terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Recomendado : sessenta e seis


Por vezes, é difícil apercebermo-nos, no decurso da amena leitura, se é de memória-ficção que se trata, ou de memória-realidade o que vamos lendo, porque o ritmo dos acontecimentos deste volume de John Le Carré (1931) é, quase sempre, acelerado e fascinante.
Depois há retratos breves, mas impressivos, de Richard Burton e Alec Guiness ( uma espécie de alma gémea de John Le Carré, já o sabíamos...), de Kubrick e de Fritz Lang, quase cego e em plena decadência profissional. Só por isso, valeria a pena comprar e ler este livro.
Remato com uma citação interessante: Graham Greene diz-nos que a infância é o saldo credor de um escritor. Por essa medida, pelo menos, eu nasci milionário. (pg. 319)
Recomendado.

domingo, 29 de janeiro de 2017

Comic Relief (133)


Com uma tradução à Google... E para os muitos turistas que nos visitam.
(Clicar, por cima, para ler melhor.)


Agradecimentos a C. S..

sábado, 28 de janeiro de 2017

Uma fotografia, de vez em quando (91)


Com traços de expressão camaleónicos, num rosto que tanto nos faz lembrar um Jean Cocteau, mais cheio, como um Henry Kissinger, mais elegante, faleceu recentemente (15/1/2017) em Morges (Suiça), o fotógrafo helvético Charles-Henri Favrod, nascido a 21 de Abril de 1927. Mais do que um mero colaborador da Gazette de Lausanne, como fotógrafo de guerra (Argélia), foi sobretudo um homem de acção, que teve um papel importante nas conversações de paz, franco-argelinas, bem como foi o principal impulsionador do Musée d'Elysée (1985), de fotografia, e organizador, em Florença (Itália), do Museu Fratelli Alinari (2006), dedicado à mesma arte.
Por força das circunstâncias, a sua obra fotográfica, de qualidade, acabou por ocupar, injustamente, um papel secundário.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Leituras Antigas XLII


Creio que poderei dizer que me despedi, saciado, da infância, bem como da adolescência. Costumo até dizer, por ironia, que tive uma infância feliz. Porque raramente regresso a esse paraíso artificial ou ao fetichismo mental dos seus brinquedos, filmes ou livros. Embora, aquando da infanto-adolescência dos meus filhos, o tenha feito por obrigação afectuosa. Mas foi - diria - a despedida final, a cerimónia dos adeuses.
É possível, no entanto, que por vezes haja pequenas e fortuitas recaídas na compra de pequenas coisas, livros, postais de um tempo passado. Talvez mais até pelo seu lado estético, como estes dois Vampiros Magazines, dos anos 50, com belíssimas capas de Cândido Costa Pinto, com influência surrealista. Para não falar das traduções de Victor Palla dos contos de cariz policial, que estes pequenos livros encerram.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Eça, por Fialho


É sabido que Fialho de Almeida (1857-1911) não morria de amores por Eça de Queiroz (1845-1900). E é conhecida a cena de Fialho no Rossio, de ostensiva gravata vermelha, a observar o cortejo fúnebre de Eça. Os seus afectos inclinavam-se, sobretudo, para Camilo. 
Conheço, de Fialho de Almeida, dois textos sobre Eça. O primeiro  publicado em O Contemporaneo, relativamente suave; o segundo, bastante mais contundente, em jeito de apreciação literária, veio em o Brasil-Portugal, já depois da morte do romancista de Os Maias. Vou transcrever uma pequena parte do primeiro.

"Conheci-o ha pouco mais de um anno num gabinete de restaurant onde elle ia cear todas as noites, com rapazes. Espirito adoravel, bordado de infantilidades sabiamente premeditadas para os effeitos scenicos de seducção intellectiva, mordacidades de alto e polido estylo, e sobretudo esse privilegio sagaz de não perder um millimetro de estatura, pela intimidade e pela franqueza, prodigalisadas em volta. (...) Tudo nessa figura de cartilagem, franzina e pallida, trahe o espirito depurado em requintes subtis, á custa de uma especie de tortura physica, que o rala, ao mesmo tempo que o transfigura. Olhem bem essa masque de face cavada e nariz astuto, com olhos de myope alternadamente coriscantes e doces, bocca fina, que sob as azas do bigode, aos cantos se atormenta numa ironia que faz na sua conversa e na sua proza, um scintilar de espadas em duello. Ao premir na orbita o monoculo, as sobrancelhas negras extranhamente arqueadas aproximam-se e palpitam, como remiges em azas de corvo, pondo na physionomia, o que seja de um cunho mephistophelico. Voz grave, ora de morosidades morbidas, ora em catadupa febril. ..."

