terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Franz Schubert / Alfred Brendel


Passa hoje mais um aniversário sobre o nascimento de Franz Schubert, a 31 de Janeiro de 1797.

O 31 de Janeiro, num soneto de António Nobre



A história é breve. Por uma feliz coincidência, em finais dos anos 80, apercebi-me do paralelismo entre uma carta de António Nobre, enviada a Alberto de Oliveira, e o soneto 12 da segunda edição do "Só". A carta foi escrita em Paris, a 2 de Fevereiro de 1891, e o soneto viria a ser escrito mais tarde, em Colónia, em Novembro do mesmo ano. Transcrevo a parte mais importante da carta que revela, de algum modo, as raízes do futuro soneto: "...Alberto, manda-me notícias! Jornais aos montes, recheados de tipo normando, crivados de pormenores, com a cópia de quantos telegramas têm nestes dias atravessado os fios de arame que eu vejo além, meu Deus! sob um lindo céu cheio de sol, atacadinhos de pardais de todo alheados do "pronunciamento", nem por isso lhe oscilando as patas sobre as palavras - Revolução! 30 mortos! 100 feridos!... - que passam. ..."
António Nobre queria saber notícias do 31 de Janeiro (1891), no Porto, onde teriam entrado os seus amigos Basílio Teles e Sampaio Bruno. O soneto foi feito, já a frio e mais tarde, na Alemanha, mas tem imagens que aproveitou desta carta. Vai o poema, para cotejo,  reproduzido da edição do "Só", fac-similada (da edição corrigida por Nobre), promovida por José Augusto Seabra, em Paris, para celebração do centenário (1992) da publicação do livro. 

Nota pessoal: o tema desta minha feliz descoberta foi tratado, desenvolvidamente, e publicado em "Cadernos do Tâmega", nº 8, de Dezembro de 1992.

Regionalismos minhotos (11)


Acabam-se, por hoje, do voluminho Vocabulário Minhoto II (1916-1922), de M. Boaventura, as palavras iniciadas pela letra I. Aí seguem as últimas 7, que seleccionei:
1. Ingrenço - pateta, imbecil, lorpa.
2. Intanguir - enregelar ( creio que Camilo a usou, com alguma frequência).
3. Intrepicar-se - zangar-se.
4. Intrezilhado - enfezado, de fraca compleição.
5. Invicionado - insistente, pertinaz.
6. Inzarilhado - trapalhada, salsada.
7. Irtego ou Hirtego - hirto, hirsuto.

Jornais - um percurso


Na minha casa do norte amanhecia com a entrega de "O Comércio do Porto" (1854-2005) mas, até morrer, o meu Pai foi leitor fiel do "Jornal de Notícias" (1888) e, na casa dos meus Tios, comprava-se "O Primeiro de Janeiro" (1868), que me guardavam para ler, ao domingo, as tiras de BD. Assim se perfazia o trio dos principais jornais do Norte, fora os regionais ou citadinos, nessa época. Em Coimbra, nos anos 60, fiz a primeira opção de alforria, em termos jornalísticos, e comecei a comprar "O Diário de Lisboa" (1921-1990). Talvez o jornal de que me senti mais próximo, até hoje, porque também lá colaborei, episodicamente. Pelo meio, fui comprando o "Expresso" (1973), pouco tempo, e o também hebdomadário "O Jornal" (1975-1992), que me agradava particularmente.
Quando "O Diário de Lisboa" foi extinto, senti-me um pouco órfão mas, pouco tempo depois fui-me afeiçoando ao "Público" (1990), que ainda hoje compro, diariamente. Era dirigido, de início, por Vicente Jorge Silva, um bom jornalista, mas com as sucessivas mudanças de direcção, o jornal tem vindo a piorar em qualidade, gradualmente. Mesmo assim, quando vou tarde à banca de jornais, e já não o encontro por se ter esgotado, fico um pouco desasado para o resto do dia. São hábitos...   

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

4 fragmentos de René Char, em versão livre e pessoal


86
As mais puras colheitas foram semeadas num solo que não existe. Elas recusam a gratidão e nada devem, senão à primavera.

93
O combate da perseverança.
A sinfonia que nos levava, morreu. É preciso acreditar na alternância. Tantos mistérios que não foram devassados, nem destruídos.

98
A linha de voo do poema. Ela devia ser sensível a cada um.

102
A memória não tem acção sobre a lembrança. A lembrança perde força contra a memória. A felicidade não sobe mais.

Nota: a capa do livro em imagem tem uma ilustração de Georges Braque. A obra é a tradução para alemão, feita por Paul Celan. Os poemas de Char, originais, foram escritos no Maquis, entre 1943 e 1944, sob o título de "Feuillets d´Hypnos".

Um mal ... com séculos !

Por vezes, há encontros inesperados.
Em tempos, abordámos no ARPOSE, a questão do ruído permanente debaixo das nossas janelas. A inanidade do "poder local" perante este abuso também é conhecida de todos os que sofrem idêntica provação. 
Eis senão quando encontro uma disposição legal, com quase 500 anos, e onde ? Nas Ordenações Manuelinas, impressas por Germão Galharde, em 1533.
Tirei cópia e apresento o texto na imagem seguinte:
Duas notas finais:
1 - o mal, como se observa, já vem de longe;
2 - os remédios para atacar o mal diluíram-se no meio desse "poder" chamado local.

