quarta-feira, 31 de março de 2021

terça-feira, 30 de março de 2021

Filatelia CXLII

 


O estudo de marcas postais e cartofilia, do ponto de vista filatélico, é uma das temáticas mais fascinantes do coleccionismo. Permitindo, através de uma investigação apurada, concluir alguns factos muito diversos. Esta carta, em imagens, circulada há pouco mais de 150 anos (21 de Março de 1871), entre o Porto e Guimarães, atesta-nos a eficiência e rapidez dos serviços de Correio portugueses, na altura. Expedida da cidade Invicta, a 21/3/1871, por Jozé Martins Fernandes, foi recebida, no mesmo dia, na Cidade Berço, pelo irmão, Francisco Martins Fernandes, comerciante de solas e cabedais, na Rua Nova do Muro (hoje, Rua Egas Moniz ou Rua Nova apenas, creio).



Franqueada, a carta, com a taxa de 25 réis, selo da série de D. Luís, fita direita (1870-76), carmim rosa (nº 40, de catálogo), com o denteado de 12 e 1/2, foi batida com o carimbo numerado 46 (Porto) de barras interrompidas. O teor da carta, entre os dois irmãos, é de natureza comercial. E relata o ajuste de negócios na compra de sola, com um representante da família Cálem (hoje, mais dedicada ao Vinho do Porto), produto esse que oscilava de preço, em 1871, por entre 210 e 230 réis, com prazo de pagamento de 4 meses.



segunda-feira, 29 de março de 2021

Figurativo ou abstracto

Retratos de personalidades institucionais implicam sempre alguma contenção, mas denunciam também a vontade avançada ou retrógrada de quem os encomendou ou realizou. Se, na galeria presidencial de Belém, os Columbanos assinalam um presença coeva de qualidade e se o retrato de Mário Soares, pintado por Júlio Pomar, inaugura uma modernidade alacre, os quadros que se seguiram, de presidentes posteriores, sublinham algum retrocesso estético ou menor ousadia criativa, na minha opinião.



Em 1958, François Mauriac, então com 72 anos, posou para o pintor Édouard Mac'Avoy (1905-1991), conceituado retratista francês. No seu Bloc-notes II, Mauriac, a propósito, tece (pg. 129) algumas considerações interessantes sobre arte figurativa e arte abstracta, que passo a traduzir: Por estes dias, sessões de pose. Mac'Avoy faz o meu retrato. Este pintor tão atento às mãos do seu modelo e a este rosto, por que, acabada a juventude, nós somos responsáveis e que conta toda uma vida - este pintor retoma uma viva tradição. Ele escapa ao nada em que os «não figurativos», um após o outro, se absorvem. Será bom para a pintura, bem como para o romance, retomar o fio à meada, na altura em que ele se rompeu...

domingo, 28 de março de 2021

Memorabília (8)


A memória da juventude não se apaga. Desde que se deixem sinais ou pistas identificadas: José Cardoso Pires (1925-1998), fotografado pelo escultor João Cutileiro (1937-2021), no ano de 1959. Em Londres.

sábado, 27 de março de 2021

Lembrete 81



Esta noite há uma hora que se vai sumir no tempo. Que seja por impaciência da Primavera, o termos a menos 60 minutos de sono. 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Lettera Amorosa


 

O título do poste é sedutor, e aqui o uso eu de forma muito restrita, que não como Monteverdi, René Char, Eugénio de Andrade ou João César Monteiro o usaram em obras suas. E tudo depende da perspectiva, muito embora estas cartas de François Miterrand (1916-1996), para Anne Pingeot, não confirmem inteiramente a conhecida afirmação irónica de Fernando Pessoa, até por evitarem o derrame excessivamente romântico, apesar da relação que, de algum modo, foi clandestina. Bem escritas as cartas, sem dúvida, pela extensão, talvez um pouco fastidiosas (são mais de 1.200 páginas). Mas o que seria de esperar deste oaristo de um grande político para uma competente estudiosa de Arte, embora 27 anos mais nova? Também não se esperem revelações bombásticas ou segredos de estado, pois Mitterrand, neste particular, foi cuidadoso na escrita.

