quinta-feira, 31 de março de 2011

Uma boa saída de Jean-Luc Godard


São raríssimas, em Portugal, que eu saiba, as recusas pessoais em receber prémios, condecorações ou, como eu gosto de lhes chamar, veneras (melhor ainda: "venerinhas"). Que me lembre, e com algum significado importante, apenas uma vez, Herberto Helder terá recusado o Prémio Pessoa, atribuido pelo Jornal Expresso. Com alguma surpresa pública e do mundo intelectual. Era, no entanto, uma atitude coerente do Poeta, tendo em vista posições anteriores. Foi, por isso, que achei interessante, ter tomado conhecimento, há dias, da reacção do realizador francês Jean-Luc Godard (1930), quando o sondaram para vir a receber a Ordem de Mérito, que o Governo Francês lhe queria atribuir. Godard terá respondido: " Senhor Ministro, sinto-me lisongeado, mas em princípio creio que não tenho nenhum mérito e, por outro lado, eu não recebo ordens de ninguém!"

Pelo aniversário de Joseph Haydn


Citações LXIII : René Descartes


"O bom senso é a coisa mais bem partilhada do mundo, porque cada um pensa que tem o suficiente."

René Descartes (31 Mar. 1596 - 11 Fev. 1650).

Balanço, contas e notícias de dentro


Dentro de dias, o Arpose completará um ano e meio de vida. A variedade tem sido o seu mote, não excluindo uma intervenção cultural e cívica. Essa variedade teria sido menor se não tivesse contado com a colaboração regular de HMJ a quem, publicamente, agradeço. Bem como com as achegas e sugestões que me têm chegado de A. de A. M., C. S., H. N., ms, e os comentários de Amigos, aqui, no Blogue, que ultrapassou este mês os 1.500 postes. Também os visitantes atingem já a centena, diariamente. O que muito me agrada.

A partir de Abril, o Arpose irá contar, ainda que de forma bissexta, com a colaboração efectiva do meu amigo H. N. que fará "notas de leitura" sobre livros diversos. Será uma colaboração de qualidade que, antecipadamente, agradeço. A primeira "nota de leitura" será sobre Albert Camus. A todos, o meu bem hajam!

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Cómico

A criatura acima reproduzida dá pelo nome de Edward Hadas. Como jornalista do Financial Times (FT) abusou do seu estatuto mediático para produzir uma enormidade, mental, ética e humana, sugerindo a anexação de Portugal pelo Brasil para ultrapassar a presente crise financeira do país (!). Assim vai o mundo financeiro e o pobre jornal financeiro, certamente, à cata de audiências medíocres e ignorantes, ultrapassando tudo, até os princípios internacionais que consagram a soberania dos estados.

Perante o abuso do inefável jornalista protestei, desde anteontem, no lugar próprio, perguntando se o "UK" gostaria de ser anexado pelo Estado da Índia para resolver a sua crise financeira que, afinal, também, a tem.

Vem agora o FT, disfarçando a sua responsabilidade, afirmar que houve "reacções irritadas" (!) ao texto do jornalista que, afinal, só estava a ironizar (! - sic). Não tenho irritações. Prezo princípios e, nesta como noutras matérias de ética e humanidade, pronuncio-me !

Não será por acaso que nunca fui adepta daquilo que é costume chamar-se "humor inglês". Sabe-me sempre a um provincianismo profundo que associo à matriz do "UK" como ensinamento das minhas visitas à Inglaterra e que o "jornalista cómico" representa na perfeição.

Que Hades lhe seja leve, se o "jornalista cómico" souber o que a palavra significa. Duvido !

[o vídeo da entrevista pode ser visto através de: video.ft.com]


Post de HMJ

Filatelia XVIII : A travessia aérea do Atlântico Sul


Cedo os Correios de Portugal perceberam que, mercê do aumento incessante de coleccionadores de selos, seria rentável, à partida, emitir séries com taxas numerosas, para arrecadar receitas. Se, durante a Monarquia, a emissão do Descobrimento da Índia ( ou de Vasco da Gama, como é mais conhecida), de 1898, já não foi um sucesso de vendas como tinham sido, de algum modo, as séries de D. Henrique ou Sto. António, os Correios da República não aprenderam com o facto.

Esta emissão de 1923, sobre a Travessia aérea do Atlântico Sul, para celebrar o feito de Gago Coutinho e Sacadura Cabral (que hoje se comemora), composta por 16 valores, foi um total fracasso de venda. Ainda hoje, nova, esta série se pode comprar a preços módicos, porque a tiragem também foi numerosa. Deixo, para outro dia, a política oportunista, comercial e francamente pouco inteligente dos CTT de Portugal, actualmente.

A massificação e a preguiça


Nunca será demais lembrar Angelo de Sousa, e faço-o, uma vez mais com respeito e estima, reproduzindo, pela 2ª vez, uma obra sua. Vou explicar porquê.