Post de HMJ

Dedicado a todos os Presidentes de Câmara e de Freguesias moucos

Alheamentos, livros e citações


Tenho um grande respeito por livros, até como objectos de cultura e, por isso, é com grande dificuldade que me atrevo a sublinhá-los (apenas o fiz, com mais desembaraço, por razões escolares), mesmo que seja a lápis. Opto por marcar as páginas com um pequeno pedaço de papel fino, ou de jornal, para depois saber aonde voltar, por causa de alguma passagem de texto que, especialmente, me surpreendeu.  E porque também me agradam raciocínios argutos ou citações certeiras que não quero esquecer, ou perder, para sempre.
Viremos a página, momentaneamente. Num encontro, numa presença física a dois, ou num diálogo que, de repente, se interrompe pelo silêncio de um dos interlocutores num inesperado alheamento, o outro parceiro tem normalmente uma curiosa expectativa na pergunta ambivalente que formula: "Que tens?" ou "Em que estás a pensar?" - consoante o grau qualitativo cultural, a mentalidade, ou o tema desse diálogo interrompido por uma das partes. Estes alheamentos são o que eu chamaria os necessários íntimos monólogos, ou desvios associativos de tema, profundamente pessoais. Muitas vezes, inconfessáveis. Há, neste último caso, uma osmose intraduzível, entre o sensorial e o mental.
Pelo meio do já exposto acima, assim segue: tenho-me questionado muito porque é que, raríssimas vezes, encontro alguma citação importante, digna de registo, nas obras de ficção ou policiais de Georges Simenon, até mesmo no pungente, amargo e autobiográfico livro das suas memórias pessoais. Mas com surpresa, há dias, ao reler o número 517, "Maigret e o Fantasma" (Maigret et le Fantome), da colecção Vampiro, deparei-me com uma descrição bastante perfeita desse tal "alheamento" de que falei acima, relacionada com o comissário Maigret. E não resisto a transcrevê-la, (pgs. 45/46) parcialmente:
"...Se lhe tivessem perguntado em que pensava, experimentaria dificuldade em responder. Fixava. Em desordem. Ao acaso. Olhava, ora para fora ora para o apartamento, consciente de que, num momento dado, algumas imagens se reuniriam e assumiriam um sentido. ..."

domingo, 29 de janeiro de 2012

Esquerda caviar


Com o sugestivo título de "O último combate de Jack Lang, o inoxidável", o jornal "Le Monde" (obrigado, H. N.) de 20/1/2012, dá notícia de que um dos últimos grandes dinossauros da era miterrandista, em actividade, aos 72 anos, se prepara para concorrer à 2ª circunscrição de Vosges (Saint-Dié), região onde nasceu em 1939. A sua imagem política de parisiense e cosmopolita, concorrendo para uma zona de província, de forte implantação de operariado, faz o jornal apelidá-lo de "gauche caviar". Mas o antigo ministro da Cultura de François Mittérrand que, com Melina Mercury, é responsável pela ideia notável das Cidades Capitais Europeias da Cultura, mantém uma cota de popularidade ainda invejável.
Por cá, a classificação de esquerda caviar, mediaticamente, salpica apenas o BE. Muito embora, do meu ponto de vista, há muito boa gente do PS que, mais rural e menos cosmopolita, contudo, pudesse ter direito à classificação. Abstenho-me de citar nomes porque alguns casos são óbvios e aparecem nas revista róseas, com frequência. Por outro lado, o que me importa destacar é Jack Lang (1939), político por natureza e convicção, que, depois de ter tido cargos bem importantes, não hesita em concorrer por um círculo eleitoral de província, no norte de França, aos 72 anos. Cargo que, se vencer nas urnas, nada lhe vai acrescentar ao curriculum e prestígio pessoal.
Quando a maior parte dos políticos portugueses, depois de exercícios ministeriais, se recolhem a mordomias chorudas, ou os "Indignados" se amodorram, de Inverno, nas aquecidas casas dos pais, à espera de tempo mais quente, para vir acampar nas praças principais das cidades, sabe bem, como exemplo, ver Jack Lang regressar à luta política, no inverno da idade, mesmo que seja pela conquista de um lugar de província e quase obscuro. É isto, no fundo, que faz a diferença nos homens. Entretanto, Mário Soares dá, hoje, na RTP2 e programa Câmara Clara, uma entrevista, cerca das 22,30 hrs., a propósito da recente saída de um seu novo livro. Não vou perder.

Livrinhos 5 : Octave Feuillet



O volume de bolso "A Vida de um Rapaz Pobre", de Octave Feuillet (1821-1890), é o número 29 da Colecção Civilização, editado em 1936. A série de romances, da mesma série, foram publicados pela Livraria Civilização Editora (Rua do Almada, 107, Porto) e incluía obras de Garrett, George Sand, Perez Escrich, entre outros.
O livrinho, em destaque, foi mal encadernado por ter sido cortado muito rente, como se pode ver pela imagem. Mas "A Vida de um Rapaz Pobre", editado inicialmente em França, no ano de 1858, é porventura a obra mais conhecida de Octave Feuillet.

para MR, que teve a ideia original desta rubrica, no Prosimetron.