Confesso que tenho feito alguma batota na leitura... tenho andado um pouco impaciente de humores, mas não dei ainda por terminado o folhear das páginas do livro, nem o devassar inteiro desta história de amor.

quinta-feira, 25 de março de 2021

Citações CDLXI

 


Eva não tinha umbigo. Observa. Ventre sem mancha, pleno para toda a gravidez.

James Joyce (1882-1941), in A Portrait of the Artist as a Young Man (1916).

quarta-feira, 24 de março de 2021

Extravagâncias


O nosso limoeiro da varanda a Sul sempre foi muito próprio, farroncas quanto baste em flores... e nulo em frutos - anda nisto há 4 anos. Mas, este ano, excedeu-se. Entrou em pura megalomania. Em brotos produziu, no mínimo, 80 (não estou a exagerar!). Vamos a ver em limões, se produz, ao menos, um para amostra...

terça-feira, 23 de março de 2021

Divagações 169


Não me tem sido fácil, nem excessivamente simpática esta leitura muito intermitente, que vou levando desde 2017 (ver: Arpose, 15/1/2017), da biografia de Bismarck (1815-1898), escrita por Emil Ludwig (1881-1948) e traduzida para a Payot (Paris) por A. Lecourt, em 1929. Vou a pouco menos de metade das suas cerca de 590 páginas, mas não consigo explicar nem o ritmo arrastado nem a morosidade no avanço do livro. Sou capaz é de entender por que não desisto de o ler. É que, de vez em quando, aparecem umas pérolas, umas ironias ou reflexões soberbas que me encantam pela concisão e, ao mesmo tempo, pela ampla sugestão que permitem. Como esta que me surgiu no início do capítulo VIII (pg. 251) e que passo a traduzir:

Por volta da idade de sessenta e cinco anos, Bismarck o Prussiano começou a tornar-se um Alemão.

segunda-feira, 22 de março de 2021

domingo, 21 de março de 2021

Ainda...

 


Em geral, o poema nasce em mim do encontro inexplicável e insólito de duas palavras que pareciam não se reunir. Essa surpreendente conjunção entra então num plano de contemplação activa. Desse modo vão-se integrando numa espécie de organismo verbal cujo desenvolvimento exige uma entrega total, uma disponibilidade plena e uma fidelidade sem atenuantes.

Roberto Juarroz (1925-1995), in Poesia e Criação (pgs.85/6).

Da Janela do Aposento 69: A voz de Orfeu

 


Longe vão os tempos em que era preciso invocar Orfeu e a sua lira para poder falar, adequadamente, da poesia chamada lírica. O seu instrumento também servia para insistir na beleza das cantigas medievais, sendo criações poéticas destinadas ao canto, nada tem de monótono, mas de técnica apurada e adaptada ao seu modo de transmissão.

Infelizmente, a infantilização e a banalização do ensino da literatura, em especial da poesia, proporcionaram este caldo de mistela, entre poesia e versinhos, que Geoge Steiner explica admiravelmente nestes termos:

“Um dia, disse de mim para mim que a distância que separa os versos da poesia é de anos-luz. (...) Ora, a poesia, a verdadeira poesia, não faz parte das boas maneiras, porque fere e está muito longe dos versos. No dia em que compreendi o que separa os versos da poesia, nunca mais pratiquei o poema, a não ser às escondidas, traduzindo versos que inseria nos meus livros.”

Ora, se certos docentes deixassem de falar de poesia quando mandam os meninos escrever versinhos, seria meio caminho andado para aqueles que ainda não desistiram de tentar transmitir esse difícil universo de criação chamado poesia.

Post de HMJ

Poesia

 

Tendo em atenção o dia, aqui fica uma imagem das Rimas de Luis de Camões (Sonetos, Centúria Primeira), de 1685, comentadas por Manuel de Faria e Sousa.

sábado, 20 de março de 2021

Uma louvável iniciativa 59


Passou recentemente o centenário da publicação de um dos livros mais importantes de toda a poesia portuguesa: Clepsydra, de Camilo Pessanha (1867-1926). A impressão, a cargo das Edições Lusitania, deveu-se a Ana de Castro Osório e seu fillho, João de Castro Osório que, em Janeiro de 1969, faria publicar, nas Edições Ática, uma outra edição alargada, acompanhada de um competente estudo introdutório crítico-bibliográfico. Da versão primitiva (1920) e em boa hora, o jornal Público, com vários apoios mecenáticos, promoveu a feitura de de uma edição fac-similada que é vendida com o diário, hoje, ao preço de 7,90 euros.