De ontem a esta parte, cerca de 1/4 das visitas ao Arpose dirigiram-se a um poste de 16 de Fevereiro, intitulado "Esquerda e direita - a memória" que tinha, em imagem, uma obra de Angelo de Sousa, em cores vermelha e azul. Na minha intenção, o azul seria a direita, e o vermelho representaria a ideologia de esquerda. Estranhei tanta visita ao mesmo poste. Eles vinham de Lisboa, imensos do Porto, de Inglaterra, de França, de Espanha, até de Riga e da Alemanha. Pensei cá para comigo: há um súbito interesse (louvável, aliás) pela política portuguesa. Cedo me desenganei. Como Angelo de Sousa tinha falecido, grande parte das visitas vinha sugar a imagem de uma obra do Pintor, para usá-la, se calhar, noutros blogues. Que tristeza.

À guisa de alternativa e para variar esta massificação preguiçosa sugiro que, para ilustrar algum eventual epicédio, comprem ou consultem: da IN-CM, colecção arte e artistas, a monografia "Angelo de Sousa" feita por Bernardo Pinto de Almeida (1985), que não está esgotada. Mas há muito mais bibliografia sobre Angelo de Sousa. É preciso é trabalhar a procurá-la. Façam exercício, que faz bem ao corpo e à cabeça - a net não é tudo: é até muito pouco...

Goya



Francisco Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, próximo de Saragoça, a 30 de Março de 1746. O "Auto-retrato", em imagem, pertence à série de 80 águas-fortes intituladas "Os Caprichos", quase todas elas satíricas ou de crítica social. Terão sido executadas entre 1793 e 1798. Foram anunciadas, no Diario de Madrid de 6 de Fevereiro de 1799, através de palavras seguintes, escritas por Goya ou com a sua anuência: "Convencido de que a crítica dos erros e dos vícios, seja embora uma função da retórica e da poesia, também pode servir de tema à pintura, o artista seleccionou, das extravagâncias e loucuras comuns a toda a sociedade e dos preconceitos e fraudes, sancionadas pelo costume, a ignorância ou o interesse, aqueles que parecem mais adequados ao ridículo e estimulantes como imagens." Goya morreu a 16 de Abril de 1828.

Divagações 3


A chuva oblíqua tinha-me vindo de outra realidade. Que não do Pessoa, decerto, mas de uma raíz mais prosaica. E, do excesso, é sempre bom ter um bocado. Para momentos de heroísmo, de irreflexão, ou amores impossíveis. Para abrir, romper a rotina, sermos outros instantes sobre a vida - e não nos repetirmos sempre.

Há muito tempo, e no cais, o homem grisalho teria dito, quase ao pé de mim: "...o barco saíu daqui, com boa manobra e tudo..." - como dois versos perfeitos separados pela vírgula. Pensei, na altura, que era um belo começo de poema. E tomei nota das palavras, num pequeno papel, que perdi. Mas nunca consegui continuá-las...

Memória 54 : Angelo de Sousa


Angelo de Sousa, Moçambique, 2/2/1938 - Porto, 29/3/2011.

terça-feira, 29 de março de 2011

Música e Poesia XXXIV : The Beatles

"A day in the life", de The Beatles, vai sob esta rubrica por várias razões, talvez subjectivas e pessoais. Mas também por uma causa objectiva: o Albert Hall foi inaugurado, exactamente, há 140 anos, em Londres, pela raínha Victória. É uma grande sala de espectáculos, com uma arquitectura curiosa. E The Beatles falam dela, nesta canção, quase no final.

Português em destaque (4) : Arq. Souto Moura



Nem tudo são tristezas, em Portugal. O arquitecto Eduardo Souto Moura (1952) venceu o Prémio Pritzker (equivalente ao Nobel, para Arquitectura) 2011. E isto, depois, de há 19 anos, Siza Vieira também ter sido galardoado. Em menos de 20 anos a Arquitectura Portuguesa recebe 2 Pritzker - é de destacar o facto, com orgulho patriótico. Com uma obra já vasta e abrangente, que conta no curriculum, com o Estádio do Braga (em imagem) integrado numa pedreira desactivada (2003/4), a "Casa das Histórias", em Cascais, para albergar o obra de Paula Rego, ou as estações do Metro do Porto (1997-2004), Souto Mouro está de parabéns.

Iconografia moderna e laica (12) : antes da A. S. A. E.


Para lá de, ao olhar para esta magnífica fotografia antropológica de Paula Oudman, pensar com grande bonomia na intemerata cruzada dos cavaleiros da A. S. A. E. ( por falar nisso, que será feito daquele Rei Artur de bigodes que fumava cigarrilhas no Casino do Estoril? Morreu, estará doente?), não posso deixar de pensar, também, na diferença de preços do nosso fiel amigo - o bacalhau. O que o Euro nos fez! Nunca mais foi o bacalhau a pataco... E, agora, até vem nórdico e loiro, da Noruega: lavadinho e asséptico. Há que temperá-lo com muito alho...
Com fraternos agradecimentos ao António.