Um novo Cohen


Sai amanhã, 30/1/2012, o novo álbum de Leonard Cohen (1934), intitulado "Old Ideas". Ainda bem!

Leituras Antigas XLI : revisitar "As Mil e uma Noites"



O livro, em muito más condições de conservação, está comigo há muito, talvez desde os primórdios dos anos 50, assim já truncado, as folhas mal cosidas com fio grosseiro e preto, mas não faço a menor ideia de como me veio parar às mãos. Não tem folha de rosto, nem final, apenas as páginas 5 e 6, e, depois, da página 9 até à 284. Não consigo saber, por isso, o nome de quem o terá traduzido para português, nem o ano de impressão. Tem, no entanto, completas as seguintes histórias de "As Mil e uma Noites":
- Hassan O Cordoeiro (pgs. 17 a 34).
- As Viagens do Corcunda Morto (pgs. 35 a 44).
- O Principe Achmet e a Fada Paribanu (pgs. 45 a 70).
- Ali-Baba e os Quarenta Salteadores (pgs. 71 a 94).
- Harun Al Raschid e Abdallah (pgs. 95 a 104).
- As Três Irmãs (pgs. 105 a 132).
- Abu e Nintyn (pgs. 133 a 144).
- A pesca Maravilhosa (pgs. 145 a 170)
- Sindbad-O-Marujo (pgs. 171 a 222).
- Aladdin e a Lampada Maravilhosa (pgs. 223 a 267);
e incompletas: "O Principe Mahmud e suas aventuras" bem como, nas últimas páginas, "Agib o Curioso".
Segundo Márcia Abreu (Leituras no Brasil Colonial), "As Mil e uma Noites" terão sido traduzidas em Portugal, pela primeira vez, em 1801. Informação que é confirmada por A. A. Gonçalves Rodrigues (A Tradução em Portugal, vol. I, 1992, IN-CM) que refere o tradutor, como tendo sido Luiz Caetano dos Santos. Não é esta, no entanto, a tradução de "As Mil e uma Noites" que possuo, em livro incompleto. Inclino-me mais para que possa ser a edição da Parceria António Maria Pereira, ilustrada, que foi impressa no ano de 1920.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Mário Dionísio


Pouca gente deverá saber que, para obter a sua licenciatura, Mário Dionísio (1916-1993) teve que apresentar 2 teses, a exame. Da primeira vez (1938), abordou Fernando Pessoa: "Introdução à leitura da Ode Marítima" - a estreia, em Portugal, como tese, de um trabalho sobre o autor de "Mensagem". Mas o júri, que integrava Agostinho de Campos (a quem, com graça, António Nobre apelidava de: Dona Agostinha - segundo conta Jorge de Sena), acabou por chumbar Mário Dionísio. Cerca de um ano depois, o Escritor apresenta uma segunda tese, desta vez sobre Érico Veríssimo, intitulada "Um Romancista Brasileiro", e desta vez ficou aprovado. Mário Dionísio foi, pouco depois do 25 de Abril de 1974, professor universitário, regendo a cadeira de Técnicas de Expressão de Português. Ironias do tempo...

Mais uma provocação de E. M. Cioran


"A minha missão é matar o tempo e a sua a de me matar. De facto os assassinos estão à vontade entre si."
E.M. Cioran, in Ébauches de Vertige (pg. 52).

Do Fabulário, de Mário de Carvalho (2)


O rei de um país estava cheio de tédio, de maneira que ordenou a mobilização geral e decidiu invadir a Índia, que ficava longe.
Foram muitos anos de guerras e conquistas, o rei sempre à frente. E conquistaram a Índia.
Mas quando o rei quis regressar, com o seu exército, já ninguém se lembrava de onde ficava o seu país.
Tinham-no perdido.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Miscelânea lisboeta


De repente, tudo se vai ajustando à lenga-lenga. E até pode sentar-se o romeno na mesa ao lado, na esplanada, e saborear os restos já frios da Carne de porco à alentejana, em rápidas garfadas sôfregas - e sem bebida. Jardineiro durante anos, na Quinta da Marinha, um acidente na perna (diz e mostra) obrigou-o a vender "O Seringador" e acendedores de gás de fogão, pelas ruas de Lisboa. Pelas avenidas de Timisoara, ainda deve estar a nevar, mas aqui o sol bate nas costas com a força de uma primavera antecipada.
Quatro ou cinco ninfetas chilreantes vem quase dançantes pela berma do passeio. Gritam espavoridas, quando um esquadrão de pombos (que levantaram sabe-se lá de onde) lhes faz sobre os cabelos soltos um voo rasante e agressivo. Alguém lhes diz a rir: "Então, agora, as meninas têm medo das pombas da cidade?!" E elas riem também, perdendo o medo juvenil. Cantarolando, começam a correr até ao cruzamento. Ou em direcção à Primavera.

Rimsky-Korsakov (1844-1908) : em sequência de "As 1001 Noites"



Em complemento do poste "Ressurgimentos", sobre "As 1001 Noites", este início da suite "Xerazade". Com um envoi especial para Margarida Elias e MR, cordialmente.