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Johann Friedrich Fasch (1688-1758)

arte menor (26)



Há que fazer um uso
pausado
dos dedos. As mãos
devem ser chamadas
a nobres intenções,
a íntimas
formas de ser,
como amar
e ofender.

E, definitivas,
serem cruzadas
ao morrer.


Sb. 9-17/1/2017.

Equivalências... ou sinestesias?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Citações CCCVI


Toda a alegria de dirigir os jogos e as lutas das sete cores do prisma será semelhante à de um músico multiplicando as sete notas musicais, com o objectivo de produzir a melodia.

Paul Signac (1863-1935).
...

O efeito deixado sobre a retina por um vermelho, bruscamente afastado, depois de uma longa exposição, não é o vermelho mas o verde. E se o olhar se expuser longamente ao verde, o efeito deixado por  estas mesmas condições será a emergência do vermelho. A mesma feitiçaria preside à alternância do amarelo e do violeta, do azul e do alaranjado. Cada um pode constatar empiricamente, e desta maneira, a lei das complementaridades e a existência de três pares de cores.

Paul Klee (1879-1940). 

domingo, 22 de janeiro de 2017

Roberto Juarroz (1925-1995)


94

Não há regresso.
Mas existem alguns movimentos
que se assemelham a um retorno
como o relâmpago à luz.

É como se fossem
formas físicas da memória,
um rosto que volta a formar-se por entre as mãos,
uma paisagem submersa que se reinstala na retina,
há que procurar medir de novo a distância que nos separa da terra,
voltar a comprovar que os pássaros ainda nos seguem, vigilantes.

Não há retorno.
No entanto,
tudo é uma invertida esperança
que vai crescendo para trás.


Roberto Juarroz, in Poesia Vertical (1987).

sábado, 21 de janeiro de 2017

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

As palavras do dia (24)


"... A pessoa-kitsch só tem palavras vãs, produz retórica de pacotilha quando julga que está a ser poética, e quanto mais quer engrandecer o objecto dos seus elogios emocionados mais deixa perceber a falsificação. ..."

António Guerreiro, na crónica "A História em directo" (ípsilon, jornal Público de 20/1/2017).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A caminho do Reno


Recuadas na memória tenho imagens minhotas de pequenas poças cristalizadas, nas manhãs frias do pico e rigor do Inverno. Mas era uma capa finíssima que estilhaçava, como mica transparente, à menor pressão do meu sapato, quando descia ao quintal. E donde a água se libertava e adquiria a sua consistência natural - líquida.
Nada que se compare, porém, à solidez e beleza das fotografias das poças semi-geladas renanas, que uma amiga nossa, afectuosamente, nos enviou.


Entre a pequena aldeia de Merkenich e o curso natural do Reno, há um pequeno território onde não se podem construir habitações. Mas onde se podem, na Primavera e Verão, cultivar couves, tomates, batatas, abóboras, porque a terra é úbere e generosa. Mas, agora, a terra está dura, enregelada, imprestável para produzir. E foi nos seus sulcos que se criaram estes singulares e estranhos arabescos, que a Ruth nos mandou, em fotografia, para avaliarmos o rigor deste Inverno alemão de 2017, na região de Nordrhein-Westfalen.