Mercearias Finas 28 : Castas de uvas portuguesas


Proporcionalmente ao território, Portugal é, muito provavelmente, o país europeu que tem maior diversidade de castas de uvas autóctones. São mais de 150. Algumas, no entanto, em vias de extinção, muito embora a Herdade do Esporão esteja a levar a cabo um projecto de preservação de grande parte delas. Algumas castas são, geograficamente, de implantação regional, como é o caso da casta Baga, na Bairrada, ou do Alvarinho no Alto-Minho. Vamos referir, por curiosidade as mais importantes, para além das duas acima citadas.

Para vinhos tintos: Touriga Nacional (considerada a raínha das castas portuguesas), Tinta Roriz que, no Alentejo, dá pelo nome de Aragonez; Alfrocheiro, Jaen, Trincadeira, Touriga Franca, Rufete... Para vinhos brancos: Loureiro (no Minho), Viozinho (Douro), Arinto, Encruzado (Dão), Antão Vaz (Alentejo), Fernão Pires, Rabo de Ovelha... Imensas ficam, ainda, por referir.

Pelo menos, na enorme variedade de castas portuguesas, não somos um país pobre.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Palavras de Herculano, pelo seu aniversário


"...Portugal é um dos paizes da Europa, onde, graças à nossa antiga organização social e à natureza e condições das nossas industrias, as fortunas são por via de regra mediocres, a propriedade territorial mui dividida nas provincias mais populosas, e por consequencia os capitaes raros e os grandes capitaes raríssimos. Fallecem elles às applicações, não as applicações a elles. Se a essa limitada força de capitaes que possuimos faltasse o minotauro que os devora quasi todos. a agiotagem, quase sempre infecunda, com o governo e com os particulares, ainda restavam as necessidades das industrias fabril e agricola, às quaes por muitos annos não bastarão os que existem, sem que receiemos sirvam para perverter uma instituição quasi exclusivamente destinada às classes laboriosas e menos abastadas. ..."

Alexandre Herculano (1810-1877), in "Opusculos", Tomo I (1878), pgs. 175/6.

Indignai-vos!


Do jornal "Público" de hoje, reproduz-se a imagem e texto. Não seriam precisos comentários, mas eu diria apenas: - Indignai-vos, Cidadãos! Tratai da saúde destas ratazanas subterrâneas e inutéis à sociedade!

O Cinema em Casa III



Após o Cine-Romance, a Agência Portuguesa de Revistas começou a publicar A "Colecção Cinema", com capa e contracapa a cores, semanalmente às quintas-feiras, ao preço de Esc. 1$50. A edição foi bem recebida e, creio, que teve vida longa, nos anos 50 do séc. XX. Dos vários fascículos que tive, restam muito poucos. Em imagem, por agora, deixo dois. O filme "O Quinteto era de Cordas" contava, no elenco, com Alec Guinness e o jovem Peter Selers (o filme é de 1956), e foi estreado no Cinema S. Jorge. Quanto ao "Fúria de Viver", de Nicholas Ray, os actores principais eram James Dean e Natalie Wood. E é também do ano de 1956. Na contracapa o bónus colorido de Ava Gardner e a nossa "azougada" (como se dizia na época) Laura Alves.

Revivalismo Ligeiro XLIII : France Gall

domingo, 27 de março de 2011

O Baú dos Brinquedos 12


Hoje fomos a outro baú, o da menina, buscar brinquedos, por duas razões. A primeira, porque no baú do menino não havia bonecas. E do baú da menina já saíam manifestações de inveja e rancor perante tanta publicidade dada a brinquedos sem renome internacional. Esclarecemos, então, em que se baseia a pretensa superioridade da boneca acima reproduzida. Saída da famosa fábrica alemã Schildkröt, em meados dos anos cinquenta do século passado, ela pertence ao ramo das bonecas "Ursel" (i.e., Úrsula) que, actualmente, se vende por uns 150,00 euros. Aceitamos, pois, a justa reclamação.

Segunda razão. Parece ter havido, no baú do menino, um ursito chamado "Tinzinho dos pés rombos" (!) que, no entanto, não sobreviveu. Ora, no baú da menina encontra-se ainda, como se pode ver abaixo, um ursito mais ou menos perfeito. As mãos e os pés, gasto o feltro que os protegia, levaram uma nova cobertura, feita de propósito e em renda, para impedir que a palha saísse. Para não destoar ao lado da boneca Úrsula, colocou-se-lhe também uma fitinha ao pescoço. Assim vive o casalinho em harmonia, no baú da menina, como representantes do fabrico alemão de brinquedos dos anos cinquenta.


Post de HMJ

Citações LXII : 4 em 1


De uma entrevista, hoje, no jornal "Público", a Medeiros Ferreira (1942), político que não aprecio grandemente, retirei, no entanto, 4 citações que, particularmente, me agradam. Seguem:
1. de Karl Kraus (1874-1936)
- "Quanto mais vejo uma palavra de perto, mais ela me responde de longe."
2. do " Júlio César" de William Shakespeare (1546-1616)
- "Não temo (Marco) António porque ele é alegre, bon vivant, dorme bem e está satisfeito com ele próprio."
3. de Choderlos de Laclos (1741-1803)
- "Je suis mon ouvrage."
4. do próprio Medeiros Ferreira:
- "Não gostava muito do Saramago, nem como escritor nem como director do «Diário de Notícias», no entanto tive por ele uma grande admiração, pela capacidade de refazer um destino."