Ressurgimentos


O TLS (The Times Literary Supplement) da semana passada (nº 5677) dá conta de um renovado interesse pela literatura Oriental, manifestado pela publicação de alguns estudos e por uma nova tradução de "As Mil e uma Noites" cuja primeira versão, francesa, no Ocidente, data de 1706 e foi feita por Antoine Galland. A influência e fascínio que a obra provocou, na Europa intelectual, foi grande. De Rilke a Rimsky-Korsakov, de Goethe a Wordsworth, de Weber a Henry Fielding, os vestígios da sua leitura são abundantes. Os contos foram coligidos, da transmissão popular, pela primeira vez, na Pérsia, mas quase imediatamente tiveram, também, uma versão em árabe. A colectânea tinha o título original de: Kitab alf laylah wa-laylah.
Lembro-me que, na minha infância e adolescência, vi muitos filmes baseados na obra, ou efabulados sobre as figuras principais das "Mil e uma Noites", bem como livros infantis sobre Sindbad, Ali-Babá, Xerazade, Aladino...Houve até uma tradução portuguesa, em fascículos, creio que da Editorial Aster. Depois, terá havido um certo apagamento. Provavelmente, a Primavera Árabe e o Irão na agenda política do dia, terão contribuído para este reinteresse pelas "Mil e uma Noites", no Ocidente.
Mais dia, menos dia, e com a globalização, que tudo apressa, é de supor que este revivalismo também chegue a Portugal.

Insensibilidades



O livrinho-catálogo (92 pgs.) em imagem, intitulado "Os Colares da Maya", teve origem numa exposição que Maria Margarida Canavarro Fernandes Costa (Maya) fez, no Museu do Traje, em Julho de 2001. A Senhora era mãe do presente titular das casas de Fronteira, Alorna e Távora, D. Fernando de Mascarenhas (1945), democrata de esquerda, descendente de Alcipe, Marquesa de Alorna. No catálogo, além do prefácio introdutório de Madalena Braz Teixeira, directora do Museu, há também um texto do Marquês de Fronteira, biografando a Mãe.
O titular referido, no próprio mês de Julho de 2001, ofereceu, com uma íntima e amiga dedicatória (em imagem, também), este catálogo ao titular da casa de Bertiandos (Sebastião). Pois o D. Sebastião ou os seus herdeiros, neste ano da graça de 2012 (ou pouco antes), não tiveram o menor pejo em pôr o citado livrinho em patacos. Nem sequer se preocupando em apagar ou rasurar a afectuosa dedicatória. E devem ter vendido o catálogo ao desbarato porque eu comprei-o, ontem, por apenas 1,00 euro.
Fernando de Mascarenhas não merecia isto.
Mas ele há aristocratas, e aristocratas... como sempre houve.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Bíblia de Alba


Conhecida como Bíblia (da Casa) de Alba, ou também Bíblia de Arragel, tradução manuscrita com iluminuras, em castelhano, foi executada no séc. XV, pelo rabi Moisés Arragel, de Toledo, sob encomenda de D. Luis Gonzáles de Gusmán, mestre da ordem de Calatrava.
Esta obra prima vai integrar um exposição denominada "Biblias de Sefarad", que terá lugar na Biblioteca Nacional de Madrid, entre 27/2 e 13 de Maio de 2012.

À consideração e atenção, especialmente, de MR e JAD.

Lembrete 2


Paula Rego faz hoje 77 anos.

O empate


A ser verdade, a notícia dada, hoje, pelo inefável Álvaro, ao "Diário Económico", o Governo vai acabar com dois feriados: o 5 de Outubro e o 1 de Dezembro. Poderíamos dizer que, neste braço de ferro, houve empate:
República 1 - Monarquia 1.
O que é que a Igreja  irá dar para este peditório?

Van Dongen



Normalmente associado ao Fauvisme, C. T. van Dongen, ou Kees van Dongen, nasceu em Delfshaven (Holanda), a 26 de Janeiro de 1877, e veio a falecer no Mónaco, em 1968. Retratista talentoso (Sacha Guitry, Chevalier), sobretudo de figuras mundanas femininas, costumava adelgaçar as silhuetas dos retratados para os tornar mais elegantes. É conhecida a sua famosa tirada: "Pintar é a mais bela das mentiras". É famoso o seu retrato de Brigitte Bardot (1959), quando jovem, em imagem.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

3 quadras populares algarvias


Do céu caíu um suspiro
No ar se desfarinhou;
Quem neste mundo não ama
No outro não se salvou.

Se fores no domingo à missa
Põe-te em lugar que te veja,
Não faças andar meus olhos
Em leilão pela igreja.

Lindos olhos tem a cobra
Quando olha de repente;
Mais vale um bom desengano
Que andar enganado sempre.