sexta-feira, 19 de março de 2021

Desabafo (62)

Não sei se alguma vez repararam que a iconografia do Google para anunciar acontecimentos ou efemérides é, normalmente, de péssima qualidade ou de falta absoluta de estética - atentem, por exemplo, nos bisegres mal enjorcados que os designers (?) da empresa usaram para anunciar, hoje, o dia do Pai!... Piores que a maioria dos grafitis que conspurcam as nossas ruas, com a caridosa complacência dos democratas da cultura.

É que das duas uma: ou os "artistas" do Google são todos pobres tolos desta aldeia global ou pensam que os utilizadores do Google são todos eles atrasados infantis e mentais. 

Pinacoteca Pessoal 173

 

A pintura do norueguês Peter S. Kröyer (1851-1909) nunca me deixou indiferente e já usei a imagem de uma sua tela (Divagações 26, 17/6/2012) para ilustrar um poste, aqui no Arpose. Grande admirador de Velásquez, os anos de aprendizagem em Paris contribuíram para que viesse a integrar-se num impressionismo muito pessoal.



Em que a luz assumia uma importância fundamental. Não foram felizes os últimos anos da sua vida, com uma progressiva cegueira e frequentes internamentos em instituições psiquiátricas.



quinta-feira, 18 de março de 2021

Recomendado : oitenta e nove



Limitados no tempo, pelas suas mortes, os meus dois interlocutores e ensaístas mais respeitados, E. M. Cioran (1911-1995) e George Steiner (1929-2020), resta-me apenas recolher os despojos ou acolher para leitura os seus textos inéditos (para mim), que vão aparecendo nas editoras. O mais recente foi este Quatro Entrevistas com George Steiner (VS Editor, 2020) feitas pelo persa Ramin Jahanbegloo (1956). 

Que recomendo vivamente. 



quarta-feira, 17 de março de 2021

Citações CDLX



Hoje, a literatura e as artes estão expostas a um perigo diferente: estão ameaçadas não por uma doutrina ou um partido político, mas por um processo económico sem rosto, sem alma e sem direcção.

Octavio Paz (1914-1998). 

Um CD por mês (23)

 


Foi por um feliz acaso que, em finais do século XX, eu, ignorante de música portuguesa antiga e erudita, desse, algures (?), por 2 CD da Naxos da temática que, agradado e surpreendido, logo adquiri. Fiquei assim a conhecer algumas obras de Duarte Lobo (1565-1646) e Manuel Cardoso (1566-1650), notáveis compositores nacionais, que começaram por estudar música em Évora e, depois, acabaram por se fixar em Lisboa.



Os registos, pasme-se!, foram efectuados em Oxford (1993) e Copenhaga (1995). E, que eu saiba, não tiveram qualquer subsídio ou mecenato (que seria natural e louvável) por parte da Secretaria ou Ministério de Cultura português, na altura...

segunda-feira, 15 de março de 2021

Osmose 120

O bíblico filho pródigo, como metáfora, é uma fábula imensa. Mas creio que há muita gente que passa toda uma vida distraída, e feliz, sem sequer ter dado por isso. Gente que também chega mais velozmente ao reino dos céus.

domingo, 14 de março de 2021

Do que fui lendo por aí... 42

 


Do lido, registe-se, depois de traduzido:

... Vejo claramente a razão desta duplicidade: um político de direita e um político de esquerda, se são desprovidos da qualidade essencial de um homem de Estado: a imaginação criadora, são levados a praticar o mesmo tipo de política, porque eles são um e outro a marioneta do acontecimento que eles não dominam e os domina. (pg. 369)

... Esta geração mascarada de óculos escuros não suporta a luz. Ela mergulha directamente nas trevas. Apenas algumas velhas águias ousam olhar ainda o sol de frente. (pg. 377)

... Em relação a um ponto, os Franceses mudaram: já não se consideram o umbigo do planeta, o que os torna ainda mais obstinados a agarrarem-se ao seu interesse imediato e a procurarem a sua vantagem mais positiva. (pg. 381)

François Mauriac (1885-1970) in Bloc-notes I, 1952-1957.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Mercearias Finas 168

Já por aqui o disse e reincido: o azar do Dão é nunca ter tido um Nicolau de Almeida (1913-1998), genial enólogo e autor do duriense Barca Velha, para realçar as excelências desta região demarcada portuguesa. E que, na minha amadora e modesta opinião, oferece condições vinícolas enormes, por entre a elegância e a longevidade. 