M. C. Escher - um mundo improvável



Maurits Cornelis Escher nasceu a 17 de Junho de 1898, em Leeuwarden (Holanda). Não foi grande aluno nas escolas por onde passou, mas teve um professor, Samuel Jerussen de Mesquita (descendente de judeus portugueses), na Escola de Arquitectura e Artes Decorativas de Harlem, que lhe predestinou e o encaminhou na carreira artística que, inicialmente, seria a de arquitecto. Assim, a xilogravura e a litografia acabaram por ser a sua forma de expressão artística predominante. Muito embora a sua obra resista à classificação ou integração em correntes definidas ou escolas dominantes. Escher é uma espécie de Magritte sem emoção visível, apenas mental ou, ainda melhor, intelectual, na sua frieza (aparente). Como se, nos seus trabalhos, tentasse, matemática e geometricamente, provar o impossível pelo traço dos seus desenhos, ou criar mundos que não podiam existir. Mas soube, também, aplicar à prática os seus jogos abstractos, quase sempre com hábil criatividade. Desde caixas de bolachas, painéis decorativos para o edifício da Câmara de Leiden ou para a Estação do Correio Central de Haia, até selos postais de grande originalidade (em imagem, numa emissão de 1949). M. C. Escher morreu em 27 de Março de 1972.

Singular colectivo


Aqui vai um grupo de substantivos colectivos, alguns conhecidos, outros menos, que no singular exprimem grupos plurais:
1. Adua - conjunto de cães em corrida;
2. Alcateia - grupo de lobos;
3. Cáfila - de camelos ou de negociantes do deserto;
4. Companha - tripulação de um barco de pesca;
5. Fio - de atuns;
6. Leva - de presos;
7. Réstia - de alhos ou cebolas atadas pela rama;
8. Vara - de porcos.

sábado, 26 de março de 2011

Comic Relief (26) : as megalomanias medíocres que nos governam o dia a dia

E assim vai o mundo... Repare-se na utilização abusiva do adjectivo "fantástico" e na pobreza da gesticulação repetitiva e monótona que, com certeza, não passou pelo Conservatório. Note-se o desnorte mental do discurso, a quantidade de páginas da cábula, os "estrangeirismos". Finalmente anote-se, à guisa de explicação, que futre tem o significado, em língua portuguesa, de: "Bandalho; homem desprezível; sovina." (Dicionário de Francisco Torrinha, pg. 595). Embora eu nada tenha contra o rapaz, actor principal deste vídeo. Nem contra o gel que usa no cabelo.

Viva a cóltura! Viva o Sporting! Viva o futebol! Viva Portugal!

com agradecimento amigo a C. S..

Interrogações de E. M. Cioran


"...Porque é que um tipo é um bom poeta, e outro não o é? Porque é que a sua poesia não resiste? Porque o que faz a origem dos actos, o que é profundo, não passa; é brilhante, é notável, é poético, mas sem mais. Porque é que um outro, que tem menos talento, é um poeta maior? Porque conseguiu transpôr algo que nos escapa, e que lhe escapa a si mesmo. Por isso é um fenómeno que permanece misterioso. ..."
E. M. Cioran, em entrevista ao Magazine Littéraire (Dezembro de 1994).

arte menor (4) : re-composição


Que lilaz te caberia na manhã?
de todo o negro da noite. Singular
exercício dos teus olhos
pelos arcos desertos onde a chuva

tão regular caía no granito.
Era tempo decerto
de visitar a adega, corrigir
os rótulos feridos pela água

desse Inverno.
Na idade em que faço,
como dono da casa que não sou,
arranjos de memória. Trago primas

doces à consolação dos anos pobres.
E nos ácidos limões é que envelheço.


Qlz. 91/93- Sb. 11

De uma forma muito simples

com agradecimentos a ms.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Adagiário XXXIII : Março (2)


1. Março liga a noite com o dia, Manuel com Maria, o pão com o mato e a erva com sargaço.
2. Podar em Março é ser madraço.
3. Temporã é a castanha, que por Março arreganha.
4. Nasce erva em Março, ainda que lhe dêem com um maço.

Claude Goudimel (1510-1572)


Claude Goudimel, compositor francês, que se tinha convertido ao Protestantismo, foi assassinado no massacre de S. Bartolomeu.

Pinacoteca Pessoal 8 : Lucas Cranach, o Velho


É um dos pintores renascentistas alemães preferidos por mim. Nascido por volta de 1470 (1472?), Lucas Sonder ou Lucas Cranach, o Velho, veio a falecer em 1553. Pertencia a uma família de pintores e o seu filho veio, também, a seguir a mesma carreira. Lucas Cranach passou grande parte da sua vida em Wittenberg sobre o Elba, mas o seu apelido (Cranach) terá vindo provavelmente, por deturpação, do local de nascimento: Kronach. Foi pintor oficial da corte do Eleitor da Saxónia, e amigo de Lutero, de quem fez vários retratos.