Favoritos LX : Somerset Maugham


Não fora um professor de Inglês, no meu 4º ano do liceu, me ter falado de Somerset Maugham (1874-1965), e eu só teria lido muito mais tarde o escritor inglês. O dr. Fabião recomendou-me vivamente "The moon and six-pence" (número 49 da Colecção Miniatura, com o título "Um gosto e três vinténs", na tradução portuguesa), inspirado na vida de Gauguin. Se referem que Maugham foi influenciado, no seu estilo, por Flaubert, não é menos verdade que influenciou, ele próprio, vários escritores ingleses, a começar por Orwell, que o confessou.
A sua gaguês incomodativa transferiu-a para o coxear do protagonista de "Of Human Bondage" ("Servidão Humana", na tradução portuguesa), considerada, por alguns críticos, como o seu melhor romance. Mas, para além destas duas obras, apreciei também muito "The Summing-up" (1939), uma espécie de reflexão sobre a sua actividade de escritor. Somerset Maugham nasceu a 25 de Janeiro de 1874.

Palavras de hoje

De uma crónica de Carlos Fiolhais, intitulada Portugal em Cambridge, publicada no Jornal Público de hoje, pela sua pertinência, passo a transcrever a parte final:
"... Numa época em que a economia prevalecente no mundo não é o comércio do vinho do Porto ou do pastel de nata, nem a microeconomia do futebol, mas sim a economia do conhecimento, custa ouvir os incitamentos do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do ministro adjunto Miguel Relvas à fuga de cérebros e, ainda por cima, tentar dirigi-los, com argumentos bacocos, para o Terceiro Mundo, desprezando a Europa e os Estados Unidos. O nosso maior potencial não está no vinho nem nos pastéis, muito menos nos músculos dos jogadores, mas sim nos cérebros, em particular os jovens, que activamente se ocupam, em Portugal e por esse mundo fora, na ciência, na tecnologia, na filosofia e nas artes. Tudo leva a crer que as afirmações de Passos Coelho e de Relvas não foram lapsus linguae. Foram, isso sim, o resultado de um profundo equívoco."

As castanhas miúdas


O homem é pequenino, velhote, mas simpático e usa uns óculos antigos que ficam embaciados com o fumo e vapor das castanhas, no assador. Um jovem, normalmente calado, vai-o ajudando. Talvez seja neto dele.
Como eu agora tenho mais tempo livre, comecei a criar novas rotinas de ócio e passeio. E, quase semanalmente, sou freguês e compro-lhe, no Largo, meia dúzia de castanhas. Mas, hoje, como me pareceram muito miúdas, acabei por dizer-lhe.
O velhote explicou-me, então, que os fornecedores, até Viseu, já quase esgotaram a castanha e, agora, tem que comprá-las na região de Bragança - quase o último reduto. E acrescentou:
"- Vai ver que são mais gostosas do que as graúdas, têm outro sabor..."
E o neto, que estivera calado até aí, acrescentou, muito sério:
"- É como a mulher e a sardinha, maneirinhas..."
Eu prometi que, na próxima vez, lhes daria a minha sincera e isenta opinião.

Curiosidades 47 : liturgia nacional


Até meados do séc. XX, e desde o início de Portugal, a hagiografia nacional, e mesmo regional, foi-se acrescentando, mais e mais, bem como as festas de santos considerados portugueses. O maior impulso foi dado no reinado de D. João V que obteve licenças pontifícias para celebrar mais festas litúrgicas. Muitas vezes, no entanto, estas celebrações não tinham razão suficiente, porque se baseavam em pressupostos lendários de duvidosa certeza ou até na existência não fundamentada de santos obscuros.
Esta proliferação de festas litúrgicas e celebração de santos "lendários" cessou em 1960, com a intervenção do papa João XXIII que mandou averiguar, rigorosamente, e restringir estas manifestações pouco credíveis. A partir desta data, as celebrações religiosas de raiz e carácter nacional passaram a ser apenas as seguintes:
- 16 de Janeiro: Santos Mártires de Marrocos.
- 19 de Janeiro: S. Gonçalo de Amarante.
- 4 de Fevereiro: S. João de Brito.
- 13 de Fevereiro: as Cinco Chagas de Cristo.
- 18 de Fevereiro: S. Teotónio.
- 12 de Maio: Beata Joana.
- 10 de Junho: Santo Anjo Custódio de Portugal.
- 13 de Junho: Santo António de Lisboa.
- 20 de Junho: Beatas Sancha, Mafalda e Teresa.
- 15 de Julho: Beato Inácio de Azevedo e Companheiros.
- 16 de Julho: Nossa Senhora do Carmo.
- 27 de Outubro: Beato Gonçalo de Lagos.
- 6 de Novembro: Beato Nuno - hoje, Santo. 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Citações LXXXIX : Oscar Wilde


"A moda é o que cada um usa - está fora de moda aquilo que os outros usam."
Oscar Wilde (1854-1900).

