmodée (1937). 

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Bons conselhos de Simenon


A Bíblia, Montaigne, Gide, Stendhal são algumas indicações de Georges de Simenon, para boas leituras.

domingo, 2 de outubro de 2022

Desabafo (71)


Nas últimas eleições presidenciais do Brasil, sabemos, nos cerca de 80.000 eleitores, que os por cá emigrados ajudaram a ganhar o vencedor. Não foram por Lula. Hoje, os canais generalistas portugueses de televisão desdobraram-se  a acompanhar os votantes, alguns embrulhados em bandeiras, outros de t-shirts com a imagem dos candidatos presidenciais, em que iam votar.
A senhora, brasuca e quarentona, usava um oxigenado capilar, descuidado e quase palha. E disse que ia votar Bolsonaro, para manter a melhoria do seu país...
Eu sei que a coerência e a lógica obedecem a  latitudes e longitudes várias, que não a razões objectivas e racionais.
Perguntaram à brasuca balzaquiana se tencionava voltar ao Brasil. Ela disse, assertiva, que não. E eu perguntei-me o que andará esta criatura a fazer por Portugal. E porque não volta ao seu paraíso terreal?
(Já o disse uma vez, por aqui: de uma forma geral, o povão é burro. Não há volta a dar.)

sábado, 1 de outubro de 2022

As palavras do dia (48)

 
Uma síntese feliz de J. Pacheco Pereira, no jornal Público de hoje, sobre alguns partidos:

"No PS, existe uma herança da direita da troika, na ideologia das "contas certas", o que torna o clamor contra um "PS de extrema-esquerda" um absurdo. Nem sequer o PS é muito socialista, com uma ala esquerda muito próxima do Bloco e uma ala direita que tem colabordo conscientemente com a direita radical.
(...)
O PCP perdeu toda a influência intelectual e o Bloco de Esquerda entretém-se com causas de gueto e vivia da moda mediática, que perdeu para a IL."

Adagiário CCCXLI




Grande é o Marão e não dá palha nem grão.


in O Homem da Nave (pg. 17), de Aquilino Ribeiro (1885-1963).