A sua pintura alguma coisa deve a Dürer e Grünewald. Mas o traço das suas mulheres jovens, esguias e elegantes, é inconfundível. A pele evanescente, os olhos amendoados, os rostos cuja expressão espelha malícia, se não perversidade, ou determinação, são a sua marca de água mais evidente.

Talvez a "Salomé" das Janelas Verdes (MNAA), seja o quadro que prefiro, de Lucas Cranach, mas já consta do arquivo do Arpose (19/7/2010). Por isso optei por esta "Vénus e Cupido" que se guarda num Museu de Berlim.

para H. N., pela atenta Amizade, e com gratidão.

Simenon : o "déjà vu"


"Acontece que, ao sonharmos, somos levados à fronteira de uma paisagem que, ao mesmo tempo, nos é estranha e familiar. Nada aí é semelhante a alguma coisa que conhecessemos na vida real mas, no entanto, alguma coisa começa a mexer na nossa memória, quase temos a certeza de ter vivido por lá, talvez de aí ter já passado num sonho precedente ou numa vida anterior. ..."
Georges Simenon, in L'horloger d'Everton.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Comic Relief (25) : portugueses indignados


Já o dizia Li Xun Tao, célebre pensador e estratega chinês, que " o Poder é apenas o espaço que medeia entre o tirano e o homem do povo que avança, para lhe dar um sopapo ou estrangulá-lo, com a força da revolta que lhe vai na alma".
Pois um grupo de portugueses indignados com as agências de ratos (=rating), em encontro efectuado, recente e clandestinamente, há poucos dias, decidiu atacar, na próxima semana, e por toda a Europa, as delegações da "Chapa zero & do Pobre" (Standard & Poor's), "dos Mal humorados" (=Moody's), do "Pêlo do Furão" (=Fitch), do "Homem Dourado e zás" (=Goldman Sachs), bem como todos os Tomazes pálidos e anoréxicos que encontrem pelo caminho, ou no interior dos gabinetes das referidas delegações. A estratégia, seguindo a teoria de Li Xun Tao, é defenestrar (como os portugueses, em 1640, fizeram a Miguel de Vasconcelos) estes tiranetes ou expulsá-los das delegações de ratos (=rating) à paulada, cacetada e bengalada. A medida e acção previstas, tomadas por estes portugueses indignados não é uma "jihad", mas apenas, e simplesmente, uma Cruzada económica e saneadora.
Notas:
1. a fotografia da imagem, e do grupo de portugueses indignados, foi tirada na penúltima reunião, que teve lugar em 8 de Março passado;
2. as traduções dos nomes das agências de rating, para português, foram feitas "à la Google", para evitar incómodos e trabalho ao tradutor mecânico oficial, do mesmo Google.

Mais um Tomás ...

Nas notícias nacionais e alemãs circula, hoje e de uma forma absolutamente acrítica, uma afirmação abusiva do "economista chefe" do Deutsche Bank, cuja imagem reproduzimos pela inefabilidade dos seus traços físicos. Arroga-se no direito de dar lições a um país soberano nestes termos: "Portugal devia ter aceitado, há muito, os créditos de emergência". (!)
Ora, o referido licenciado em economia ignora o "direito dos povos à autodeterminação", consagrado não apenas na Carta da ONU como, também, na Constituição da Alemanha, dando uma péssima imagem da sua preparação e das Relações Internacionais do Deutsche Bank.
Aconselhamos, no lugar próprio, ao Deutsche Bank que siga uma máxima:
"Aliquis non debet esse judex in propria causa", ou seja, não se deve ser juiz em causa propria.
PS: Relativamente a semelhanças como o outro Tomás - o dos Ratings - elas existem quanto ao apelido. Também na Alemanha existem nomes de famílias que remetem para a "geral". E o povo diz assim: "Mayer, Müller, Schmitz ..." quer dizer qualquer um ...
Post de HMJ

Porque o Quadro é bonito...


...aqui vai o convite. A exposição é na Galeria Arte Moderna e Contemporânea, na Rua Ivens, 38, em Lisboa.

Olhos violeta em tons castanhos


É uma simples curiosidade. Quando ontem tive notícia da morte de Elizabeth Taylor, ponderei se devia colocar um poste sobre o seu óbito, até porque era uma figura do Cinema que eu apreciava.
Mas como, pelo seu aniversário (27/2), recentemente, tinha destacado o facto, referindo a cor violeta que diziam ser a dos seus olhos, desisti da ideia, por achar excessivo 2 postes, em menos de um mês, sobre a mesma figura.
Qual não é o meu espanto ao verificar que, das cerca de 120 visitas de ontem, cerca de 1/3 se dirigiram a esse poste sobre Elizabeth Taylor!? E se seleccionar só as visitas provenientes do Brasil, então, o número dos (e das) que vieram aos "olhos violeta" sobe para 70%, quase. Pareciam abelhas e vespas volteando sobre marmelada, acabada de fazer, que secava ao sol.
Esta estandardização global preocupa-me. Culpa dos media? Talvez. Mas também de uma certa uniformização mental que vai atrás dos gritos e da primeira página. Sempre pensei, generalizando, que se não devia correr atrás da pressa dos outros, mas escolher os nossos próprios motivos e interesses. Mas a realidade não é essa. E Elizabeth Taylor não tem culpa, nem por ter olhos de tom violeta.
E por isso aqui deixo mais uma imagem da actriz, do filme "O Gigante", em que contracenou com James Dean. Paz às suas almas!