Eugénio de Andrade (19/1/1923 - 13/6/2005)


De Os Afluentes do Silêncio (1968):

"...E para terminar, vou fazer-vos uma confidência: creio que ninguém sabe de ciência certa o que é um poeta. Ele não veio ao mundo particularmente assinalado. Que estrelinha traz na testa, para que o reconheçamos? Goethe não a soube ver em Hölderlin, Pascoaes não a descobriu em Fernando Pessoa, nem os assassinos de Lorca a viram tremer nas suas mãos, Aloysia Weber também não a pressentiu nos olhos de Mozart; para si ele não era senão «um homem baixinho», razão mais que suficiente para o recusar em casamento. Parece não haver dúvida que o poeta, por mais solar que seja, carece de suporte. A sua realidade mais real são as sílabas dessas perguntas que vai fazendo num tempo que não está maduro ainda para lhe dar resposta cabal, como refere Walter Benjamin. Sílabas que vêm de longe, de tão longe que nelas ressoam obscuramente os primeiros balbúcios de uma tribo, de uma civilização. Pessoa diz isso admiravelmente quando afirma que deve haver, no mais pequeno poema de um poeta, qualquer coisa por onde se note que existiu Homero."

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Jordi Savall : de El Llibre Vermell de Montserrat

Liliane Wouters (Bélgica, 1930-2016)



Para viver, há que plantar uma árvore,
ter um filho, construir uma casa.

Eu unicamente olhei a água
que corre dizendo-nos que tudo flui.

Somente procurei o fogo que arde
e nos vai dizendo que tudo se apaga.

Apenas persegui o vento que foge
e nos vai dizendo que tudo se perde.

E acabei por nada semear na terra
que aguarda e murmura: cá vos espero.

Ideias fixas 9


Do sapato atirado à cara de Bush,jr., numa conferência de imprensa, aqui há anos, até à bofetada dada, ontem, na Bretanha, a Manuel Valls, a indignação ofensiva, mesmo assim, sempre me parece mais saudável do que a comodista abstenção...

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Adagiário CCLXVI


Macaco velho não mete a mão na combuca*.


* O Dicionário de Língua Portuguesa (1960), de José Pedro Machado, regista combuca como: certo pássaro tenuirrostro africano. Dicionários mais recentes referem: cabaça de boca grande.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Do que fui lendo por aí... (5)


"...Pense-se em Espanha, Portugal, o Brasil, todas as repúblicas americanas, Bélgica, Holanda, Suiça, Grécia, Suécia... a própria Inglaterra; mesmo no que diz respeito ao território que os príncipes alemães de hoje conquistaram em parte à custa do imperador e do Império, ...de algum modo, nesses próprios estados, não se poderiam atribuir títulos de propriedade absolutamente legítimos, e na política do nosso próprio país, em si mesmo, não podemos esquecer que ele foi criado a partir de bases revolucionárias..." (pg. 148)

Bismarck, por Emil Ludwig (Payot, Paris, 1929).

sábado, 14 de janeiro de 2017

Osmose 86


Enquanto reinicio a leitura de os Cahiers, de Cioran, por volta da página 850, vou ouvindo, em simultâneo, a banda sonora (The Poet Acts) de Philip Glass para o filme The Hours, sobre a vida de Virginia Woolf. Tarefa inglória: raramente as duas acções conseguem conviver harmoniosamente, partilhando esse meu tempo. Ora é a intensidade da música que me distrai da leitura do diário de Cioran, ora são as palavras dramáticas do (filósofo) romeno que me fazem esquecer os acordes do músico norte-americano.
Faço uma pausa, para decidir por qual hei-de optar...
Mudo para Sigur Rós, e mantenho E. M. Cioran.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Ressaca


Os franceses sabem, quase sempre, frequentar os sentimentos com elegância.

Por isso me atrevo a traduzir para português o início do editorial que Jean Daniel (1920), no último L'Obs (nº 2723), dedicou a Mário Soares:
"Evocar ligações como aquelas que nos uniam a Mário Soares traz-nos um frio à alma e calor ao coração. (...)" 