Astrologias (9) : Aquário


Solidário, mas individualista e independente. Ao invés do que poderia parecer, o signo do Aquário pertence ao elemento Ar, tal como Gémeos e Balança. Fisicamente, há um traço que, muitas vezes, o identifica: o rosto alongado e comprido (Virgínia Woolf, Jennifer Aniston). Também há quem os considere visionários, mas são, sobretudo, inovadores, virados para o futuro, nunca perdendo a noção presente da realidade (Júlio Verne, Thomas Edison, Christian Dior). Grandes criadores, com imaginação singular (Galileu, W. A. Mozart, Charles Darwin), são também escritores talentosos e prolíficos (Dickens, Joyce, Brecht, Somerset Maugham, Georges Simenon). Se excluirmos o romeno Ceausescu, notabilizam-se por serem políticos de envergadura, com preocupações sociais e sentido de solidariedade (Lincoln, F. D. Roosevelt). Quatro portugueses aquarianos: Almeida Garrett, Vergílio Ferreira, Ramalho Eanes e Eusébio. Cidades sob o signo do Aquário: Bremen, Hamburgo, Brighton. Países: Suécia e Rússia.

Dos jornais de hoje, a caridade


Depois da quase declaração de insolvência financeira (comovente, aliás), por parte do nosso pobre PR, frente às câmaras de Tv, no Porto, algumas almas caridosas resolveram ajudá-lo. Assim, os jornais anunciam para hoje, às 18 hrs., uma concentração junto ao Palácio de Belém, sob o lema: "Traz uma moeda pró Cavaco". A ideia é "atirar uma moeda na direcção do palácio" para ajudar ao pagamento de despesas pessoais do PR, e reforçar o seu magro orçamento de pensionista.
Não há nada, realmente, mais emocionante do que ver o dinamismo social da caridade dos portugueses, em acção. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Uma exposição de Magritte



Esta exposição de René Magritte (1898-1967) teve lugar, há quase 22 anos, no Museu de Arte Moderna de Ostende (Bélgica). Reproduz-se em imagem, parcialmente, o pequeno catálogo, cujo texto, embora simples e sucinto, é bastante informativo.

Adagiário LXXX : Janeiro (6)


1. Se o Inverno não faz o seu dever em Janeiro, faz em Fevereiro.
2. Chuva em Janeiro e não frio, vai dar riqueza ao Estio.

A efemeridade do gosto



Quando, há dias, um jovem me argumentava com as excelências de também 2 jovens escritores portugueses, justificando e reforçando o seu gosto entusiástico com os prémios e traduções, no estrangeiro, das obras desses autores, eu, que os achava apenas de qualidade meã ou razoável, contrapunha-lhe o exemplo da antiga fama, prémios e inúmeras traduções que se fizeram da obra de Fernando Namora, hoje, esquecido e, que, dificilmente, passará à história literária do séc. XX português.
Adolescente e jovem, também eu li, com entusiasmo muitos dos livros de Namora, mas hoje não consigo explicar, para mim mesmo, porque apreciava tanto a sua escrita. A tentativa, aqui há três ou quatro anos atrás, para o reler e reavaliar, saldou-se por uma rotunda desilusão e fracasso. É evidente que, com a idade, vai crescendo o nosso grau de exigência, fui conhecendo e lendo obras maiores, começando também por ser mais selectivo no meu tempo de leitura e suas opções. Por outro lado a ficção portuguesa raramente foi "romance de ideias" (se exceptuarmos Vergílio Ferreira e pouco mais), e os factos têm duração efémera, a paisagem e sua descrição modificam-se, os sentimentos mudam, os conceitos de moda, perdem-se, rapidamente.
Falei ontem de Redol, aqui no Blogue, e de Marmelo e Silva, por acréscimo, entre outros escritores desvalorizados ou esquecidos, actualmente. Uma Amiga, em comentário, falou no eventual centenário deste último autor português. Fui ver: José Marmelo e Silva nasceu a 7 de Maio de 1911, na Covilhã. Há um ano, o seu centenário, portanto, e não me lembro de alguém ter falado nele, apesar de ser pai do poeta José Emílio-Nelson (1948) que também trilha caminhos literários.
Ora, Marmelo e Silva teve algum nome, nos anos 50, 60 e 70, era conhecido e falado, por quem lia, ou estudava literatura. O seu "Adolescente agrilhoado" entre 1947 (ano de publicação) e 1986, teve quatro edições - coisa não despicienda, na altura. Quem, hoje, com menos de 40 anos lhe saberá o nome e obra? É certo que os seus livros falavam de universos pequeninos, provinciais, de pecados de consciência, de matrizes excessivamente cristãs. Hoje, as vivências são outras, as mentalidades diferentes, os gostos deslocaram-se para outras paragens e mundos...
Mas, atenção!, o facto de estar obrigatoriamente à la page, ou no centro da moda e da mundanidade, não significa perenidade. Já Drummond dizia "Não faças poemas sobre acontecimentos..." - cito de memória. E, como eu dizia ao meu jovem interlocutor, que referi no início deste poste, não basta escrever bem, usar "piercings", ou falar de locais emblemáticos (Veneza, Trieste, a Índia, por exemplo) para deslumbrar o pio leitor, citando autores de culto e na berra, para passar no exame do Tempo. É preciso muito mais do que isso. Sic transit...

com agradecimentos a MR.