A ignorância é atrevida

Numa noite especialmente importante em termos de notícias, procurei saber o que os europeus pensavam de nós e, sobretudo, os alemães. No entanto, ocorreu-me que a Bélgica, sem governo há meses, aparece pouco nas notícias, sem justificação aparente. E já agora, quem levará o PEC belga ao próximo Conselho ? O seu presidente/residente na capital belga depois de sair de um "país da tanga" ?
Voltando ao essencial, entrei nas páginas de uma estação televisiva alemã - em epígrafe - que, prosaicamente, poderia ser uma "visão diária" sobre o Mundo se evitasse erros de palmatória.
Encontrei a notícia sobre a demissão do Primeiro Ministro de Portugal, remetendo para um "link" (Atlas Mundial) que guardava os disparates dos "outros" sobre "nós". Lembrei-me, de imediato, e sem me gabar de memória prodigiosa, que uma estação televisiva concorrente, a ZDF, incluíra, no passado remoto, Portugal na Espanha, como província ? Não sei que dizer. Crime de lesa-pátria não observado no mapa apresentado hoje pela Tagesschau.de
Ora, o referido atlas remete para informações sobre o respectivo país, citando como fonte o MNE alemão. Verifiquei que a Tagesschau copia, e mal, alguns dados, acerscentando outros, colocando-se, de forma imperdoável, em bicos-de-pé ao pretender traduzir "ao jeito da Google".
Assim temos:
1 - Republik (em alemão) passa para "Repblica Portuguesa", certamente para um insensível em termos linguísticos;
2 - o Feriado Nacional é dedicado a CAMES (!), facto que me fez saltar da cadeira para procurar uma edição de bolso, barata e acessível, já em 1879, da editora Reclam, dedicada ao poeta Camões;
3 - na tradução da sigla do partido CDU, o jornalista confundiu coligação com coligao (terá comprado antes um bolicão ?).
Honra seja feita, a redacção da Tagesschau, embora sublinhando que Portugal é o "país mais pobre de Europa Ocidental", reconhece a sua independência desde o século XII.
Não descansava devidamente se não enviasse, à redacção da Tagesschau, os melhores cumprimentos do país mais pobre, rectificando-lhes os erros crassos acima mencionados, em nome de uma Europa cultural e de virtudes humanísticos, com a autoridade que a vivência me tem ensinado.
Post de HMJ

quarta-feira, 23 de março de 2011

Favoritos XLIX : Juan Gris




Juan Gris (1887-1927), pseudónimo de José Victoriano Gonzalès, nasceu em Madrid, a 23 de Março. É, porventura, o meu pintor cubista preferido, embora no traço dos desenhos goste mais da mão de Picasso, pela sua sábia e escorpiónica destreza. Juan Gris chega a Paris com 19 anos - uma idade em que tudo parece possível, mesmo transformar o mundo... Traz consigo uma formação-base, de raíz científica, que imprimirá a toda a sua obra a marca do rigor, ou a sua tentativa, naquilo em que a Arte consente.
Paris está em plena efervescência modernista. Juan Gris faz a sua 1ª exposição no "Salon des Independents" de 1912 e, entretanto, vai ganhando a vida com desenhos satíricos que vai fazendo para l'Assiette au Beurre, Le Cri de Paris, le Charivari, etc.. Mais tarde fará cenários e projectos de roupa para os Ballets de Diaghilev (Juan Gris era um apaixonado pela dança). Mas cedo desiste pela sua incompreensão da desordenação artística da Companhia de Diaghilev.
A frágil saúde, acompanhadas de uma pleurisia e de asma, determinam a sua morte, a 11 de Maio de 1927.
para MR, estas guitarras de Juan Gris, numa parceria geminada com os jornais do Prosimetron.