Claro que há os velhos Cabido, o presente Vinha Paz, a que terei, para ser justo, de juntar um recente Fonte de Ouro, reserva tinto 2018 (Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen), da Companhia das Quintas, que, nos seus equilibrados 13º, lindamente acompanhou um Borrêgo à Pastora, de matriz alentejana, cuja receita trouxemos da Casa Amarela, de Mértola, mas do outro lado do Guadiana, aqui há uns bons anos atrás.

quinta-feira, 11 de março de 2021

Coscuvilhice nobre

 


A obra é de tomo: são 1278 páginas, maioritariamente com correspondência de François Mitterrand (1916-1996) para Anne Pingeot (1943). A ver vamos se dou conta destes desvelados (agora, 2016) oaristos franceses, que o meu bom amigo H. N. teve a gentileza e lembrança de me emprestar. E a quem muito agradeço.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Mauriac sobre De Gaulle

 


8 de abril de 1954

Conferência de De Gaulle. E há quantos anos eu deixara de ver o homem. Mas nem por isso ele envelhecera. Basta ele abrir a boca e é o mesmo tom soberano de sempre. Os insucessos não lhe dizem respeito. O seu olhar sobre a França e sobre a Europa é simplificador, mas nunca simplista.

François Mauriac (1885-1970), in Bloc-notes I (pg. 139).

2 poemas de Guillermo Boido (Argentina, 1941-2013)



Infancia 

Há vozes.
Não é a memória.
Mas o esquecimento que nos cresce e canta.


Denotación

Às palavras expus a minha voz
e chamei-te coral maçã e pele de março

nomeei-te pelo nome de outras coisas
para que o mundo viesse com teu nome

terça-feira, 9 de março de 2021

Uma fotografia, de vez em quando... (145)

 


A ocupação de espaço, num negativo, é importante, ainda que possa parecer uma insolência humana. O inglês Howard Caster (1885-1959) ao retratar Gilbert K. Chesterton, ou o fotógrafo norte-americano Victor Skrebnesky (1929-2020) ao fixar a imponência corporal de Orson Welles, terão tido a noção da desmesura. Que podendo ser uma impertinência física, não deixa também de ser uma afirmação incontornável, no tempo.



segunda-feira, 8 de março de 2021

Mimetismos...

 


Por muito diferentes que tenham sido os escritores duma mesma geração, eles terão admirado quase sempre os mesmos livros quando tiveram vinte anos.

François Mauriac (1885-1970), in Bloc-notes I (pg. 228).

Nota pessoal: o mesmo se poderia dizer dos leitores comuns. Ou das músicas cristalizadas e favoritas, à roda dos 20 anos, pelos melómenos de uma mesma geração.

domingo, 7 de março de 2021

Para uma bibliografia exaustiva de Jorge de Sena (2)

 


Há sempre coisas que ficam pelo caminho, sobretudo para quem muito produziu. Creio que terá sido o caso deste poema de Jorge de Sena (1919-1978), incluído na revista Vértice (66), de Fevereiro de 1949, fez há pouco 72 anos. Os versos não reaparecem na Poesia I (Morais, 1961) nem posteriormente em qualquer outro livro publicado por Sena.



É minha ideia que, muitas vezes, a colaboração que se envia para revistas literárias ou outras, no que diz respeito, principalmente, a poesia, não será de primeira água e pode vir a ser mais tarde rejeitada pelos autores, no conjunto da obra. Com mais probabilidade ainda se for da juventude. Seja como for, aqui deixo reproduzido o poema que saíu na Vértice.


Nota tardia (15/4/2021): através de Índices da Poesia (Cotovia, 1990), de Mécia de Sena, foi possível localizar este poema no livro Pedra Filosofal (1950). Não era, por isso, um poema omisso.