O centenário de Alves Redol



Só tarde me dei conta de que tinha deixado passar a data do centenário do nascimento de Alves Redol (29/12/1911 - Novembro de 1969) e, hoje, verifiquei que nunca referira o seu nome neste Blogue. É uma omissão imperdoável, a minha, até porque li boa parte da sua obra, e gostei muito de dois ou três livros que Redol escreveu. Ainda considero "Barranco de Cegos" (1961) um dos bons romances portugueses do séc. XX, até porque o voltei a ler, aqui há poucos anos. E mantive a opinião que tinha sobre a sua qualidade literária.
Esquecidos, ou desvalorizados pelo tempo, tantos outros como Namora, Faure da Rosa, Marmelo e Silva, Loureiro Botas, Ferro Rodrigues, todos eles colados ao neo-realismo, mas datados, o verbo de Alves Redol, em muitas das suas obras, mantém o vigor e interesse de leitura. Por isso aqui o lembro, através das capas de três dos seus livros.

Obsv.: a capa de "Gaibéus" é de Manuel Ribeiro de Pavia, as outras, de João da Câmara Leme.  

Minudências estruturalistas e linguísticas


Ao arrumar livros antigos, deparei com um fastidioso volume intitulado "Linguística e literatura" (Edições 70, 1976) que, creio, tive que ler por razões curriculares. O livro tem contribuições variadas e segue os dogmas estruturalistas da época, hoje datados e obsoletos, prática e felizmente. Encontrei, no entanto, ao folheá-lo algumas transcrições de uma carta interessante de Fernando Pessoa para Adolfo Casais Monteiro, sobre os heterónimos, comentadas por Luciana Stegagno Picchio e Roman Jakobson. Aqui vão, as palavras claras de Pessoa, intercaladas pelos comentários dos estudiosos estrangeiros (em itálico):
"Criei então uma coterie inexistente. Fixei aquilo tudo em moldes de realidade. Graduei as influências, conheci as amizades, ouvi, dentro de mim, as discussões e as divergências de critérios, e em tudo isto me parece que fui eu, criador de tudo, o menos que ali houve."
O relato do poeta deve ser tomado à letra:
"Aparecendo Alberto Caeiro, tratei de lhe descobrir - intuitiva e subconscientemente - uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe um nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via."
A assinatura do mestre Ca-ei-ro entra, com duas metáteses (ir-ri e eir-rei), no nome e no sobrenome «ajustados» para designar o discípulo Ri/cardo Rei/s e, dentre as onze letras desse achado onomástico, nove (isto é, todas excepto a consoante final dos dois temas) reproduzem as de CAEIRO. Ademais, a primeira sílaba desse sobrenome e o fim do nome Albe/r/to Ca/eiro, se reflectem, com uma metátese, no nome do discípulo Ri/car/do. ...(pg. 26)

Um soneto ligeiro, traduzido do castelhano



A uma amiga

Um queijo, bela Carmen, me enviaste,
caseiro, mas do ilustre Calatrava
e depois uma caixa de goiaba...
O doce e o salgado: que contraste!
Queres destruir a paz do meu sossego.
Com o doce... pensei que te tragava,
e o queijo... (que, é certo, hoje se acaba)
com o sal que te sobra o amassaste.
E, assim, com minha gula satisfeita,
versos me pedes, nada mais? Bondade imensa!
Choveram sobre ti como granizo.
Posso eu lá negar tão leve recompensa
a quem no rosto tem tanto feitiço?...
E tanta gulodice na despensa?

Nota: Manuel Bretón de los Herreros (1796-1873), autor espanhol deste soneto festivo, nasceu na província de Logronho, estudou em Madrid e foi soldado cerca de 30 anos. Dedicou-se, depois, à literatura, tendo sido também director da Biblioteca Nacional de Espanha.


para MR, cordialmente.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Joly Braga Santos (1924-1988)


Foi esta a segunda (e última) obra musical interpretada pela Orquestra Estúdio, na cerimónia de 
abertura de Guimarães, Cidade Capital de Cultura 2012. E muito bem, aliás. 

Incursões Culinárias 9

As voltas que os livros dão ...


Do post de MR sobre as frigideiras de Braga e, nomeadamente, a gentileza de colocar, em comentário, a receita de Maria Odete Valente, saltei para uma colecção de livros de receitas. De Maria Odete Valente tenho os tomos 1,2 e 4 da Cozinha Regional Portuguesa, com introdução de Luís de Sttau Monteiro, na edição do Círculo de Leitores, 1987.
No entanto, sobre os três volumes referidos, queria contar uma história sobre as voltas que os livros dão.
Recebi-os, como presente de Natal, há uns anos, em Colónia. A minha amiga RJ, coleccionadora de livros de cozinha e assídua frequentadora de variadíssimas feiras da ladra, encontrou, numa das suas incursões, os livros de Maria Odete Valente. Como também é seu costume, vai guardando, ao longo do ano e num minúsculo mas organizadíssimo escritório na cave, os objectos comprados, nessas feiras, e que ela julga irem ao encontro dos desejos de seus amigos.
Assim, no dito escritório, vão-se acumulando presentes de Natal, de Janeiro a Dezembro. Escusado será de dizer que é expressamente proibida a entrada "a estranhos" nessa gruta de Ali-Babá.
E foi assim que os três volumes de Maria Odete Valente deram uma volta completa pela Europa. Tendo, certamente, partido de Portugal, pousaram e serviram, durante algum tempo, algures na Renânia (?) até regressarem, de novo, à pátria. 
Belo passeio e feliz re-encontro.