O hara-kiri lusitano


Começa hoje. Dos nossos magníficos 7 samurais (6 partidos e um PR limitado, nos seus horizontes cerebrais). Afora os 3 "treinadores de bancada", obsoletos e perfeitamente inúteis para a democracia: PCP e BE, mais os Verdes parasitas e gritantes, restam mais 3. O PS que, canhestro, deu um tiro no pé, antes de o obrigarem ao hara-kiri. O CDS que está sempre pronto para usar o táxi dos 4 deputados - oxalá, nas próximas eleições antecipadas. E, finalmente, o inefável PSD, com o seu coelhinho tirado da cartola da JSD, directamente. Com boa voz, contudo, e muito bem colocada.
Leia-se o artigo de Teresa de Sousa - com quem mais uma vez estou de acordo - no "Público" de hoje, e que começa por imaginar "os donos da Europa" a dizer: "Mas aquela gente é louca. Nós, aqui, a fazer um esforço tremendo para encontrar uma solução que vá de encontro daquilo que eles precisam e eles dão um tiro na cabeça. ...", para completar o raciocínio do bom senso.
Não posso, no entanto, esquecer aquela frase do coelhinho PSD quando lhe perguntaram sobre o futuro de Portugal e ele respondeu: "...uma coligação alargada...". Ou não sabe fazer contas (PSD+CDS, são só 2), ou então é genial (Rui Rio+António Costa+ o "Independente" Portas - mas não creio que Passos Coelho queira, humildemente, ficar de fora...). Estrabão é que a sabia toda, sobre os lusitanos... Quanto ao presente PR, é meramente irrelevante e decorativo. Mas, se calhar o Barroso que faz anos hoje, e que se perfila à sucessão do Cavaco, deve ter dito ao Coelho: "Força!, arruma com eles, de uma vez por todas! Porreiro, pá!"; e lá voltou, esfregando as mãos, ao seu gabinete da Presidência irrelevante da CEE, todo contentinho de si.

(Uma) Osmose (14): diferente ( e tolstoiana)

Às vezes, atravessam-se-nos coisas diferentes vindas de partes diversas, como se houvesse um comum-colectivo que, por um pequeníssimo pormenor, nos une. Ou talvez, apenas, porque ouvimos uma frase que esquecemos no turbilhão do dia mas, à noite, regressa, intensa e insistente, percutiva, no silêncio, à nossa memória. ( Começa agora a Osmose:)
Havia nela um medo escondido, apesar da coragem, da frontalidade e do desassombro. E, também, da beleza. E, há que dizê-lo, em benefício de inventário: um passado, um tímido ideal muito discreto, e um futuro. Felizmente, quase sempre, há uma criança esquecida e silenciosa, dentro de nós. Que pode invocar os seus direitos, aliás, legítimos.
para Miss Tolstoi.

Ara e Rosa


Por informação de um Blogue amigo (Briefe an Konrad), que frequento, tomei conhecimento da morte, no passado dia 21 de Março de 2o11, de Aracy Moebius de Carvalho (Guimarães Rosa), já centenária, pois tinha nascido em 1908, no Brasil, filha de mãe alemã. Casou em segundas núpcias com o grande escritor brasileiro João Guimarães Rosa, para quem também foi o seu segundo casamento. Tinham-se conhecido em Hamburgo, onde Rosa era cônsul do Brasil, durante a II G. Guerra, e ela funcionária do Consulado. Viveu discreta, mesmo depois da morte do Escritor, subitamente, em 1967. Mas teve uma acção fundamental no salvamento e saída de muitos judeus, por continuar a dar vistos, mesmo depois duma directiva do Governo Brasileiro, que os proibia. Em menor escala, como Aristides de Sousa Mendes. Quando Guimarães Rosa se apercebeu do facto, apoiou a atitude de Aracy. O Escritor dedicou-lhe a sua obra Grande Sertão: Veredas, com as palavras: "A Aracy, minha mulher, Ara pertence este livro".

Toponímica, segundo David Lopes


David Melo Lopes (1867-1942) foi um dos maiores arabistas portugueses. Do seu livro "Páginas Olissiponenses" (1968), organizado por Fernando Castelo-Branco, damos o significado, ou explicação de algumas palavras, de origem árabe, que entraram na toponímia portuguesa. Segue:

1. Alcântara - a ponte; Alcoentre significa, em árabe: ponte pequena.
2. Alfama - fonte térmica; segundo escritos árabes, Lisboa tinha várias fontes termais.
3. Almada - a mina; nas margens do Tejo, em tempos recuados, garimpava-se ouro.
4. Alvalade - o palácio, o paço.
5. Borratém - (ber atten): poço da figueira.
6. Xarca - era chamada à Rua do Forno do Tijolo. Do árabe "Axacca" que significava " fenda" ou pequeno vale entre colinas.

Joan Crawford


Nascida a 23 de Março de 1905, Lucille Fay LeSueur adoptou como nome artístico: Joan Crawford. Tem vasta filmografia e obteve um Óscar, em 1945, com Mildred Pierce. É também a actriz principal do filme da vida de João Bénard da Costa: Johnny Guitar. Optei para iconografia 2 imagens de colecções dos anos 50. Uma naïf, de uma colecção de caramelos. Outra, mais sofisticada, da Agência Portuguesa de Revistas. Joan Crawford morreu em 1977.

terça-feira, 22 de março de 2011

Leituras Antigas XXIX : Búfalo Bill



A colecção, que tenho completa, era composta por 10 fascículos, de 32 páginas cada, e data do final dos anos 50 do século passado. É obra da Fomento de Publicações, Lda., situada na Rua Capelo, 26-2º, em Lisboa. Todos os números têm capas sugestivas de Vitor Péon (1923-1991). Os fascículos eram em prosa, sem imagens, mas nas contracapas, e até ao nº 8, havia um bónus de BD, intitulado "Lucky Logan - o discípulo de Búfalo Bill". Os fascículos custavam Esc. 2$50 cada, e eram impressos na Gráfica Santelmo, Rua de S. Bernardo, 84, em Lisboa.