Para o aniversário de MR



Para MR, e para que não seja sempre o Nureyev, aqui vai um bocadinho especial de Mikhail Baryshnikov (1948), que não lhe fica muito atrás, com umas flores para o seu aniversário. E votos de muita saúde e longa vida.
Dos amigos.


sexta-feira, 5 de março de 2021

Título do dia

 


Desde que portadores de alguma cultura, com experiências alargadas, reflectidos e com personalidade própria, teremos, muito provavelmente, ao longo de uma vida, 3 ou 4 ideias com alguma originalidade. Até poderão ser ovos de Colombo, mas revestidos de roupagem nova ou forma singular que os identifiquem como únicos e individuais. É também preciso saber apanhar a época, como este título consegue fazer, aliás.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Esquecidos (7)



Tenho uma certa dificuldade em avaliar com isenção os pergaminhos, como escritora, de Irene Lisboa (1892-1958). Mas recordo-me que dos seus livros diziam que era mais incensada pela crítica literária do que frequentada pelos leitores, ainda que os tivesse fiéis. Por outro lado, lembro-me bem de alguém que, numa altura difícil de vida, a lia repetidamente, e a citava em profusão, sobretudo excertos de Solidão, na versão da Portugália (1965). 



Creio que posso afirmar que, hoje, Irene Lisboa está profundamente esquecida. O seu intimismo discreto não se compagina com as estridências dos dias presentes. E até a sua própria poesia, um pouco na estirpe da de Casais Monteiro, e que me surpreendeu favoravelmente (já nos anos 90), terá talvez uma distanciação áspera em relação aos cultores potenciais.



Fique porém o nome de Irene Lisboa, nesta temática ingrata que o tempo foi cavando e eu aqui dou conta no Arpose, de vez em quando, para contrariar os desamores...

quarta-feira, 3 de março de 2021

De Pai para Filho, dos Condes de Vimioso, no século XVIII



Acerca dos vossos estudos vos lembro que quem não estuda, não sabe, e quem não sabe, ou há-de perguntar sempre, que é a maior sujeição, ou não há-de acertar nunca, que é a maior desgraça. 

D. José Miguel de Portugal (1706-1775), in Instrucçam (1741), para seu filho D. Francisco.

terça-feira, 2 de março de 2021

Da leitura 41

Escritor assumidamente católico, François Mauriac (1885-1970) recebeu o prémio Nobel da Literatura em 1952. De um dos seus discursos de Estocolmo, em 10/12/1952, respiguei e traduzi este pequeno excerto, com o seu quê de bom humor: 



"... A minha cor é o preto e julgam-me a partir deste negro, e não sobre a luz que o penetra e o queima de forma surda. De cada vez que em França uma mulher tenta envenenar o seu marido ou estrangular o seu amante, dizem: «Aqui está um tema para si...» Eu passo por ter uma espécie de museu de horrores. Sou especialista neste tipo de monstros. ..."


segunda-feira, 1 de março de 2021

Bibliofilia 186

 


É minha convicção arreigada que, de toda a obra de Ramalho Ortigão (1836-1915), o livro que mais edições teve, terá sido A Hollanda que começou a ser publicado, em crónicas, na "Gazeta de Notícias", do Rio de Janeiro, pouco depois do escritor ter chegado a esse país (Holanda), em Agosto de 1883. Só em 1885 sairia a primeira edição em livro no Porto (Magalhães & Moniz, Editores), sendo as sete seguintes com a chancela da Parceria da Antonio Maria Pereira. Na mesma editora, foram impressas, pelo menos, as 7 reedições iniciais, sempre ilustradas com 53 bonitas gravuras, nos primeiros 50 anos, ou seja, até 1935.



Tenho 2 destas luxuosas edições de fino gosto: a 3ª (1900) e a 5ª, de 1916. Mas, infelizmente, em nenhuma delas consta o nome do ilustrador. Até à sétima impressão (de 1924), e nos últimos tempos, os volumes oscilavam de preços, em leilões e alfarrabistas, entre os 25 e os 75 euros. Em finais dos anos 70, do século passado, os dois volumes custaram-me respectivamente Esc. 1.500$00 e 2.500$00.



Adagiário CCCXX



No hay mejor salsa que el buen apetito.


Provérbio castelhano recolhido de Lazarillo de Tormes (Anónimo).