Post de HMJ
Para MR

Guimarães, Capital de Cultura 2012




Gostei da cerimónia de abertura. Particularmente de dois, dos cinco discursos proferidos. E da estreia auspiciosa da jovem Orquestra Estúdio, que interpretou Stravinsky e Joly Braga Santos. Logo, às 22 hrs., no requalificado Largo do Toural, actuarão os La Fura dels Baus. Mas para os ausentes, felizmente, haverá serviço público com cobertura televisiva do espectáculo.

Os Pê Érres


Lembro-me de alguns, pela imagem que davam de si. E, em quase todos eles havia, pelo menos, uma respiração de dignidade. Até nos salazaristas estadonovenses (o pequenino Carmona marechal, o Craveiro Lopes sagitário nítido, o marujo Thomaz) havia, pelo menos aparentemente, noção de Estado e respeitabilidade. Quanto a números, e em público, só o marinheiro Américo, às vezes, os referia. Para dizer a quantidade de visitas que fizera a uma terra, ou os quilómetros que tinha percorrido. E, para trás, desde a República, houve sempre figuras singulares: Teófilo Braga, o  "cartolinhas" Machado, Teixeira Gomes, para só citar os melhores; mas, também, nos outros, houve sempre uma linhagem moral exemplar, uma atitude humanista, uma figura culta, respeitável, digna de seguir. Representavam Portugal no seu melhor.
Depois do 25 de Abril: Spínola, Costa Gomes, Eanes, Soares e Sampaio não desmereceram, quase nunca, a galeria dos nossos melhores.
Eu, que sou minhoto de adopção, não tenho nada contra o reino dos Algarves nem contra os algarvios. Mas, depois de Teixeira Gomes (para mais nativo do meu signo astrológico), este algarvio de Boliqueime tem-me envergonhado imenso, ao longo do seu exercício público medíocre. Até faz contas, em frente às câmaras de televisão, em prestações miserabilistas e mesquinhas... Que são só 10.000,00 euros o que recebe (como saloio sonso "esqueceu-se" de referir as despesas de representação da Presidência da República), mais os 800,00 de reforma da D. Maria.
Eu acho que não merecia isto - até porque não votei na criatura. Com benevolência cristã, acho que este PR poderia ser um eficiente contabilista de uma PME de província. Mas não mais do que isso.

Uma louvável iniciativa (3)


Com a redução vocabular a que vamos assistindo em grande parte das novas gerações, apoio incondicionalmente estas ideias de propagar, explicando, expressões idiomáticas da língua portuguesa. Assim se perpetuam, na medida do possível, frases que já pouca gente conhece, ou que foi esquecendo, pela falta de uso. O pacotinho de açúcar tive que o usar, mas guardei a embalagem, para aqui dar notícia desta expressão "onde Judas perdeu as botas" que significa: longe, distante. A explicação vem, por palavras, na imagem.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

3 haiku de Inverno


Eu tusso
logo existo
- neve da meia noite.

Hino Sôjô (1901-1956)

Sobre o muro dos dias
curtos se abrem os poemas
da charneca desolada.

Terayamo Shûji (1935-1983)

Primeiro sonho do ano
no fundo da floresta
a cerejeira antiga.

Ozawa Minoru (1956)

Bibliofilia 57



Este livrinho "Physionomia e varios segredos da Natureza", de 96 páginas, com autoria anónima, foi impresso em Guimarães, em 1905. Colige, ao que informa no frontispício, informações de outras obras, mas não refere quais. Além deste meu exemplar, nunca mais vi nenhum à venda e, por isso, deve ser raro ou muito pouco frequente. Mas o pequeno volume, que tem úteis curiosidades, trazia um bónus no seu interior: um manuscrito, em papel azul, de 30 páginas com a significação simbólica das flores, plantas e árvores, todas elas interessantes.

Federico Fellini (1920-1993)


Foi notícia, ontem, o aumento da taxa de suicídios nos países afectados pela crise. Passa, hoje, mais um aniversário do nascimento (20/1/1920) de Federico Fellini. Este início do filme 8 1/2 poderia servir de ilustração efabulada dos tempos de claustrofobia que atravessamos. Por outro lado, este filme de Fellini é, com "A tomada do poder por Luís XIV" de Rossellini, um dos que mais gosto dos que vi, até hoje.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Do Fabulário, de Mário de Carvalho


Com a devida vénia:
"Dizia a Louva-a-Deus: 
- Ao pé de mim todos ficam tranquilos.
E apontava com a patita o seu ninho, coberto de quedas carcaças, devoradas."

Os limites da publicidade


Que o "Expresso" tenha usado métodos na publicidade do seu produto que, por vezes, roçam o decoro, significa, apenas, uma adaptação a uma tendência de menoridade face ao público leitor.
Ora, a campanha com a imagem em epígrafe ultrapassa, como julgo, o limite aceitável de publicidade, provocando uma revolta imediata.
Apelar a quem quer que seja, leitor ou cidadão, para furar uma greve em troca de uma "Vespa" é, no mínimo, abjecto. Confundir, com objectivos promocionais, valores espirituais com comerciais revela uma mentalidade que, no mínimo, considero miserável.
Post de HMJ