Jean Baptiste Lully

Jean-Baptiste Lully morreu em 22 de Março de 1678.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Bibliofilia 43 : literatura "light" no séc. XVIII



Já, por aqui, falei de José Daniel Rodrigues da Costa (1757-1832) que teve o nome arcádico de Josino Leiriense por ter nascido nas proximidades de Leiria. Tem obra vasta que publicou em folhetos e fascículos, alguns editados semanalmente, outros, de mês a mês. Tinha muitos leitores que apreciavam o seu tom chocarreiro, divertido, "light" - como hoje pulula, feito por senhoras e senhores que aproveitam a publicidade que as revistas róseas lhes fazem. Outros que usufruem do facto de aparecerem, frequentemente, nas televisões. Não importa muito a qualidade do que escrevem, mas sim aparecerem muito...
Rodrigues da Costa era pouco culto, a sua poesia é medíocre, mas a sua imaginação era muita e produzia em quantidade, até porque lho exigiam os seus sôfregos leitores. Mas devia ser um homem honesto, que se indignava muitas vezes com os desmandos da sociedade portuguesa. Em poesia, trabalhava por circunstância (como hoje, também, ainda se faz) e fazia algumas cedências ao Poder instituido. É o caso deste folheto de regozijo pelo restabelecimento do príncipe D. José.
O folheto foi editado em 1789 e custou-me, por volta de 1980, Esc. 1.500$00 (cerca de 7,50 euros). Não sei se é raro, mas não será frequente. A fragilidade dos folhetos e a fraca qualidade do papel usado, nas impressões, não auguravam grande longevidade a estas pequenas obras. Actualmente, pequenas peças deste tipo são vendidas por cerca de 25,00 euros, dependendo do estado em que se encontram, da raridade, e do autor.

Poesia, no dia d' Ela


Quando sinto de noite
o teu calor dormente
e devagar
para que não despertes
digo: cedro azul,
terra vegetal,
ou só
amor, amor;
quando te acaricio
e devagar
para que não despertes
tomo na mão direita
as duas fontes, iguais, da vida,
procuro a nascente
e adormeço
nela essa mão depositando.

António Osório (1933), in O Lugar do Amor (pg.17),1981.

Os critérios da Bolsa de Arte, em Portugal


Por razões muito particulares procurei, hoje, no Google, imagens da obra escultórica de José Rodrigues. Boçalmente, por cada 1 dessas imagens, que eu procurava, apareciam-me 9 com o rosto e nariz atrevido do pivot José Rodrigues dos Santos. Em vez da face barbuda e circunspecta do escultor José Rodrigues (1936) que, nascido em África, vive no Porto, discretamente, e não aparece, felizmente, nesta TV bacoca lusitana. Nem escreve best-sellers deprimentes.

Igor Stravinsky "The Rite of Spring" - Béjart


para MR.

Primavera


Diotima

És linda como haver Morte
depois da morte dos dias.
Solene timbre do fundo
de outra idade se liberta
nos teus lábios, nos teus gestos.

Quem te criou destruiu
qualquer coisa para sempre,
ó aguda até à luz
sombra do céu sobre a terra,

libertadora mulher,
amor pressago e terrível,

Primavera, Primavera!

Alberto de Lacerda (1928-2007)

domingo, 20 de março de 2011

O Baú dos Brinquedos 11


Hoje apresentamos um objecto que não é propriamente um brinquedo. Segundo as indicações do seu proprietário, o "pássaro bisnau" servia para encher de amêndoas, pela Páscoa. Desenroscava-se-lhe o pescoço, enchia-se de amêndoas e, assim. servia de oferta, dos padrinhos, aos seus afilhados. O nosso "pássaro bisnau" já tem o pescoço colado. Coitado ! Já não pode receber amêndoas. Mas serve, na perfeição, para enfeitar uma prateleira, fazendo companhia discreta aos livros.
Post de HMJ

Barbra Streisand, para saudar a Primavera


A. de Almeida Mattos : uma escolha pessoal


É porventura um poema insólito, mas, ao mesmo tempo, um dos mais singulares e de que mais gosto, nesta recolha recente do livro A Ilusão do breve, de António de Almeida Mattos:

para L.

Mobilizar recursos, inovando
para criar valor e em parceria,
em tanto que possível, no percurso,
manter a garantia de estimar:
taxa bruta anual a evoluir,
a erosão das margens unitárias.
Gerir a integração dum capital
em diária e cuidadosa aplicação.
Atento a indicadores, reinvestir
no valor por acção. E melhorar
no competir, mantendo a posição
de usura, de aforro, de energia
na incorporação, no expandir.
Usando a mais valia da ternura.

Para um mini-zoo vimaranense





Aqui vai mais uma contribuição do Arpose, ainda bastante incompleta, para a memória deste mini-zoo vimaranense que nos fez companhia, algum tempo. Desta vez, os garnisés de crista: o branco e o preto. E os patos no pequeno tanque. Ficaram de fora periquitos, 4 pequenos cães de raça de patas muito mimosas e diversas aves, catatuas por exemplo que abundavam no aviário.