Mercearias Finas 118


Neste caso, e excepcionalmente, o vinho foi o actor principal. Para acompanhar o queijo, no final. Estava guardado, como dizia o Eugénio: para um vento que o merecesse. E tínhamos, a HMJ e eu, para companhia do almoço, daqueles amigos que, também excepcionalmente, com os anos se vão transformando em família. Muito chegada.
Foi pelo princípio de Dezembro, ainda o ano velho não era passado.
Para os peitinhos de Pato com Airelas (Magret, também lhe chamam), que HMJ preparou com afecto, foi chamado um Vino Nobile di Montepulciano 2012, vinho de Itália, que fiquei a conhecer da última vez que estive na Alemanha. Com os seus 13,5º macios e mansos deu boa conta de si, como acompanhante discreto e mavioso.
Um dos casais dilectos convidados era da colheita de 1984. E, por sorte, eu tinha na garrafeira um Reserva Especial Ferreirinha, do mesmo ano. Que apesar dos seus improváveis 11º, estava um esplendor. E nos soube, lindamente, para secundar a variada tábua de queijos.
Evoé!


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Recuperado de um moleskine (25)


Às vezes, abro um livro de poemas
de um poeta morto: é uma forma
de lhe fazer uma visita inesperada;
de ouvi-lo, pelo meio de palavras suas.
Mas a idade traz consigo a crueldade
do cepticismo, a intolerância dura,
desactualizadas distâncias de estilo,
o abusivo desrespeito sobre ingénuas
palavras de outro tempo, que releio.
Retira-se o poeta compungido
da minha presença. É bem possível
que eu fique envergonhado por minutos.
Mas depressa me esqueço para sempre
e o poeta também vai à sua morte.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

The Beatles de outro modo, por Haim Shapira

Apanhados


No centro de Lisboa, nestes últimos dias, pela Babel, e no 28, o que se ouvia mais era  o francês, o espanhol e o italiano, até parecendo o português um dialecto minoritário...
E, pelos vistos, até um dos futuros e possíveis candidatos ( neste caso, o mais à direita) do PS francês, à presidência da República gaulesa, Emmanuel Macron (1977), veio passar o Natal a Lisboa, com a sua mulher.
A foto e a notícia são de L'Obs (nº 2722).
Isto, quanto a vindas de franceses, para Portugal, só é comparável ao tempo das invasões napoleónicas...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Antonio Gamoneda (Oviedo, 1931)


Amor


A minha maneira de te amar é simples:
aperto-te contra mim
como se houvesse um pouco de justiça no meu coração
e eu ta pudesse dar com o meu corpo.

Quando desordeno os teus cabelos
algo de muito belo nasce das minhas mãos.

E quase não sei mais. E só aspiro
a estar contigo em paz e a estar em paz
como se isso fosse uma obrigação desconhecida
que às vezes me pesa demais no coração.

domingo, 8 de janeiro de 2017

sábado, 7 de janeiro de 2017

Mário Soares (7/12/1924 - 7/1/2017)



Pedro Chorão


Ontem, véspera do término da exposição retrospectiva da obra (na parte referente a colagens e trabalhos em papel) do pintor Pedro Chorão (1945), decorreu, na Fundação Carmona e Costa, uma conversa entre o Autor, José Luís Porfírio e Paulo Henriques. Em contribuição cordial, e porque há muito acompanho com empenho amigo o seu trabalho, ofereci a Pedro Chorão o pequeno texto que vou reproduzir aqui.

Os discretos sinais

Um militante abrilista, já falecido e hoje quase esquecido, disse uma vez que um político que não se repetisse, não era coerente. Ora é essa coerência ou fidelidade que eu também encontro na obra de Pedro Chorão. A ela dei, em tempos, o nome de estética do precário. Esse uso de sinais mínimos nas telas que me fazem lembrar as "conchas, pedrinhas, pedacinhos de ossos..." de que falava Pessanha. Mas que na obra do Pintor de Verão 79 podem ser apenas 3 ou 4 bagos de uva, uma faca banal que ocupa posição de símbolo, uma folha sugerida que dá cama e origem a três árvores de uma colagem quase linear.
Por ciclos estou a ver este seu coerente caminho. Que podem ir do Alentejo até às pirâmides, no entanto, quase sempre para Sul, onde a luz é mais crua. Ou pura? Mas sobre isso não saberia eu falar, porque me deleitei a ver, e os sentidos falaram mais alto, calando as palavras.
Que nova fase terá já iniciado Pedro Chorão, depois desta soberba mostra da sua obra? Habituei-me, recentemente, a ver obras grandes em anos de velhice. Estou a lembrar-me de Herberto Helder, Leonard Cohen. Ou ainda David Hockney que revisitou a infância com paisagens lindíssimas, numa exposição que tive o gosto de ver em Colónia, há poucos anos atrás.
Por isso, fico aguardando, com grande amizade e uma enorme expectativa, a próxima exposição de Pedro Chorão.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Comic Relief (132)


jornal Público (6/1/2017), in O Inimigo Público.

Uma fotografia, de vez em quando (90)

O enquadramento perfeito da imagem denuncia, quase sempre, um artista.
Considerado um dos mais importantes fotógrafos americanos contemporâneo, Robert Misrach (1949) destaca-se sobretudo pela revalorização da cor, na sua obra, em detrimento da supremacia, para efeitos artísticos, do preto e branco. O uso natural de processos e de câmeras tradicionais são também algumas das suas marcas de água.
Os desertos, as catástrofes naturais, o ambiente ameaçado são as suas temáticas principais. Misrach caracterizou as suas preocupações principais como sendo os aspectos políticos e estéticos, fundamentalmente.



quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Velhos métodos


"Divulgou-se pela Corte que S. A.* dava títulos de Duques aos Marqueses de Gouveia, e Marialva; de Marqueses aos Condes de S. João, e Torre; de Conde a D. Rodrigo de Meneses. Também correo vox que Antonio de Mendonça tractava de ficar Inquisidor geral; o Bispo de Targa, Arcebispo de Lisboa; Sebastião Cesar, de Braga; pareceo aos entendidos, que a pretenção com artificiosa politica divulgou a nova, para que chegasse ao Principe da boca do povo, que até esta hora não sabemos que sahisse para a boca do povo da mente do Principe. Principes houve em Portugal que usárão deste ardil, para saberem pella approvação, ou reprovação do povo, se erão acertados seus intentos, querendo dar titulos, e postos; mas agora os pretendentes dos postos, e dos titulos, querião dar a entender ao Princepe, que o povo os escolhia por benemeritos delles."

Fr. Alexandre da Paixão, in Monstruosidades do Tempo e da Fortuna (pg. 99).

* este S. A. (Sua Alteza) refere-se ao regente D. Pedro (1648-1706), que foi rei (D. Pedro II) após a morte do irmão, D. Afonso VI (1643-1683).

Citações CCCV


Os velhos acreditam em tudo: os homens, de meia idade, suspeitam de tudo: os jovens sabem tudo.

Oscar Wilde (1854-1900).

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Desabafo (18)


Nunca percebi muito bem para que serve (a não ser para desmiolados e pobrezinhos que hoje constituem a nova ignorância) o Pinterest, para além de ser um banco de imagens, meramente plagiador e repetitivo, como uma ladainha religiosa. Já me sugou algumas (imagens), originais e em primeira mão. Chupadas, normalmente, por senhoras que trabalham para o dito. Dito que é, no fundo, uma espécie de souteneur, um pimp, em bom português: um proxeneta (para não usar a linguagem chula...). Enfim!...
(E, como quase todos, marcano, como o pato-bravo do Trump, com certeza!)
Mas ninguém o contesta, talvez porque dá jeito a quem não tem ideias, nem imagens próprias para usar.

Franz Schubert / Trio Wanderer

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Idiotismos 40


Creio que era um velho sábio chinês que dizia para o bem-amado neófito: Oxalá vivas tempos interessantes ! - em votos sinceros de felicidade, à despedida.
Ora eu diria que, no presente, não me posso queixar, deste início de 2017. Veremos o que se segue.
Faria, no entanto, sobre estes últimos badalados acontecimentos, uma troca de feira de gado por negócio de ciganos. E, em relação a alguns preços de vinhos para presentes de Natal, que vi publicitados no consagrado Expresso e outros tantos no Público, repontaria com redobrada indignação: Vão lá roubar para o pinhal de Azambuja!

domingo, 1 de janeiro de 2017

Adagiário CCLXV


1. Ano nevoso, ano formoso.
2. Ano de ovelhas, ano de abelhas.
3. Ano de beberas, nem de peras, nunca o vejas.


P. S. : A todos um bom Ano Novo de 2017!